Com a saída dos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Fernando Azevedo e Silva (Defesa) nesta segunda-feira (29), já chega a 14 o número de mudanças no comando dos ministérios do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O chanceler entregou seu cargo em reunião com o presidente após sofrer pressão para deixar a pasta vinda do Senado e da Câmara. Já o líder ministerial das Forças Armadas foi destituído horas depois.
Relembre algumas das mudanças que já foram feitas nos ministérios
Eduardo Pazuello (Saúde)
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A mais recente delas era a do general Eduardo Pazuello, que deixou o comando do Ministério da Saúde para dar lugar ao cardiologista Marcelo Queiroga. O militar já vinha passando por um desgaste desde o ano passado, quando foi desautorizado por Bolsonaro na compra da CoronaVac, vacina produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac Biotech. A chegada do imunizante ao Brasil é diretamente atribuída ao governador João Doria (PSDB), potencial adversário do presidente em 2022.
A situação de Pazuello, no entanto, piorou depois que testes ficaram próximos a vencer em dezembro do ano passado por estarem represados em um galpão em São Paulo, pela demora na compra de vacinas contra a Covid-19 e pela confusão na distribuição de doses para o Amapá e o Amazonas.
Marcelo Álvaro Antônio (Turismo)
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Outro que deixou o cargo foi Marcelo Álvaro Antônio. A troca na pasta do Turismo ocorreu em meio à discussão entre ministros e a aproximação de Bolsonaro com o Centrão. No grupo de WhatsApp dos ministros do governo, Marcelo Álvaro Antônio acusou o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, de negociar o comando de sua pasta, o Ministério do Turismo, com o Centrão.
No dia seguinte, os dois se encontraram em frente ao gabinete de Bolsonaro e discutiram novamente. No mesmo dia, o ministro do Turismo foi demitido pelo presidente. Apoiador de Bolsonaro desde a pré-campanha, em 2018, Gilson Machado deixou a presidência da Embratur e assumiu o comando do Turismo.
Carlos Alberto Decotelli (Educação)
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Um mês após substituir Abraham Werintraub, Carlos Alberto Decotelli renunciou ao comando do Ministério da Educação sem nem ter sido empossado formalmente. Indicado pelo presidente pela ala militar do governo, Decotelli deixou o cargo em 30 de agosto, dando lugar a Milton Ribeiro.
O motivo da renúncia foram inconsistências em seu currículo, uma vez que as Universidades de Rosário, na Argentina, e de Wuppertal, na Alemanha, desmentiram que o ex-ministro tivesse concluído seus programas de doutorado e pós-doutorado nas instituições.
Abraham Weintraub (Educação)
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Antecessor de Decotelli em um dos representantes da ala ideológica do governo federal, Abraham Weintraub pediu demissão do Ministério da Educação após entrar em conflito direto com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Na reunião ministerial de Bolsonaro em 22 de abril, o então chefe da pasta disse que os integrantes da Corte eram "vagabundos" que deveriam ser presos.
Em junho, o ex-ministro também participou de protesto antidemocrático pedindo o fechamento do Supremo e do Congresso. Por causa da fala, ele entrou para o inquérito das fake news e dos atos antidemocráticos do STF. Após 14 meses no cargo, sua situação ficou insustentável e Bolsonaro o demitiu, indicando Weintraub para um cargo no exterior no Banco Mundial.
Nelson Teich (Saúde)
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O médico Nelson Teich assumiu após a saída de Luiz Henrique Mandetta, mas ficou somente um mês no cargo. O motivo principal de sua demissão foi o desencontro entre o que ele e o presidente Jair Bolsonaro defendiam durante o enfrentamento da pandemia.
À época de sua demissão, Teich foi pego de suspresa com um decreto de Bolsonaro que tornava academias, salões de beleza e cabeleireiros como serviços essenciais. Na ocasião, o então ministro participava de uma coletiva do Ministério da Saúde e, ao ser questionado por jornalistas, ele disse que a decisão não passou pela pasta e que Bolsonaro não chegou a consultá-lo.
Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública)
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Aliado de Bolsonaro desde o início do governo, Sergio Moro deixou o governo após tentativa de intervenção do presidente na Polícia Federal (PF). O descontentamento de Moro começou quando Bolsonaro exonerou o então diretor-geral da PF Maurício Valeixo.
No mesmo dia da publicação da demissão de Valeixo no Diário Oficial da União, Moro convocou uma entrevista coletiva e pediu demissão. Antes de anunciar sua saída, ele acusou o presidente de intervir no comando da PF por motivos pessoais. Segundo o ex-ministro, não era a primeira vez que o chefe do Executivo mostrava motivações políticas para as trocas.
Luiz Henrique Mandetta (Saúde)
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Luiz Henrique Mandetta foi ministro desde o início do governo Bolsonaro, mas foi demitido meses após se tornar antagonista do próprio Bolsonaro na defesa de medidas de enfrentamento à pandemia da Covid-19. Por seu posicionamento firme na defesa da ciência, Mandetta ganhou popularidade na sociedade, o que, por sua vez, incomodou Bolsonaro.
A rivalidade foi aumentando ainda mais à medida que dois discordavam. Enquanto o presidente menosprezava o perigo do novo coronavírus (Sars-CoV-2), defendendo que a economia deveria ser a prioridade e desrespeitando o isolamento social, Mandetta seguia as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e aconselhava o uso de máscaras e distanciamento. O ex-ministro foi demitido em 16 de abril.