Bolsonaro e ministro das relações exteriores, Ernesto Araujo
Bolsonaro e ministro das relações exteriores, Ernesto AraujoValter Campanato/ABr
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O governo federal promoveu mudanças no comando de seis ministérios somente nesta segunda-feira (29). São eles: Ministério da Defesa, Ministério das Relações Exteriores, Ministério da Justiça e Segurança, Casa Civil da Presidência da República, Secretaria de Governo da Presidência da República e Advocacia-Geral da União.
As informações foram confirmadas pela Secretaria Especial de Comunicação Social do Ministério das Comunicações.

Veja quem assume as pastas:

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Casa Civil da Presidência da República: General Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira;
Ministério da Justiça e Segurança Púbica: Delegado da Polícia Federal Anderson Gustavo Torres;
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Ministério da Defesa: General Walter Souza Braga Netto;
Ministério das Relações Exteriores: Embaixador Carlos Alberto Franco França;
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Secretaria de Governo da Presidência da República: Deputada Federal Flávia Arruda;
Advocacia-Geral da União: André Luiz de Almeida Mendonça.
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Nesta segunda-feira, Araújo se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para entregar seu cargo. Araújo passou pouco mais de 800 dias à frente do Itamaraty e vinha sendo contestado dentro e fora do governo.
A pressão sobre Ernesto aumentou neste domingo, depois que o ministro acusou a senadora Kátia Abreu (Progressistas-TO) de fazer lobby de chineses durante almoço com ele no Itamaraty. Com o gesto, ele forçou novo embate entre o governo Bolsonaro e o Congresso Nacional. Presidente da Comissão de Relações Exteriores, a senadora disse que apenas defendeu que não haja discriminação à China no leilão do 5G e chamou o ministro de "marginal". Ela recebeu apoio expressivo de congressistas que já cobravam a demissão de Ernesto.
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A tese dos interesses chineses por trás da queda de Ernesto Araújo já vinha sendo apontada nos bastidores por aliados do ministro no governo e por militantes conservadores nas redes sociais.
A declaração do ministro, no Twitter, foi interpretada como gesto "suicida" por diplomatas, e uma forma de construir uma versão para justificar sua saída do cargo. Parlamentares e diplomatas avaliam que o ministro teve apoio do clã Bolsonaro nessa contra-ofensiva. Ele tem apoio público do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o filho do presidente que mais interfere na política externa.
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Já o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, comunicou por meio de nota oficial divulgada pela assessoria que deixa a pasta. Azevedo destacou que deixa o cargo com a "certeza de missão cumprida".
No comunicado, Azevedo agradeceu ao presidente Jair Bolsonaro e reforçou sua lealdade ao chefe do Executivo. Na nota, não fica claro se Azevedo pediu demissão do cargo ou se foi demitido. Também não é detalhado no texto o motivo para sair do cargo. "Agradeço ao Presidente da República, a quem dediquei total lealdade ao longo desses mais de dois anos, a oportunidade de ter servido ao País, como Ministro de Estado da Defesa. Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado", informou.
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Fernando Azevedo também ressaltou que as Forças Armadas "nunca mediaram esforços" para responder às necessidades da população. "O meu reconhecimento e gratidão aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, e suas respectivas forças, que nunca mediram esforços para atender às necessidades e emergências da população brasileira. Saio na certeza da missão cumprida", relatou.
No Ministério da Justiça, Bolsonaro trocou André Mendonça, que volta a comandar a AGU, seu antigo cargo, e colocou no lugar o delegado da Polícia Federal Anderson Torres. Até então secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Torres havia sido cotado para assumir a diretoria-geral da Polícia Federal em ao menos três oportunidades, e agora deve assumir um cargo hierarquicamente superior. Ele é próximo da família do presidente.

As outras mudanças foram apenas de nomes que já integravam o governo e foram realocados: o general Walter Braga Netto assume o Ministério da Defesa e o general Luiz Eduardo Ramos vai para o seu lugar, na Casa Civil, abrindo a vaga para Flávia Arruda na Secretaria de Governo.
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Bolsonaro confirmou a nomeação da deputada Flávia Arruda (PL-DF) como ministra da Secretaria de Governo, responsável pela articulação política do Palácio do Planalto com o Congresso.
A deputada é próxima ao presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (Progressistas-AL), que na semana passada cobrou uma mudança de postura do governo federal no enfrentamento da pandemia. Na ocasião, alertou que a declaração era um "sinal amarelo" do Congresso ao chefe do Executivo e, sem citar o impeachment, disse que o Legislativo possui "remédios políticos amargos", alguns "fatais".
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No mês passado, Bolsonaro já havia acomodado um nome do Centrão no governo, com a nomeação de João Roma (Republicanos-BA) no Ministério da Cidadania.

As trocas ocorrem no momento mais agudo da pandemia de covid-19 no País, com recordes diários de mortes pela doença e colapso na rede de saúde de diversas cidades. Ao mesmo tempo, pesquisas apontam queda na popularidade do presidente.
 
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*Com informações do IG e Estadão Conteúdo 
 
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