Ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, durante sessão da CPI
Ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, durante sessão da CPILeopoldo Silva/Agência Senado
Por O Dia
Rio - O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello presta depoimento à CPI da Covid no Senado, nesta quinta-feira (20), pelo segundo dia consecutivo. Em alguns momentos da oitiva, as declarações prestadas pelo general divergem de falas que ocorreram durante a sua gestão à frente do Ministério da Saúde. Após desgastes, ele deixou o cargo em março deste ano. Confira a comparação entre os discursos de Pazuello. 
Em depoimento à CPI nesta quarta-feira (19), o ex-ministro disse que não houve intervenção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na compra da vacina CoronaVac, produzida pelo instituto em parceria com a chinesa Sinovac. "Nunca o presidente da República me mandou desfazer qualquer contrato, qualquer acordo com o Butantan, em nenhuma vez. Gostaria de colocar aqui uma coisa aqui diretamente, ou por documento ou por qualquer um", contou o general. 
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Em outubro, Bolsonaro afirmou que mandou cancelar o documento de intenções de compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, que foi divulgado no dia anterior por Pazuello em uma reunião com governadores. No dia seguinte, o então ministro apareceu ao lado do mandatário em um vídeo, divulgado nas redes sociais, dizendo que era "simples assim, um manda e o outro obedece".
Por sua vez, o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, desmentiu, nesta quarta-feira, a afirmação feita por Pazuello na CPI. "Com a declaração do Pazuello, ele que tem que responder. Nós tivemos dificuldade na assinatura do contrato. Esse contrato foi assinado no dia 7 de janeiro deste ano, sendo que a primeira proposta foi em julho do ano passado. Então, é só fazer as contas e nós temos aí um pouco mais de seis meses, um contrato que não foi assinado, embora tenha sido proposto no meio do ano passado".
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TrateCov
Durante a oitiva na Comissão do Senado nesta quarta-feira (19), Pazuello afirmou aos senadores que o TrateCov, aplicativo que recomendava o tratamento precoce com remédios sem eficácia comprovada contra o coronavírus, teria sido mostrado em Manaus, no Amazonas, somente como um protótipo ainda em desenvolvimento.
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Porém, à época, o então ministro da Saúde deu declarações sobre sobre o lançamento do portal já pronto para a utilização. O lançamento do software chegou a ser mostrado em reportagens da TV Brasil.
"Hoje vai ser lançada uma plataforma. A Mayra vai falar sobre a plataforma, que vai permitir que o próprio prefeito cobre o protocolo de atendimento. É uma plataforma com o protocolo e o protocolo vai nos dar mais de 85% de acerto. Tá bom, né? Mais a capacidade do médico, chegamos em 100%", anunciou Pazuello em evento em Manaus, no dia 11 de janeiro.
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Diferentemente da fala do início do ano, no seu depoimento da CPI, Pazuello falou que o TrateCov era uma ferramenta que ainda não tinha sido finalizada. "Essa plataforma foi mostrada no dia 11 em Manaus, em desenvolvimento. Não concluída ainda, era um protótipo. E essa plataforma não foi distribuída aos médicos", disse o ex-ministro.
O general disse, ainda, que a plataforma foi copiada por uma pessoa mal intencionada e que, por isso, o Ministério da Saúde chegou a fazer um boletim de ocorrência. O ex-ministro garantiu que foi um rapaz quem divulgou o aplicativo. “Esse cidadão fez a divulgação da plataforma, que foi copiada. Quando soube que poderia ser usada por pessoas que não eram de dentro do planejado, determinei que ela fosse tirada do ar”, afirmou ele na CPI.
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Crise em Manaus
Na sessão da CPI nesta quarta-feira, o ex-ministro da Saúde voltou a dizer que só foi informado sobre os problemas de fornecimento de oxigênio em Manaus no dia 10 de janeiro. No entanto, ao tentar fazer novamente um esclarecimento sobre o assunto, Pazuello lembrou que, no dia 7 de janeiro, o secretário de Saúde do Estado ligou para ele, em seu telefone pessoal, para pedir ajuda no transporte de cilindros de oxigênio de Belém para Manaus, que iriam para o interior do Amazonas. Apesar disso, o ex-ministro afirmou que somente no dia 10 foi colocado a ele de "forma clara" sobre a crise.
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Segundo o Broadcast/Estadão, em depoimento à Polícia Federal em fevereiro, Pazuello mudou a versão do governo e disse que não soube do colapso no fornecimento de oxigênio no dia 8 de janeiro, como a Advocacia-Geral da União (AGU) havia informado ao Supremo Tribunal Federal (STF) anteriormente.
Por outro lado, o ex-ministro também disse à CPI que no dia 8 de janeiro já se iniciou o transporte aéreo de oxigênio para Manaus. "Todas as ofertas de entrega de oxigênio, eu aceitei todas". "Demanda da White Martins só entrou na lógica do que estava sendo feito", respondeu o ex-ministro sobre a demanda feita pela empresa, alegando ainda que demonstrou interesse no avião ofertado pelos Estados Unidos para transportar oxigênio. 
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Medidas preventivas
O general também respondeu aos senadores na CPI que sempre defendeu medidas preventivas para enfrentamento da pandemia, como uso de máscara, limpeza das mãos e "afastamento social necessário". "Deveríamos fazer medidas de distanciamento sempre que possível", disse. No entanto, em julho passado, Pazuello disse que não cabia ao governo federal executar ou se pronunciar sobre medidas de distanciamento social durante a pandemia.
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Pazuello tentou justificar, afirmando que, no momento em que foi fotografado, estava a caminho de um quiosque para comprar uma nova máscara. Segundo a versão do ex-ministro, ele levou o equipamento ao shopping, mas que a máscara teria ficado inutilizável ao ser "pisada" dentro do carro.
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Acompanhe a sessão ao vivo: