Imagens mostram que artefato foi atirado na direção de pessoas que deixavam o prédio do STFReprodução/TV Globo

Imagens inéditas mostram que Francisco Wanderley Luiz, autor do ataque contra o Supremo Tribunal Federal (STF) na última quarta-feira (13), quase atingiu um grupo de pessoas em uma das explosões que provocou em frente ao prédio. As imagens foram reveladas na noite deste domingo, 17, pelo programa "Fantástico", da TV Globo.

Nas gravações disponibilizadas até então, era possível ver que um segurança abordou o autor do ataque, também conhecido como Tiü França, antes de ele arremessar duas bombas contra o STF e, em seguida, se explodir na Praça dos Três Poderes.
O novo ângulo de vídeos disponibilizados pelo Supremo mostra que um grupo de funcionários e seguranças que deixava o STF após a sessão quase foi atingido pela segunda bomba arremessada. Houve correria, e as pessoas retornaram para dentro do prédio.
Imagens mostram que artefato foi atirado na direção de pessoas que deixavam o prédio do STF - Reprodução/TV Globo
Imagens mostram que artefato foi atirado na direção de pessoas que deixavam o prédio do STFReprodução/TV Globo


O sistema de monitoramento de segurança do STF, instalado depois do 8 de Janeiro, composto de mais de 400 câmeras capazes de identificar ameaças, emitiu um alerta com a chegada de Tiü França, segundo a TV Globo.

Marcelo Schettini, secretário de Segurança do Supremo, afirmou que o tipo de vestimenta e a forma com que Tiü França se portava levantaram suspeitas do sistema. Debaixo de chuva, à noite, ele chegou a se abaixar e mexer em sua mochila.

O corpo de Tiü França passou toda a noite na Praça dos Três Poderes. Um robô desarmador de bombas foi o primeiro a chegar ao cadáver, para retirar o dispositivo usado para acionar os explosivos.

O criminoso espalhou outras bombas pela região, além de uma espécie de emboscada na quitinete que alugou na Ceilândia, periferia do Distrito Federal. Ele deixou um explosivo na gaveta do imóvel, que provocou uma forte explosão quando um robô antibombas foi usado para abrir o compartimento. Para a Polícia Federal, Tiü França premeditou o ato ao montar uma armadilha para agentes que fariam a perícia no imóvel.
Incêndio na casa do autor do ataque
A Polícia Federal (PF) vai investigar o incêndio que aconteceu neste domingo (17), na casa de Francisco Wanderley Luiz, o homem que morreu na noite da última quarta-feira (13), em Brasília, ao detonar explosivos na Praça dos Três Poderes. Às 6h57, a equipe do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina foi acionada para o atendimento da ocorrência em Rio do Sul (SC), onde residia Francisco.

O local foi isolado e os bombeiros realizaram perícia no local para apontar as causas do incêndio. O laudo deverá ser divulgado em alguns dias, com prazo máximo de 30 dias.

De acordo com a corporação, Daiane Dias, ex-mulher de Francisco Wanderley Luiz, havia sido retirada da residência por populares e apresentava queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus em 100% do corpo. Ela foi atendida, estabilizada na ambulância e conduzida ao pronto socorro do Hospital Regional Alto Vale pelos bombeiros.

No local, os militares verificaram que o fogo já havia destruído parcialmente a residência de 50 metros quadrados. A equipe, então, controlou as chamas e fez o rescaldo, para apagar todos os focos remanescentes.

Explosivos

Artefatos explosivos foram encontrados na casa onde Francisco estava hospedado, há quatro meses, em Ceilândia, região administrativa a cerca de 30 quilômetros do centro de Brasília, e em um carro no estacionamento próximo de um prédio anexo da Câmara dos Deputados.

A PF investiga as explosões como ato terrorista e apura se o chaveiro agiu sozinho ou recebeu algum tipo de apoio.

Francisco foi candidato a vereador pelo PL em Rio do Sul, cidade catarinense do Alto Vale do Itajaí, nas eleições de 2020. Em entrevista à TV Brasil, um de seus irmãos disse que ele estava obcecado por política nos últimos anos, participou de acampamentos em rodovias contra a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e estava com comportamento irreconhecível.

Para o ministro do STF Alexandre de Moraes, o atentado teve como fonte de estímulo à polarização política instalada no país nos últimos anos e o "gabinete do ódio", montado durante o governo do presidente Jair Bolsonaro. O presidente da Suprema Corte, Luís Roberto Barroso, também afirmou que as explosões ocorridas na frente da sede do tribunal revelam a necessidade de responsabilização de quem atenta contra a democracia.

Moraes foi escolhido por Barroso para ser o relator do inquérito que vai apurar as explosões. A escolha foi feita com base na regra de prevenção, pois Moraes já atua no comando das investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
*Com informações do Estadão Contéudo