Don Quixote feito em Búzios é uma das obras danificadas durante ataque terrorista em BrasíliaSabrina Sá (RC24h)
Don Quixote feito na Região dos Lagos é uma das obras danificadas durante ataque em Brasília
"Foi como se tivesse danificado um filho meu", lamentou o artista de Búzios que fez uma nova peça para ser enviada ao STF
No início deste mês, durante um ato terrorista antidemocrático, invasores danificaram diversas obras de arte valiosíssimas e exclusivas que estavam nas sedes dos três poderes, em Brasília. Uma dessas peças únicas, era um Don Quixote feito em Búzios, município da Região dos Lagos, pelo artista Carlos Sisternas.
A obra de cerca de 2 metros feita em cobre pelas mãos do escultor estava no Supremo Tribunal Federal e foi amassada durante a invasão. Ela reproduz o tradicional Troféu Dom Quixote, que desde 1999 é entregue às personalidades do mundo jurídico que se destacam em defesa da ética, da Justiça e dos direitos da cidadania e foi um presente do Instituto Justiça & Cidadania, passando a compor o acervo permanente da Corte.
O capixaba, que já recebeu título de cidadão honorário de Búzios, disse que em cada peça dessa é única e chama sua forma de trabalho de “comunicação de expressão volumétrica”, que segundo ele, trabalha com as mãos, cabeça e coração. Por isso cada uma tem a própria identidade.
“Quando eu soube que eles amassaram foi como se tivesse danificado um filho meu”, lamentou o artista.
Ele conta ainda, que tem peças espalhadas por vários países como Canadá, Espanha, França, Itália e isso nunca aconteceu antes.
“Eu apelido eles carinhosamente como ‘mensageiros da paz’. Eu não consigo imaginar a mentalidade de uma pessoa que faz uma coisa assim, eu não consigo entender”, disse.
Por conta da avaria, o Instituto encomendou uma nova obra para o Sr. Carlos. Esta foi produzida em um prazo curto de 15 dias e seguiu rumo à Brasília nesta quinta-feira (26). O artista conta que trabalhou todos os dias até 2h da manhã para entregar o novo Don Quixote, que tem um esqueleto firme no interior feito com ferro encapado com tubo de cobre para dar firmeza.
“Isso é uma missão que Deus me deu e Eu fico muito satisfeito. O dinheiro acaba, mas a pessoa admirar e elogiar, essa é que a grande riqueza”, disse Carlos, ainda um pouco ofegante depois de ter embalado a nova escultura.
O artista, que não se limita apenas a esculturas frequentes, já teve ateliê em Manguinhos, mas agora fabrica as obras em sua própria casa na Rasa, estampando vitrines, galerias, espaço de artes, como o Zanine e participando de eventos da cidade, onde tem esperança de criar uma exposição em breve. Para conhecer o trabalho, basta acessar o instagram @carlossisternas.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.