Hemorragia Rede social
Segundo relato, tudo começou no dia 4 deste mês, quando Giseli tinha uma consulta agendada com um médico do posto Oswaldo Cruz, para marcar a cirurgia. Contudo, sentiu muitas dores e teve hemorragia intensa, então foi encaminhada para o Hospital Municipal da Mulher. “Me levaram de cadeira de rodas, porque eu não estava aguentando nem andar. Chegando lá, o médico mandou me internar”, disse.
Giseli conta que permaneceu internada na unidade por seis dias, sendo mandada para casa – sem a realização da cirurgia da qual necessita. O médico do posto até teria prometido um encaixe para o procedimento, mas nada foi feito.
No dia seguinte de sua liberação, Giseli recebeu um encaminhamento para a realização de uma ressonância, da qual ela conseguiu fazer e aguarda o resultado. Contudo, no meio tempo em que espera, na segunda-feira (15), a paciente apresentou outra hemorragia e muitas dores, sendo mais uma vez necessário buscar atendimento no Hospital Municipal da Mulher.
“Quando sinto [isso], parece que estou tendo um filho”, disse a mulher. E mesmo com a intensidade das dores, Giseli denuncia que teve que lidar com um atendimento grosseiro por parte do médico.
“Aí o médico olhou para minha cara, falou que só ia me atender pra ele não ser omisso de atendimento. Mas porque ali não era o hospital da mulher. Ali era uma maternidade”, relatou Giseli. Ela prontamente contestou, reafirmando a identidade do local: “Não. Aqui é um hospital da mulher, que até que me prove o contrário. Está escrito lá fora. Hospital Municipal da Mulher. É uma maternidade, sim. Mas também tem que tratar casos de mulher. Seria o meu caso”, declarou.
Giseli relata que apenas conseguiu ser internada na unidade após tratativas entre seu marido e o profissional, pontuando que já não aguenta mais esse “vai e volta” de hospital, principalmente porque já “está com todo o risco cirúrgico em mãos”.
“Porque eu fico nesse vai e volta, vai e volta de hospital e ninguém resolve nada. Já estou com todo o risco cirúrgico em mãos, né? Por devido a um erro de um médico, que eu fui no dia da minha consulta, o médico não marcou junto com meu esposo lá, não agendou a minha operação. Então, chego no hospital passando mal, ninguém quer me operar”, desabafa, complementando: “eles me colocam no soro, dão remédio, medicamento, injeção, fazem isso, aquilo, o outro… para estancar o sangue por um momento e, quando estanca o sangue, simplesmente mandam para casa. E eu falo assim, gente, estou com risco cirúrgico na mão, não tem como encaixar”.
Durante o tempo que ficou internada na unidade, a paciente conta que uma enfermeira lhe disse que os médicos “não realizam o procedimento porque não querem”, porque eles “apenas precisam agendar”.
“Uma enfermeira falou que eles não fazem a cirurgia porque não querem. Porque simplesmente é só eles agendar (…). Mas chega gente lá com emergência ginecológica, tipo eu, passaram na minha frente. Então assim, eu acho um descaso com a saúde que a gente está tendo aqui em Cabo Frio, principalmente quando se trata da mulher”, comenta.
Giseli conta que, mesmo com dores e ainda apresentando sangramento, foi liberada do hospital na noite desta quarta-feira (17).
“A médica pegou, me deu um toque (…) [e] falou que ia me mandar para casa, que estava tudo bem. Aí só falei para ela assim: ‘mas quem está sentindo as dores sou eu, não é a senhora’. (…) [Ela disse:] ‘você toma um remédio, você está fazendo tratamento’. Mas por quanto tempo terei que fazer tratamento? Mais 3 anos, 4 anos? Quando eu não estiver mais útero ou conseguir ficar em pé? Ou estiver tudo ruim já dentro de mim”, diz Giseli.
Agora, Giseli segue apresentando hemorragia e dores, e faz questão de dizer que “a saúde de Cabo Frio está uma porcaria”.
“Eu estou com dor e hemorragia (…). Sou praticamente carregada pra lá e pra cá com o meu esposo, com o meu filho, e assim é a saúde de Cabo Frio”, finaliza.
Diante dos fatos, o Jornal O Dia entrou em contato com a prefeitura de Cabo Frio, questionando sobre o caso, e obteve a seguinte resposta:
No dia agendado para a apresentação dos exames e avaliação do caso, em 9 de abril, a paciente apresentou um quadro de sangramento, o que resultou em sua imediata internação no Hospital Municipal da Mulher. Durante o período de internação, não houve registro de sangramento ativo, indicando que não se tratava de um caso emergencial.
Neste mesmo dia, a equipe médica solicitou uma ressonância adicional, devidamente marcada e realizada pelo Hospital da Mulher no dia 12 de abril. O laudo saiu nesta sexta-feira (19) e a cirurgia foi agendada para o dia 25 de abril.
A Secretaria de Saúde reitera que a paciente foi acolhida e recebeu assistência integral desde o primeiro contato, incluindo a realização de todos os exames pertinentes ao seu caso. Porém, é importante ressaltar que a definição do tratamento adequado, por meio de uma cirurgia, requer uma análise completa do quadro clínico e dos resultados dos exames, visando a melhor abordagem para garantir a saúde e bem-estar da paciente. A Secretaria de Saúde esclarece ainda que já esclareceu toda a situação á paciente”.
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