A casa onde os adolescentes foram torturados fica há cerca de 15 minutos do shopping Foto 134ª DL/Divulgação

Campos – Os bárbaros assassinatos de dois jovens, na madrugada de sábado (8) em Campos dos Goytacazes (RJ) ia estão desvendados. Juntamente com um terceiro – que mesmo ferido, conseguiu fugir -, eles foram seqüestrados e torturados antes de serem mortos, após briga em uma festa junina em um dos shoppings mais freqüentados da cidade.
A Polícia Civil já desvendou o caso, considerado bárbaro, tendo como vítimas Gabriel Henrique Espírito Santo Lima (14 anos) e Arthur da Silva Matias (15); além de outro, de 18 anos, conseguiu fugir se jogando no rio Paraíba do Sul, próximo de um local conhecido como Ilha do Cunha, onde os dois colegas foram mortos.
Os crimes teriam o envolvimento de mais de dez pessoas, das quais três adolescentes estão apreendidos. O delegado Alexandre Netto, da 134ª Delegacia Legal (DL) do Centro, está à frente das investigações e apresentou detalhes durante coletiva de imprensa no final da tarde desta terça-feira (11).
De acordo com as investigações, a motivação teria sido uma briga dentro do Shopping Boulevard onde acontecia uma “arraia”. “As vítimas eram do Parque Santa Helena e foram reconhecidas pelos suspeitos (da comunidade Baleeira) como moradoras de bairros dominados por facções rivais do tráfico de drogas”, apontou Alexandre Netto.
No entanto, o delegado ressaltou que, apesar de traficantes destes bairros sejam de facções criminosas concorrentes entre si, ele não pode afirmar que as vítimas ou os autores tinham ligação direta com o tráfico: “O crime não foi premeditado; outras oito pessoas foram identificadas como participantes e estão sendo procuradas”.
"Os criminosos estavam em maior quantidade, coagiram e conduziram as três vítimas da saída do Shopping Boulevard até uma casa abandonada na Avenida Alberto Torres, esquina com Rua Flamínio Caldas, no Parque Leopoldina”. Segundo o delegado, nessa casa, as vítimas foram torturadas com pedaços de pau, socos e agressões.
JOGADOS NO RIO - “Em seguida, os jovens foram colocados em um Gol branco (encontrado no bairro Tapera III, com marcas de sangue), levados para a Ilha do Cunha, executados a tiros e os corpos jogados no Rio Paraíba; dois morreram e um sobreviveu".
Várias testemunhas foram ouvidas; mas, Alexandre Netto destacou que as imagens de câmeras de segurança do shopping e de residências entre o trajeto até à casa abandonada foram fundamentais para a investigação, identificação e apreensão, até agora, dos três envolvidos. Pelos cálculos do delegado, o percurso deva ter demorado cerca de 15 minutos.
"A investigação foi dividida em várias partes; constatamos que nem todos os autores que participaram da briga estavam na tortura ou na execução do crime”, realçou o policial apontando que “as vítimas foram levados para a margem do Paraíba, retiradas do carro e um homem integrante do tráfico de drogas da Baleeira chegou armado para executar as vítimas”.
"Apenas esse homem estava armado e deu o primeiro tiro na direção da cabeça do primeiro adolescente; a arma falhou e o adolescente fugiu, se jogando no rio; chegou a ser baleado na perna, mas conseguiu nadar e sobreviver”, relatou o delegado acentuando: “Os outros dois foram executados, provavelmente com tiros na cabeça e os corpos encontrados com ajuda do corpo de bombeiros.
Os corpos dos dois rapazes foram sepultados nesta segunda-feira, em clima de revolta; familiares e amigos fizeram manifestações pedindo justiça. Alexandre Netto pontuou que aguarda o laudo pericial e de necropsia para identificar o tipo de arma usado no duplo homicídio e a quantidade de tiros disparados contra as vítimas.
O ferido está internado no Hospital Ferreira Machado, mas não corre perigo de morte, Quanto aos adolescentes apreendidos, ele disse que serão encaminhados nesta quarta-feira (12) ao Ministério Público da Promotoria de Infância e Adolescência para serem ouvidos e encaminhados a alguma unidade socioeducativa.