Salvador Corrêa afirma que a arte foi importante para lhe trazer vida e devolver-lhe a sanidade mental Foto Divulgação

Campos - “Arte: um antirretroviral social” é o próximo livro do escritor Salvador Campos Corrêa. O lançamento será no dia 13 de dezembro, em noite de autógrafos no Museu Histórico de Campos dos Goytacazes (RJ), localizado na Praça São Salvador, centro da cidade, a partir das 18h.
A nova obra surge dez anos após Corrêa ter lançado a versão e-book de “O Segundo armário: diário de um jovem soropositivo”, com o pseudônimo Gabriel de Souza Abreu. O autor é psicólogo, mestre em Saúde Pública e doutor em Saúde Coletiva pela Fiocruz; além de escritor, sanitarista e ativista, que vive há mais de 10 anos com o HIV.
A história de Corrêa já se tornou conteúdo de blog, livro e peça teatral. A nova obra (publicada pela editora Encontrografia) tem 126 páginas; é resultado da pesquisa de doutorado defendida no Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). Segundo o escritor, o livro traz uma trilha sonora específica que fez parte do processo de escrita do autor e que poderá ser acessada por QRCode.
“O novo livro oferece ainda ao leitor uma experiência sensorial ao sugerir uma trilha sonora musical que marca a história do HIV, como Face it alone, gravada em 1988, pela banda Queen, e lançada em 2022”, resume Corrêa pontuando que a música ocupou um lugar estratégico na produção acadêmica dele.
AÇÕES DO VÍRUS - “Foi como se a música me permitisse entrar num determinado lugar e escrever sobre essa experiência”, relata o escritor realçando: “Além do HIV, fui embalado por temas cantados por Gilberto Gil, Maria Bethania e Elza Soares, entre outros. Está tudo no livro com o link e QRCode”. Ele propõe uma reflexão sobre a arte para além do lugar que já ocupa na saúde mental e coletiva.
Por compreender que o vírus está em tudo, e não apenas nas pessoas, Corrêa entende que, ao habitar o corpo e a consciência de quem está vivendo com HIV, o vírus pode ser reelaborado na forma de arte e assumir o papel de antirretroviral social. “Desta forma, a arte constrói um caminho de renascimento diante das mortes sociais geradas pelo HIV”.
“Quando o HIV encontra a arte, também encontra uma força transformadora”, avalia o escritor comentando que na arte, o HIV transita pelo caminho da solidariedade, do resgate da força ancestral e da força coletiva. “É a saúde que está a serviço da arte”.