De fato, talvez não exista nada sobrenatural, mas natural sob um outro ponto de vista. A vida é composta de muitas camadas, a teosofia fala de sete planos de consciência; ou seja, nós e todo o universo somos constituídos por camadas mais densas e mais sutis. Para dar um exemplo, o chamado mundo ou plano espiritual visto daqui pode ser considerado sobrenatural, mas quando estamos sintonizados com ele, passa a ser natural. Ambos estão indissoluvelmente interconectados.

Porém, a partir de uma determinada época da nossa história esses dois aspectos da existência – o natural e o sobrenatural – foram separados. Você tem ideia das consequências que isso provocou em grande parte da humanidade? Vejamos o que diz o mitólogo Joseph Campbell sobre isso:
A ideia do sobrenatural como algo além e acima do natural é uma ideia mortífera. Foi essa ideia que, na Idade Média, acabou por transformar o mundo em algo como uma terra devastada, uma terra onde as pessoas vivem uma vida inautêntica, jamais fazendo aquilo que verdadeiramente desejariam fazer, porque as leis sobrenaturais impõem a elas viverem sob o comando dos clérigos. Numa terra devastada, as pessoas perseguem propósitos que não são propriamente delas, mas lhes foram impostos como leis inescapáveis. Isto é morticínio.
A espiritualidade é inerente à materialidade, a materialidade é o veículo da espiritualidade; espírito e matéria não existem um sem o outro. Quando o espírito “desce” na matéria, ele a espiritualiza e ambos evoluem. Segundo algumas tradições, o mundo vive hoje um de seus períodos de maior materialidade; o intelecto predomina, e intelecto sem espiritualidade leva a arrogância, superstição, extremismos.
A fonte de nossas respostas reside dentro de nós mesmos. “O Reino de Deus está dentro de vós.” Natural! Se batermos, a porta se abrirá. Podemos. Vamos!