Estou numa clínica médica à espera de uma endoscopia. Chega a minha vez. O anestesista me chama, peço um tempinho para um xixi. Ele diz para eu então voltar para a sala de espera e aguardá-lo me chamar novamente. Seu tom de voz duro me impacta; fico meio tonto; o plexo solar se ressente.
Minutos depois, vou para a maca tomar o soro preparatório e concentro-me na recuperação do equilíbrio; procuro enviar luz para ele. As enfermeiras são solícitas, simpáticas com todos e deixam o ambiente mais leve.
Em seguida me dão a anestesia e apago. Na volta, encontro-me com outros pacientes que também acabaram de fazer o mesmo procedimento. Estamos todos nos recuperando da anestesia. Me empolgo e começo a conversar com eles sobre como me sinto toda vez que estou num hospital. Sempre penso no carma individual e coletivo.
Naquela situação torno-me mais compassivo, menos burocrático, mais paciente, um montão de coisas perde a importância que lhe dou. Vejo a vida sob uma perspectiva mais leve, querendo compartilhar o que já aprendi nessa jornada.
Uma senhora lembra o ditado: “Se conselho fosse bom, ninguém dava, vendia”.
O ditado naquelas circunstâncias me pareceu muito materialista; conselhos são dados, mas não quer dizer que serão seguidos, pois cada um tem seu tempo. Mas vale a tentativa.
Há uma moça bem jovem entre nós. Naturalmente, arrisco um “conselho”, sugiro que ela faça alguma terapia desde já, buscando o autoconhecimento, para que sua estrada seja percorrida com mais discernimento.
A qualidade de vida precisa incluir o cuidado com nossa mente, com nossa psique.
Volto para casa e escrevo estas linhas. Que possam ser úteis para alguém!
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