Segundo Joseph Campbell, autor da reveladora obra O Poder do Mito, “os mitos são metáforas da potencialidade espiritual do ser humano, e os mesmos poderes que animam nossa vida animam a vida do mundo”.
Logo no início do livro, o autor assinala: “Um de nossos problemas atualmente é que não estamos familiarizados com a literatura do espírito”. Lembra que hoje estamos mais interessados nas notícias do dia e nos problemas do momento, mas que antigamente, no campus das universidades, as notícias do dia não se chocavam com a atenção que era dedicada à vida interior. E termina o mesmo parágrafo com esta advertência: “Quando um dia você ficar velho e, tendo as necessidades imediatas todas atendidas, resolver então se voltar para a vida interior, aí, se você não souber onde está ou o que é esse centro espiritual, você vai sofrer”.
Na página 25 da edição da Palas Athena, Campbell chama a atenção para a importância das mal compreendidas “religiões da natureza”. Escreve ele:
“No século XIX, os investigadores pensaram na mitologia e no ritual como tentativas de controlar a natureza. Mas isso é magia, não é mitologia ou religião. As religiões da natureza não são tentativas de controlar a natureza, mas de ajudar você a colocar-se de acordo com ela. Mas quando a natureza é encarada como um mal, você não se põe em acordo com ela, mas a controla, ou tenta controlar, daí a tensão, a ansiedade, a devastação de florestas, a aniquilação de povos nativos. A ênfase nisso nos separa da natureza.”
Lembro que O Poder do Mito é resultado de uma série de conversas mantidas entre Joseph Campbell e o jornalista americano Bill Moyers, numa estimulante combinação de sabedoria e humor. O material virou uma série de televisão e hoje encontra-se também disponível no YouTube.