No artigo anterior, abordamos os vários estágios da perda de alguém muito querido, familiar ou não. A nossa irmã, a psicóloga clínica Maria José G. S. Nery, fez uma análise completa sobre os vários estágios por que passamos. E seguimos nesta segunda parte com os sentimentos que nos arrebatam, principalmente na fase do luto.

Idealização
Há uma fase em que a pessoa pensa em suas falhas como pai, mãe, filho, cônjuge, irmão, namorado ou amigo. E vê a pessoa que se foi como um ser perfeito. Com o tempo, começará a vê-la como um ser humano real, com suas qualidades e defeitos, assim como todos nós. E entendendo que aquele espírito está em evolução em outro mundo.

Não se isole
Mesmo que não se sinta à vontade para compartilhar seu sofrimento e prefira ficar sozinho, busque a companhia de outras pessoas. Amigos e familiares que o estimem podem ajudar muito. Não se esqueça que não está só, muitos têm estima por você, querem lhe dar amor e conforto, assim como precisam do seu amor e atenção. Com o tempo, recupera-se a alegria de viver. E quem mais festejará a volta de sua alegria será o espírito que se foi.

Mudança de valores
Diante da morte ou de uma grande perda, a pessoa tende a repensar seus valores. Por exemplo: deixar de lado coisas que anteriormente valorizava e que agora percebe que são insignificantes, fúteis, passando a dar valor a aspectos que percebe serem realmente mais importantes. Muitas vezes, perceberá mudanças na sua maneira de ser e de viver, com menos preocupação com o ter e mais com o ser, evoluindo moral, emocional e espiritualmente.

"Nunca mais serei o mesmo"...
É frequente haver um grande sofrimento nesse pensamento que pode ser real, mas isto não significa que nunca mais se possa ser feliz. Embora esta ideia possa parecer inaceitável no período do sofrimento, as transformações podem nos enriquecer. O espírito da pessoa querida que nos deixou, ao ver seu sofrimento, também sofre.

Reserve períodos e local para lembranças
Não fique o tempo todo pensando e vendo objetos da pessoa que se foi. Coloque alguns pertences dela numa caixa ou armário. Não os deixe espalhados. Tente reservar algum período específico do dia, da semana ou do mês para pensar na pessoa e no seu luto, quando também poderá rever os objetos. Evite fazer isto o resto do tempo, pois nada de bom e útil se consegue com a tristeza contínua. Mas não use as fotos e objetos da pessoa querida para criar um altar de adoração.

Prevendo dias e datas difíceis
É útil saber que vai se sentir mais triste, solitário e infeliz em certos dias e datas do que em outros. Isso mesmo após já ter se passado algum tempo e com a vida mais estabilizada. Estes dias especiais, geralmente, envolvem datas de aniversário, Natal, passagem de ano e outros, onde a falta da pessoa se faz mais presente. Planeje passá-los com amigos ou familiares, pois é provável que fique mais triste do que em outras ocasiões. Não se isole.

No próximo e último artigo de como enfrentar uma grande perda, analisada pela nossa irmã psicóloga clínica Maria José G. S. Nery, encerramos o assunto.


Átila Nunes