Hoje, encerramos a longa análise de como enfrentar uma grande perda, com a consultoria da nossa irmã, a psicóloga clínica Maria José G. S. Nery, que salienta a importância de acreditar que a vida transcende nossa estada na terra, bem como crer na existência de um Ser Superior.
Desde a antiguidade, na maioria dos povos de todas as regiões do globo, com culturas e religiões diferentes, acredita-se na imortalidade da alma e na existência de um Deus ou "algo superior". Isto é quase uma intuição que nasce conosco.
Refiro-me a um Ser com amor incondicional e sabedoria, perfeito e justo, que não castiga as pessoas. Um Ser Superior que sempre quer o nosso bem, nossa evolução, mesmo que ainda não tenhamos a capacidade para entender o porquê de muitos acontecimentos.
Hoje, mais do que nunca, temos tido provas da imortalidade do espírito, de que tudo na vida tem um propósito positivo, que nada acontece por acaso. Mesmo que não seja religioso, esta crença traz consolo. Pensar que a pessoa não acabou, mas apenas deixou seu corpo e transferiu-se para um tipo de vida diferente, em outro plano, faz com que as pessoas se sintam melhor diante da perda. E significará que a separação é temporária, não definitiva.
É importante saber que pudemos desfrutar da companhia de algumas pessoas especiais, mesmo que por um breve tempo, que nos deixaram muita saudade. Só se tem saudade daquilo que foi muito bom. Por isso, segue o restante das sugestões para enfrentar uma grande perda.
Culpa por sentir-se bem
É comum as pessoas não se permitirem alegria após uma grande perda. Não aceitam convites de amigos ou evitam atividades agradáveis. Não lute para continuar sendo ou parecendo infeliz. Perceba que se sentir contente, ter novos objetivos não é deslealdade nem significa que não ama ou está esquecendo o ente querido, cujo espírito quer a sua felicidade.
Reajuste-se à vida e ao trabalho
Tirar alguns dias ou semanas para se reequilibrar e, depois, uma folga ocasional é perfeitamente normal. As atividades, entretanto, devem ser retomadas assim que possível, pois são importantes no processo de recuperação.
Liberte-se de expectativas irreais
Acreditar que a vida deveria ser diferente, não envolvendo escolhas dolorosas, sofrimentos e perdas, é irreal e só traz revolta. Tornar nossas expectativas mais realistas, fica mais difícil nos frustrarmos e mais fácil nos adaptarmos.
Aceitação da perda
As pessoas não têm que ser "vítimas", qualquer que seja a perda, por pior que tenha sido. É preciso deixar de lado as perguntas centradas no passado e no sofrimento ("Por que isso aconteceu comigo?"). Quando chegamos à fase da aceitação, atingimos a compreensão. Fica apenas a saudade.
Pesar excessivamente longo
Quando um sofrimento excessivo consome alguém por mais de um ano, geralmente, o problema principal não é a perda em si, mas algum outro aspecto que precisa ser entendido. Muitas vezes, isso ocorre quando havia uma dependência excessiva em relação à pessoa que se foi.
Procure ajuda, se necessário
A maioria dos que procuram ajuda de psicoterapeutas não são doentes e, sim, pessoas comuns passando por uma crise, muitas delas sofrendo uma perda. Um terapeuta é alguém com quem você pode dividir seu sofrimento, sua revolta, seu medo, suas lembranças dolorosas, sua culpa e seus conflitos. E que pode compreendê-lo e ajudá-lo.
A experiência nos centros espíritas ou de Umbanda é que os que os procuram manifestam os mais variados sofrimentos. A vida pode ser prejudicada ou fortalecida por uma perda. Ninguém permanece o mesmo. Cada situação é única e só a própria pessoa pode buscar e encontrar respostas relativas ao "outro eu" e à outra vida que vão emergir. Cada pessoa decide se vai ou não crescer com essa experiência dolorosa, finaliza a psicóloga clínica Maria José G. S. Nery.
Átila Nunes