Palestras sobre equilíbrio emocional, ministradas pelo especialista Gui Ferreira.Imagem da Internet

Sem dúvida, programas de reality, são um dos principais programas de entretenimento
da televisão brasileira e que movimenta milhões de telespectadores todos os anos. A
atenção do espectador está voltada para cada "confusão" que acontece na casa, entretanto
esse interesse gera emoções negativas relacionadas ao bem-estar mental e emocional do
espectador.

De acordo com o escritor e especialista em autoconhecimento, Gui Ferreira, uma série de
fatores combinam para que haja uma ligação emocional do público com os confinados. Para
ele, o programa é um experimento social que gera identificação.

“O programa é um experimento social que coloca pessoas completamente diferentes,
incentiva conflitos, onde vão surgindo a luz e a sombra de cada participante e o público que
assiste ao programa acaba entrando no jogo, ativando o emocional do telespectador,
gerando identificação”, ressalta.

Segundo o escritor, o engajamento do público com os participantes pode revelar ou moldar
novas personalidades, dependendo do nível de envolvimento de quem assiste ao reality.
“Com esse engajamento o público começa a tomar as decisões do jogo, quem está certo ou
errado. Essas decisões vão revelando partes da personalidade de quem assiste, aquilo que
cada um se identifica ou abomina no participante, como também pode moldar uma nova
personalidade, haja vista que quando a pessoa passa a admirar o participante, ela tende a
seguir padrões e normas daquela pessoa”, pontua.

Uma pesquisa publicada no periódico científico NeuroImage buscou observar como o
cérebro humano reage quando assistimos a determinados programas. Para entender o
fenômeno, cientistas da Universidade de Turku, na Finlândia, capturaram imagens de
ressonância magnética de 37 pessoas enquanto elas assistiam
Na visão do especialista, este estudo pode ser aplicado também realities, pois é possível perceber como eles
contribuem para que haja oscilação emocional das pessoas que assistem, principalmente pelo
fato de haver uma identificação do público com os participantes. “Quando assistimos algo
desse tipo, o nosso cérebro não consegue distinguir o que nos atinge e o que não nos
atinge. um bombardeio de emoções, raiva, alegria, competição, que não fica apenas nos
confinados, mas também em que assiste, resultando no humor que a pessoa tem.”, afirma.

Em todas as edições do mais famoso reality show do país, uma palavra é sempre destaque,
cancelamento, algo que passou a ser normalizado nas redes sociais, criando inclusive
mutirões de cancelamento. Para o especialista todo julgamento é uma exposição de
personalidades retraídas.

“Toda vez que identificamos em outra pessoa seja ela boa ou ruim, em algum nível ela
existe dentro de mim. o cancelamento de participantes por conta de suas atitudes dentro da
casa podem ser um ato auto julgamento. Para chegar ao ponto de reconhecer as suas
sombras, seus defeitos, exige um nível de autoconhecimento e autoconsciência enorme”,
completa.

Como apresentam fielmente a vida privada e cotidiana das pessoas, um sentimento de
pertencimento e identidade permite ao espectador vigiar a casa mesmo com dor, o que
acaba fazendo com que ele não identifique o que de fato pertence a sua realidade.

“De fato, o bombardeio de emoções é tão forte no cérebro que ele não consegue identificar
que aquele problema que estou vendo na tela não é um problema meu, que aquela raiva
que o participante sentiu não é minha. E quando você suga tudo isso pra você, aí sim você
passa a manifestar isso dentro da sua realidade”, finaliza.