Produção de petróleo: municípios começam a debater um futuro sustentável sem a dependência do ouro negroTânia Rêgo/Agência Brasil

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Mauro Silva
Os municípios produtores de petróleo das Bacias de Campos e de Santos vivem um momento decisivo. Depois de décadas apoiados fortemente na receita dos royalties do petróleo, o cenário atual — marcado pela transição energética, pela instabilidade dos preços internacionais e pela concorrência cada vez mais acirrada — deixou claro que depender de uma única fonte de renda não é apenas arriscado, mas inviável para quem deseja construir um futuro sustentável.
É justamente nesse contexto que surge o Connect-E 2025, evento promovido pela Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro) e que será realizado no dia 12 de dezembro, no Instituto Federal Fluminense (IFF), em Campos dos Goytacazes. Com o tema “Conectando Energia, Desenvolvimento e Territórios”, o encontro pretende fazer mais do que discutir tendências; quer provocar uma virada de chave nas cidades que compõem a Ompetro, reunindo gestores públicos, empresas, investidores, pesquisadores e representantes da sociedade civil para repensar, de forma prática, o papel da região no novo cenário energético.
O Connect-E inaugura uma fase em que a Ompetro — presidida pelo prefeito de Campos, Wladimir Garotinho — assume um protagonismo maior na busca por alternativas econômicas e por um modelo de desenvolvimento mais conectado à inovação, à sustentabilidade e à chamada economia azul. Na prática, isso significa admitir que os tempos mudaram — e que o desenvolvimento regional não pode continuar preso à lógica de que o petróleo, sozinho, dará conta de financiar tudo.
A diversificação deixou de ser apenas um discurso elegante e passou a ser uma necessidade urgente. Nesse sentido, o evento aposta na criação de um ambiente favorável a novas parcerias, à atração de investimentos e ao fortalecimento de pequenos negócios, que muitas vezes são o elo mais frágil da cadeia, mas também o mais capaz de gerar empregos e dinamizar economias locais.
Um dos destaques do Connect-E 2025 será uma Rodada de Negócios — organizada em parceria com Sebrae, Firjan, Porto do Açu e Rede Petro-BC — que promete aproximar fornecedores da região das grandes empresas dos setores de petróleo, gás, infraestrutura e energias renováveis. É uma tentativa concreta de quebrar a distância histórica entre os gigantes da energia e os empreendedores locais, que muitas vezes têm capacidade técnica, mas não conseguem romper a barreira da competitividade e da visibilidade. Nesse sentido, o evento funcionará como uma ponte, criando conexões que dificilmente aconteceriam por conta própria. E o trabalho vai continuar: em 2026, novas edições do Connect-E serão realizadas em Rio das Ostras, Niterói e Maricá, ampliando a rede de inovação e articulação entre as cidades produtoras.
Com inscrições gratuitas e vagas limitadas, o Connect-E 2025 pretende ser mais do que um evento anual. Ele busca marcar o início de uma postura mais madura e estratégica dos municípios da Bacia de Campos, que finalmente reconhecem que o dinheiro do petróleo deve ser instrumento, e não destino final.
Se os municípios produtores de petróleo do estado do Rio de Janeiro pretendem manter sua relevância econômica nas próximas décadas, a chave está em fazer hoje o que durante muito tempo foi adiado: planejar o futuro com coragem, com inovação e com a consciência de que o petróleo pode ter sido o ponto de partida, mas não precisa — nem deve — ser o ponto de chegada.