No estado do Rio, identidade, reputação, cultura e inovação se convertem em diferencial competitivoMarcelo Camargo/Agência Brasil
O Rio por dentro: potências que vão além do mapa
Um olhar sensível e estratégico sobre as forças simbólicas, culturais e criativas que moldam o futuro do Rio revelam um estado maior que seus limites.
O Rio de Janeiro reafirma, a cada novo estudo, que é um estado cuja força transcende suas belezas naturais. Ele é, sobretudo, um território onde identidade, reputação, cultura e inovação se convertem em diferencial competitivo. E o Mapa Rio Soft Power, lançado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) na semana passada, revela que esse potencial ainda está longe de ter alcançado seus limites.
O estudo apresenta uma radiografia inédita da influência simbólica e da capacidade de projeção de 20 municípios fluminenses, combinando dados econômicos, culturais, acadêmicos e históricos para identificar onde estão os principais ativos, tangíveis e intangíveis, que moldam o futuro do estado.
Trata-se de um retrato revelador: mesmo diante de desafios estruturais que impactam o cotidiano — segurança, saúde, educação, infraestrutura e ambiente de negócios — o Rio preserva algo que poucos lugares no mundo possuem com tamanha intensidade: um patrimônio imaterial que inspira admiração, desperta interesse internacional e movimenta economias inteiras. O que o estudo sugere é que o futuro do estado depende, cada vez mais, de transformar esse patrimônio em estratégia e encaras as vocações com visão de longo prazo.
Os resultados apontam que sete municípios já alcançaram o nível de “Soft Power influente”, combinando inovação, densidade criativa, bom desempenho econômico e capacidade de atrair investimentos e talentos: Niterói, Rio de Janeiro, Nova Friburgo, Petrópolis, Teresópolis, Angra dos Reis e Campos dos Goytacazes.
O estudo também destaca o grupo de “Soft Power consolidado”, que reúne cidades cuja reputação já se converteu em ativo estratégico, entre elas Paraty — referência internacional em preservação ambiental e patrimônio histórico — além de Vassouras, Três Rios, Itaguaí, Duque de Caxias, Paraíba do Sul, São João da Barra e Itaperuna. A cada uma dessas cidades, o estudo aponta caminhos para fortalecer narrativas próprias e transformar vocações locais em oportunidades econômicas.
No nível “Soft Power em desenvolvimento”, municípios como Nova Iguaçu, Santo Antônio de Pádua, São Gonçalo, Guapimirim e Carmo constroem gradualmente sua imagem e buscam ampliar visibilidade. Mesmo no último lugar do ranking, Carmo demonstra que maturidade simbólica é um processo contínuo, pois a história não é passado — é patrimônio vivo que pode ser ativado.
A pesquisa ainda organiza o estado em quatro grandes eixos de vocações: Urbano; Meio Ambiente; História e Patrimônio; e Conhecimento. Cada eixo traduz uma dimensão do que o Rio tem de mais valioso. O eixo Urbano reúne cidades onde criatividade, planejamento e movimentos culturais se tornam motores de influência. O Meio Ambiente agrupa municípios que fazem da biodiversidade e do turismo sustentável estratégias de desenvolvimento. O eixo de História e Patrimônio transforma memória e arquitetura em identidade com valor econômico. Já o eixo do Conhecimento destaca regiões onde educação, tecnologia e pesquisa impulsionam crescimento — mostrando que inovação também é símbolo.
Esses eixos, quando cruzados, revelam um estado que se reinventa ao reconhecer no intangível a base de sua nova economia. O Rio que emerge do estudo da Firjan é um Rio que olha para o futuro com maturidade, consciência de seus desafios e confiança em seu próprio potencial. E, sobretudo, um Rio que reafirma que, quando reconhece e ativa seus ativos simbólicos, encontra forças para construir, com esperança, um futuro de influência, valorização e prosperidade.

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