Irene Ravache em cena na peça 'Alma Despejada'JoÃo Caldas / Divulgação
Irene Ravache revela abusos na carreira: 'Quer me mandar embora, me manda'
Prestes a completar 80 anos de idade, a atriz revelou suas estratégias para se proteger dos abusos no meio profissional
A agressividade foi uma característica importante para Irene Ravache se proteger. Em entrevista à Marie Claire, a atriz contou que ser agressiva a protegeu no meio profissional que, ainda hoje, traz o peso do machismo e de outros preconceitos, além de muitas desigualdades. A atriz, que ostenta 65 anos de uma carreira bem-sucedida na TV, no teatro e no cinema, revela que ainda lhe falta uma realização: interpretar um homem!
Irene contou sobre como foi importante para ela ter um posicionamento forte diante do assédio dos homens, em sua carreira na dramaturgia, que hoje conta até com o cargo de diretora de intimidade, com a finalidade de proporcionar maior conforto às mulheres em cenas de sexo. Outro avanço também foi o movimento MeToo, Organização Não Governamental (ONG) que apoia vítimas de violência sexual independente de gênero e as incentiva a romper o silêncio.
“É tão interessante porque a mulher da minha época era tão introjetada, acostumada que o homem podia tudo. Mas será que isso é uma cantada? Será que é uma piada? Será que eu estou julgando? Cada uma de nós respondia de um jeito. Eu sou agressiva. Então, quer me mandar embora, me manda”, contou a atriz carioca, que vive em solo paulista, no bairro Higienópolis.
Mesmo tendo iniciado sua carreira em uma época que o machismo era muito mais forte e o feminismo ainda não ganhara tanto reconhecimento, Irene sempre teve uma postura feminista. Eu dizia: “Dou para quem eu quero. Você entendeu o que falei? Não gosto das suas piadas, não gosto de como você chega”. Eu estava preparada para ser mandada embora. Não fui, mas podia ter sido. Agora... os homens tinham medo, né? Porque a Irene é grossa”, contou a octogenária, que vai comemorar seu aniversário de 80 anos no palco, com o monólogo Alma Despejada, de autoria de Andréa Bassitt, apresentado pela primeira vez no Rio, no dia 1° de setembro.
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