A chamada "cultura do cancelamento" é algo que vem se tornando cada vez mais comum no Brasil nos últimos anos, e o cantor Ed Motta é uma das pessoas que continua sendo prejudicada por ela, mesmo que tenha protagonizado uma polêmica em 2015. De acordo com o sobrinho de Tim Maia, a situação continua refletindo em sua vida profissional até os dias de hoje, prejudicando sua agenda no país.
Há cerca de 10 anos, o músico criticou a postura de brasileiros que compareciam a seus shows internacionais e solicitavam músicas em português, mesmo quando o repertório era todo em inglês. Ele chegou a dizer que o país era uma “terra ignorante” e chamou o público local de “gente simplória”.
Agora, quase uma década depois, Ed voltou a tocar no assunto e desabafou sobre o que enxerga como "censura" ao seu trabalho. Na última sexta-feira (27), um dia antes de realizar um show em São Paulo, em celebração aos 30 anos do disco Manual Prático para Festas, Bailes e Afins, ele comentou que tem sido preterido por contratantes de eventos e festivais. “Eu tô sem fazer um show desde novembro do ano passado, isso não é normal. Isso é uma retaliação em cima da opinião, é uma forma de censura velada”, ele disse em entrevista à rádio CBN. “É uma forma de censurar. E eu tenho aprendizado com isso. Aprendizado de não repetir essas coisas e me arrependo delas, porque eu não quero colocar a mão no fogo. Eu pago um preço por isso, no Brasil principalmente, né. Fora do Brasil ninguém nem sabe disso”, lembrou ele.
Apesar de reconhecer os impactos de suas declarações, Ed voltou a tecer críticas, desta vez à mídia brasileira. “As minhas entrevistas que eu faço fora [do país] os caras são super radicais: ‘E aí, Ed Motta, o novo jazz, o que você acha?’ Desço a marreta e não tem isso de ‘Vamos acabar com a vida desse gordo porque ele acabou de falar mal do jazz’. Não, não tem essa coisa terceiromundista, não tem. Então, isso é daqui. Eu nunca vi. Esse linchamento por uma relez opinião é muito caipira, é muito jeca”.
Diante desse cenário, o cantor diz que tem priorizado sua produção artística em inglês e voltada ao mercado europeu, onde lança seus álbuns por selos internacionais. “O que eu aprendi disso é que tenho que calar minha boca, só isso. Não me arrependo de nada, não mudei de opinião nenhuma, só tenho que ficar quieto, ter inteligência emocional para ficar quieto, como a maioria dos seres humanos”, apontou.
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