ARTE PAULO MÁRCIOARTE PAULO MÁRCIO

Desde a Quarta-feira de Cinzas iniciamos o caminho quaresmal, uma viagem de 40 dias rumo à Páscoa, ao coração do ano litúrgico e da fé. É um caminho que segue o de Jesus, que no início do seu ministério se retirou durante 40 dias para orar e jejuar, tentado pelo diabo no deserto.
Hoje gostaria de refletir sobre o significado espiritual do deserto, imaginemos que estamos em um. A primeira sensação seria a de nos encontrarmos envolvidos por um grande silêncio, pois o deserto é o lugar do desapego do barulho que nos rodeia. É ausência de palavras para dar lugar a outra Palavra, a Palavra de Deus que, como uma brisa suave, acaricia o nosso coração.
No deserto se encontra a intimidade com Deus, o amor do Senhor. Jesus gostava de se retirar todos os dias para lugares desertos e se entregava à oração. A Quaresma é o momento propício para dar espaço à Palavra de Deus. É o tempo de renunciar a palavras inúteis, boatos, fofocas e ter intimidade com o Senhor.
Temos dificuldade em distinguir a voz do Senhor que nos fala, a voz da consciência, a voz do bem. Chamando-nos ao deserto, Jesus nos convida a escutar o que conta, o importante, o essencial.
O deserto é o lugar do essencial. Vejamos as nossas vidas: quantas coisas inúteis nos rodeiam. Como nos faria bem nos livrar de tantas realidades superficiais, para redescobrir o que importa, para encontrar os rostos de quantos estão ao nosso lado!
Também sobre isto Jesus nos dá o exemplo, jejuando. Jejuar é saber renunciar às coisas vãs, ao supérfluo, para ir ao essencial. Entremos neste deserto quaresmal e sigamos Jesus: com Ele os nossos desertos hão de florescer.
Padre Omar