Estamos vivendo a Quaresma, tempo favorável para nos reconciliarmos com Deus. Não podemos ter medo de deixar de lado os revestimentos mundanos e regressar ao essencial: redescobrir a verdade de nós mesmos e voltarmos a Deus e aos irmãos.
Por isso, a Quaresma é o tempo para nos lembrarmos quem é o Criador e quem é a criatura, para proclamar que só Deus é o Senhor, para nos despojarmos da pretensão de que somos suficientes, da mania de nos colocarmos no centro, sermos o primeiro da turma.
Este é o tempo favorável para nos convertermos, começando por mudar a visão que temos de nós no nosso íntimo: quantas desatenções e superficialidades nos distraem daquilo que conta. Quantas vezes nos concentramos nos nossos gostos ou naquilo que carecemos, esquecendo de abraçar o sentido da nossa presença no mundo.
A Quaresma é um tempo de verdade, para fazer cair as máscaras que pomos todos os dias a fim de parecermos perfeitos aos olhos do mundo; para lutar contra as falsidades e a hipocrisia: não as dos outros, mas as nossas. A Quaresma nos mergulha em um banho de purificação e despojamento. Ajuda-nos a retirar toda a maquiagem, tudo aquilo que vestimos para brilhar, para parecer melhores do que somos.
Vivemos o tempo propício para reavivar as nossas relações com Deus e com os outros. Abrir-nos no silêncio à oração e sairmos da fortaleza que é o nosso eu fechado, quebrar as cadeias do individualismo e do isolamento e voltar a descobrir, através do encontro e da escuta, as pessoas que caminham diariamente ao nosso lado.
Não podemos desperdiçar a graça deste tempo sagrado: fixemos o olhar em Jesus crucificado e caminhemos respondendo generosamente aos fortes apelos da Quaresma. E no final do percurso, certamente encontraremos com maior alegria o Senhor da vida.
Padre Omar
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