Diante da urgente necessidade de corrigir e reequilibrar a relação da humanidade com a criação, há duas atitudes que nos ajudam a encontrar um caminho justo: a contemplação e o cuidado da casa comum.
Todas as formas de vida estão interligadas, e a nossa saúde depende da saúde dos ecossistemas que Deus criou e dos quais Ele nos encarregou de cuidar. Por isso, precisamos exercitar a contemplação.
Quando não conseguimos parar para admirar e apreciar o que é belo, não surpreende que tudo se transforme em objeto de uso e abuso. No entanto, a nossa casa comum, a criação, não é um mero “recurso”, é preciso cuidar e amar.
As criaturas têm um valor em si mesmas e refletem, cada uma à sua maneira, um raio da infinita bondade de Deus. Este valor e este raio de luz divina devem ser descobertos e, para os descobrirmos precisamos fazer silêncio, precisamos ouvir e precisamos contemplar.
Sem contemplação é fácil cair em um antropocentrismo desequilibrado e soberbo, o “eu” no centro de tudo, que nos posiciona como dominadores absolutos de todas as outras criaturas. Julgamos que estamos no centro, pretendendo ocupar o lugar de Deus e assim arruinamos a harmonia da criação, a harmonia dos desígnios de Deus.
Muitas vezes somos predadores, esquecendo a nossa vocação como guardiões da vida. Não podemos continuar a crescer a nível material sem cuidarmos da casa comum que nos acolhe. É importante recuperar a dimensão contemplativa, ou seja, olhar para a terra, para criação como um dom, e não como algo a ser explorado para fins lucrativos. Quando contemplamos, descobrimos no outro e na natureza algo muito maior do que a sua utilidade. Descobrimos o valor intrínseco das coisas que nos foram dadas por Deus.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.