Por PAULO CAPPELLI

Diante do caos na Segurança do Rio, a intervenção federal se tornou um anseio de boa parte da população. O próprio O DIA já cobrara tal atitude do governo federal. Mas por que tomar a decisão agora? A movimentação política por trás da medida exalta o protagonismo de duas figuras centrais do Planalto: o presidente Michel Temer (MDB) e seu braço direito, Moreira Franco (MDB).

A pouco mais de sete meses da eleição, correligionários de Temer o incentivam a tentar a reeleição caso seus índices de popularidade aumentem a intervenção, de quebra, esvazia o discurso de Jair Bolsonaro (PSC). Já Moreira tem pretensão de se candidatar a deputado federal, embora negue. Uma bem-sucedida intervenção na Segurança do Rio, uma vitrine para o Brasil, seria ótima para os potenciais candidatos.

Escanteado

Já o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi esvaziado nesta operação que ocorreu nos bastidores para azeitar o anúncio da intervenção. Quando se reuniu com o núcleo do Planalto, todas as decisões já estavam tomadas. O gesto serviu como alerta: Maia volta e meia apresenta sinais de rebeldia ao governo e já manifestou interesse em concorrer à Presidência da República.

Efetivo

Ministro da Defesa, Raul Jungmann disse ao Informe que, por ora, a intervenção não representará aumento de efetivo das Forças Armadas no estado. O general Walter Souza Braga Netto, que agora passa a chefiar a Segurança do Rio, comandará os militares já lotados aqui os mesmos que têm atuado nos programas de GLO (Garantia da Lei e da Ordem). Além das polícias Civil e Militar.

Acompanhamento

O deputado federal Pedro Paulo Carvalho (MDB-RJ) solicitou a Rodrigo Maia a criação de uma comissão para acompanhar a ação do Exército e coibir excessos: "A intervenção é uma boa notícia. O uso da força federal gera rápida redução da criminalidade. Mas muitas vezes desrespeitam os moradores das comunidades (favelas), que não têm nada a ver com isso."

Outra opinião

Já o deputado federal Chico Alencar (Psol-RJ) chama a intervenção de "enganosa". E justifica seu ponto de vista: "O general Braga Netto vai comandar a PM, a Civil, o sistema penitenciário e os bombeiros, assim, de súbito. Estranho no ninho, terá muitas dificuldades nessa relação. Um dos apoiadores da intervenção, Moreira Franco foi eleito governador em 1986 prometendo 'acabar com a violência em seis meses'. Outra demagogia."

Há nove meses

Desde maio, a intervenção na Segurança era pedida por alguns deputados da bancada fluminense. Entre eles, Hugo Leal (PSB), Alexandre Valle (PR) e Marcelo Delaroli (PR).

 

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