Cristiane Brasil - Wilson Dias/Agência Brasil
Cristiane BrasilWilson Dias/Agência Brasil
Por Paulo Capelli

Rio - Cristiane Brasil (PTB-RJ) diz que, se dependesse dela, não teria desistido da nomeação para o Ministério do Trabalho: "Eu iria até o fim. Penso que chegou no limite para o meu pai", afirma, referindo-se ao presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson. O partido jogou a toalha semana passada. A Justiça impedira a posse pelo fato de a deputada federal ter sido condenada em ações trabalhistas. Desde que fora nomeada pelo presidente Temer, 3 de janeiro, Cristiane emagreceu seis quilos e perdeu cabelo. Temendo hostilidades, foi ao Sambódromo 'disfarçada' e não saiu do camarote de amigos. Sobre o vazamento do vídeo da lancha, lamenta: "Celular é uma arma".

O DIA: Se julgava ter o direito de assumir o ministério, por que desistiu?

Cristiane Brasil: Quem desistiu não fui eu. Eu iria até o fim. Eu penso que chegou no limite para o meu pai. E, por conta disso, ele convocou reunião e achou melhor a gente recuar. No primeiro momento, argumentei com ele: "Vamos até o fim". Justamente por entender que eu tinha direito e que as acusações contra mim eram inconsistentes. Não queria voltar atrás, mas meu pai me convenceu de que ficar com a vida em suspenso por mais de um mês, como eu estava, não estava sendo positivo. Fui voto vencido. Sou de grupo.

Você foi ao Sambódromo este mês mas, diferentemente do ano passado, ficou longe da Avenida. Assistiu aos desfiles no camarote de amigos...

Fiquei com medo de ser hostilizada. Após 12 minutos de reportagens numa emissora de TV num domingo à noite, liguei para o presidente da Câmara dos Deputados (Rodrigo Maia - DEM/RJ) e pedi (escolta com) segurança. Conheci o que é a palavra 'hater' na prática. Fui hostilizada na saída de um restaurante em São Paulo. Quando entrei no carro, uma moça olhou dentro do vidro e começou a apontar e gritar: "É a Cristiane Brasil! Que nojo!". Desde janeiro, emagreci seis quilos e tive queda de cabelo. Vou fazer avaliação médica e psicológica porque estou com fobia de locais com concentração de pessoas. Mas não poderia deixar de ir no Sambódromo. Amo Carnaval. Muitos dos ataques que sofri foram motivados por ser mulher, solteira, verdadeira. Sempre fui autêntica. Nunca fui de fazer discurso rebuscado, de ficar escolhendo palavras...

O vídeo da lancha seria um exemplo disso? Você se arrepende dele?

Aquilo foi um acidente que aconteceu na minha vida privada. Eu estava no ápice do meu estresse. Amigos me chamaram para Angra dos Reis para dar uma relaxada. Durante o passeio, eles disseram que queriam fazer um vídeo demonstrando indignação com o que eu estava passando. O combinado era não divulgar. Eu devia ter falado "não", mas cedi. Era um momento entre amigos. Minha filha estava lá, as esposas deles estavam lá. Meu amigo que gravou o vídeo (o que aparece segurando o celular) acabou passando para mais duas pessoas. Em menos de 24 horas, o Brasil todo estava assistindo. Celular é uma arma.

Cortou a amizade com esse amigo?

Não. Ele me pediu mil desculpas. E também sofreu as consequências. Teve a vida devassada.

 

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