Por PAULO CAPPELLI

Rio - O cimento rachou. A prefeitura não esclareceu ao Tribunal de Contas do Município questões relacionadas ao programa que reforma casas populares e é uma das bandeiras do prefeito Marcelo Crivella (PRB). Apesar da pressão do governo para que a corte liberasse a implementação do Cimento Social, o conselheiro Felipe Puccioni disse que "pontos importantes não foram sanados ou respondidos de forma satisfatória".

Crivella quer reformar 50 casas no Morro da Providência, investindo R$ 50 mil em cada unidade um gasto total de R$ 2,5 milhões. Em seu voto, Puccioni afirma que a prefeitura precisaria aprovar lei na Câmara Municipal para tocar o programa, já que há transferência de dinheiro público para fins privados. O conselheiro também não se contentou com o critério apresentado para a escolha das casas beneficiadas: seriam escolhidas pelo presidente da Associação de Moradores do Morro da Providência. Segundo Puccioni, a medida "afronta a impessoalidade".

Especificação

De acordo com Puccioni, a prefeitura deveria especificar critérios técnicos para a escolha dos beneficiados, tal como a metragem das casas e a renda das famílias. O voto foi proferido no dia 22. Idealizado pelo então senador Crivella, o Cimento Social chegou a reformar residências na gestão do ex-prefeito Eduardo Paes (MDB).

Clima tenso

Explicitado pelo Informe, o atrito entre prefeitura e TCM solta mais faíscas. Chefe da Casa Civil de Crivella, Paulo Messina (Pros) voltou a criticar a determinação do tribunal de impedir a prefeitura de começar novas obras antes que arrume dinheiro para concluir as inacabadas. Em audiência da Comissão de Orçamento, ontem, disparou: "O secretário de Obras (Alexandre Pinto) do governo anterior (Eduardo Paes) está preso justamente por cobrança de propina em boa parte dessas obras. O TCM quer nos obrigar a terminar obras onde, segundo a Lava Jato, houve roubalheira? Inclusive... deixa pra lá...", disse.

Dedo na ferida

A impressão é que por pouco, muito pouco, Messina não declarou guerra ao TCM e falou que membros do tribunal estão na mira da Lava Jato.

Em tempo...

Primeira instância da Lava Jato no Rio, o juiz Marcelo Bretas marcou audiências na semana que vem, de segunda a sexta-feira, para evoluir no caso Alexandre Pinto, secretário de Obras de Paes.

Benfica, Benfica...

O Ministério Público do Rio fez nova inspeção na Cadeia Pública de Benfica. Para quem pensou que todas as regalias concedidas a detentos já haviam sido reveladas, há mais por vir. No presídio estão três deputados que comandavam a Assembleia Legislativa.

Obituário

Kelly Serra, a merendeira que chegou a ser nomeada subsecretária municipal de Transportes, morreu ontem, aos 39 anos, por complicações de pneumonia. Ligada ao vice-prefeito Fernando Mac Dowell, estava lotada na Casa Civil. Foi candidata a vereadora pelo DEM na última eleição.

Estado laico

O desembargador Ferdinaldo Nascimento, da 19ª Câmara Cível, manteve a decisão da primeira instância de proibir escolas municipais de Barra Mansa de instituir o 'Pai-Nosso' em sala de aula. "Justamente em respeito ao princípio da liberdade religiosa, não pode conferir o monopólio a uma única crença", disse.

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