Jair Bolsonaro - Reprodução
Jair BolsonaroReprodução
Por PAULO CAPPELLI

Antes da entrevista, Jair Bolsonaro (PSL-RJ) demonstrava preocupação com a queda de visualizações no Facebook. "O algoritmo está me limitando", lamentou, referindo-se ao mecanismo que passou a direcionar postagens só para internautas que se identifiquem com o conteúdo. "Mas já tenho um antídoto", disse, sem detalhar. Pré-candidato à Presidência, lidera as pesquisas em um cenário sem Lula (PT). Contrário à distribuição em escolas de material sobre homossexualidade, afirma que poderá ter um gay como vice. O alto número de mortes por policiais não o impede de defender o fim da punição por erros em operações. "O ser humano só respeita o que teme."

O DIA: Com quais partidos o senhor tem conversado para formação de alianças? Já consolidou algum apoio?

Jair Bolsonaro: Até o momento, nenhum partido quis conversar comigo. Como essas conversas começam: "Qual a minha participação no seu ministério? Qual banco estatal será meu? Qual Petrobras será minha?" Eu não quero fazer essa política. Dificilmente terei aliança.

E o seu vice? Cogita uma mulher, para reduzir a resistência do eleitorado feminino?

Não pensei em nomes ainda, mas obviamente será um ser humano que possa agregar. No tocante à cor da pele, gênero, gay... Tanto faz.

Poderá ser um gay?

Não tem problema nenhum. Desde que a sua vida pessoal se reserve a ele, não ao público. Se for uma pessoa competente e que preserve a sua intimidade, como eu preservo a minha, problema nenhum em ser meu vice.

Como analisa a intervenção na Segurança do Rio? No lugar do presidente Michel Temer, teria feito diferente?

Eu só aceitaria fazer uma intervenção caso os homens da Segurança Pública tivessem retaguarda jurídica para exercer o seu trabalho. E, caso havendo qualquer problema em operação, ele responda, mas não tenha punição. Chega de punir policiais no Brasil. Se o Bope subir uma área qualquer conflagrada e morrerem oito pessoas, você vai querer punir o policial? Não. Quem tem que ser punido é o Temer, no momento. O dono da operação.

Os casos de abuso não aumentariam? Temos no Rio de Janeiro a polícia que mais morre, mas também a que mais mata.

Todo mundo diz que estamos em guerra. Em guerra, mata-se. Aqui, o lado da lei não pode atirar. Quando o policial atira, vai para o Tribunal do Júri. O policial não pode ter mais medo de um julgamento do que de um marginal com fuzil na mão. Se você der mais de dois tiros no marginal, provavelmente será condenado por excesso. Você fala em abuso... Aí, cara, teríamos que acabar com os procedimentos médicos, porque também existem médicos que cometem erros médicos. Quando o policial tiver poder para reagir, a violência diminui no Brasil. O ser humano só respeita o que ele teme.

O senhor é a favor do porte de arma para civis. Não é transferir a responsabilidade pela Segurança, que cabe ao Estado, para a população?

O Estado não é onipresente, rapaz. Onipresente, só Deus. O povo sabe que o Estado não tem condição de atendê-lo.

O senhor se inspira no presidente dos Estados Unidos, Donald Trump?

Muito do que ele fez lá, quero fazer aqui. Diminuir a carga tributária e fechar as portas do país para uma migração em massa. A rede hospitalar de Roraima está toda tomada com haitianos e venezuelanos. Podemos criar um campo de refugiados.

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