Ex-senador Lindbergh Farias - Marcelo Camargo/Agência Brasil
Ex-senador Lindbergh FariasMarcelo Camargo/Agência Brasil
Por PAULO CAPPELLI

Na tentativa de angariar apoio popular contra a prisão após condenações em primeira e segunda instância na Lava Jato, Lula vem hoje ao Rio participar de ato organizado pelo PT. "Por mais que existam diferenças e candidaturas próprias, o evento, em defesa da democracia, é suprapartidário", afirma o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), ressaltando a presença da presidenciável Manuela D'Ávila (PCdoB-RS) e dos deputados Marcelo Freixo (Psol-RJ) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ). Em agenda no exterior, Ciro Gomes (PDT-CE) não é esperado. "Acredito que, no fim, Lula poderá se candidatar à Presidência", diz Lindbergh.

O DIA: Inicialmente, o ato lançaria a pré-candidatura de Lula à Presidência, a de Celso Amorim ao governo do Rio e a sua ao Senado. O caráter do evento mudou...

Lindbergh Farias: Mudou pela gravidade dos últimos episódios. Não vemos mais apenas discursos intolerantes e de ódio, não. Estamos vivenciando agressões práticas e fascistas. A execução de Marielle e Anderson, a execução de um militante do MST dentro de um hospital e o atentado contra a caravana do (ex-)presidente Lula. Tudo isso é simbólico. A esquerda tem que se unir em torno de uma pauta democrática contra o fascismo. É uma semana decisiva na história da política brasileira.

O senhor diz isso porque o Supremo Tribunal Federal julgará se Lula vai para a cadeia após a condenação em segunda instância. Não teme que decisão favorável a Lula possa beneficiar presos com condenações mais graves que a imputada ao ex-presidente?

A Constituição Federal é muito clara. Em seu quinto artigo, inciso 57, fala que só pode ter prisão depois de todo o processo ter transitado em julgado. Foi uma decisão da Constituinte. Veja bem, casuísmo seria agir de forma diferente. Já há uma nova maioria no Supremo. A quem interessa a prisão do Lula neste momento? São esses grupos de extrema-direita que estão pedindo essa prisão.

Sem foro privilegiado, Lula foi condenado na Lava Jato. O senhor também é investigado pela força-tarefa. Manterá a sua candidatura ao Senado mesmo sabendo que, caso não se eleja, perderá o foro? O caminho para a Câmara dos Deputados é bem mais fácil...

A minha candidatura ao Senado está mantida. Primeiramente, acho que fiz um bom mandato como senador, com coragem para defender os trabalhadores. Eu vou fazer a minha campanha em cima da defesa do Lula e do direito de ele ser candidato. E da luta contra os golpes e as injustiças que têm acontecido com o povo brasileiro. Isso dá uma base grande para construir uma candidatura. Tem um lado do discurso mais à direita, à la Bolsonaro, e nós estamos com o nosso lado aqui já arrumado.

O senhor é contrário à intervenção federal na Segurança do Rio. Por quê?

Eu defendo a intervenção social. Os recursos do Rio para Educação, Saúde, Assistência Social e geração de empregos foram cortados brutalmente. O Rio foi o estado em que mais cresceu o desemprego no país. No primeiro trimestre de 2017, de cada 10 desempregados, 8 estavam no Rio. Intervenção na Segurança sem foco no desenvolvimento social não resolve o problema.

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