Presidente da Câmara, Rodrigo Maia - Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Presidente da Câmara, Rodrigo MaiaFábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Por PAULO CAPPELLI

Quando assumiu a presidência da Câmara dos Deputados, em julho de 2016, Rodrigo Maia (DEM-RJ) ainda era desconhecido fora do Rio de Janeiro. De lá para cá, tornou-se o político mais influente do Congresso. Com irretocável atuação nos bastidores, usou o prestígio da posição para consolidar alianças que, agora, levam-no a sonhar com a Presidência da República. Para ele, a influência de Lula na eleição é superestimada: "Não acredito que a base do PT seja do tamanho que pesquisas colocam." Maia afirma que o Brasil vive o fim de um ciclo político.

O DIA: A prisão de Lula altera a campanha eleitoral à Presidência?

Rodrigo Maia: Não tem como prever isso ainda. Ninguém sabe as consequências da decisão e como parte da sociedade vai reagir. É imprevisível, mas acredito que a interferência não será grande. Acho que, com o tempo, a sociedade vai focar só nos candidatos colocados e escolher aquele que for melhor.

O senhor avalia que, preso, Lula não vai conseguir transferir votos?

O PT e o Lula têm uma base que eu não acredito que seja do tamanho que as pesquisas colocam hoje. Mas é claro que o candidato deles vai ter um espaço no processo eleitoral.

O senhor já integrou a base de Michel Temer, possível candidato ao Planalto. Geraldo Alckmin (PSDB) é outro que mira a Presidência. Por que decidiu se lançar tendo outros nomes do mesmo campo colocados?

Acredito que estamos no fim de um ciclo político. No fim de uma polarização e de uma radicalização entre PT e PSDB. Precisamos construir uma candidatura que olhe de forma diferente a política e represente uma posição fora dessa polarização. Precisamos criar uma alternativa no nosso campo. A sociedade espera um candidato com capacidade de diálogo e de construir um espaço para que os projetos de interesse da sociedade sejam implementados. Para isso, será preciso uma candidatura fora do eixo PT-PSDB.

Michel Temer (MDB) não é PT nem PSDB...

O Temer faz parte desse processo de polarização. A polarização entre PT e PSDB se transforma, depois do impeachment (de Dilma Rousseff), em uma polarização entre PT e PMDB. A sociedade vai procurar um nome fora desse ambiente de polarização que o Brasil viveu desde 1989 e que, agora, está se esgotando.

Como avalia a candidatura de Eduardo Paes ao governo pelo DEM?

O nosso campo estava dividido. Tinha a candidatura do meu pai, Cesar Maia (DEM), e a do Eduardo. Dividiam o mesmo voto. A unificação sinaliza que a probabilidade de essa candidatura estar no segundo turno é muito grande.

Foi fácil convencer o seu pai? Paes e ele já trocaram farpas publicamente...

O convencimento partiu do próprio Cesar Maia. Já há alguns meses, ele dizia que não seria candidato e que devíamos procurar uma alternativa. Pela experiência, viu que precisávamos unificar o campo para ganhar a eleição. E compreendeu que, se era para unificar, que fosse dentro do próprio Democratas para fortalecer o partido.

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