Rio - Aos 39 anos, Vinicius Claussen (PPS) assumirá a Prefeitura de Teresópolis em uma condição atípica: será empossado até 1º de julho por conta do afastamento do ex-prefeito Mario Tricano (PP) por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.
Vencedor da eleição suplementar ocorrida no dia 3, Claussen é formado em Administração, chegou a trabalhar como gerente no McDonald's e, empresário, mantém negócios como uma cervejaria. Ao longo do mandato, doará todo o salário como prefeito para instituições de caridade.
O DIA: Qual a peculiaridade de se tomar posse no meio de uma outra gestão?
Será um grande desafio. Foi tudo muito rápido e inesperado. Em março, quando houve a notícia da cassação do então prefeito, as pesquisas mostravam que minha intenção de voto era de apenas 0,7%. Quando pedia voto, as pessoas nem queriam falar comigo, por causa do descontentamento com a política. Daí eu dizia: "Não sou político. Nunca disputei uma eleição e nem fui secretário em nenhum governo. Sou formado em Administração, empresário, e quero ser prefeito justamente pra mudar esse cenário."
O senhor já definiu todos os nomes do seu secretariado?
Ainda não. Estou no processo de montagem. Fizemos uma campanha sem promessas e acordos políticos justamente para ter autonomia para montar um secretariado técnico.
Dos 12 vereadores da Câmara de Teresópolis, seis estão presos por suspeita de corrupção. E o seu partido, o PPS, não tem nenhum representante no Parlamento. Como governar em meio a essa instabilidade?
Acredito que essa desordem vai criar o caminho do diálogo para colocarmos a cidade em primeiro lugar. Já estou conversando com o presidente (interino, pois o titular está preso) da Câmara. A nova política não vai ser baseada só na questão partidária. Teresópolis precisa recuperar a auto-estima. Nos últimos sete anos, tivemos sete prefeitos. Nem um roteirista de Hollywood seria capaz de escrever isso. Foram trinta anos de desgovernos.
Qual será a sua prioridade nesses dois anos e meio como prefeito?
Choque de gestão e força-tarefa para a Saúde. Primeiro ato: ir ao Tribunal de Contas do Estado, Tribunal de Contas da União e Ministério Público para fazer uma grande auditoria, porque não dá para confiar nas informações do Portal da Transparência da prefeitura. Quero levar ao conhecimento da população, em 60 dias, a realidade financeira do município. Também vamos cortar cargos comissionados para enxugar gastos. Faremos gestão.
E na área da Saúde...
A única porta aberta para atendimento hoje é a UPA. Quando a UPA foi para Teresópolis, há cerca de 8 anos, o então prefeito a municipalizou e enfraqueceu todo o sistema de Programa de Saúde da Família e atendimento básico. Precisamos recuperar isso com as estruturas (prédios) já existentes. Hoje elas funcionam precariamente, sem profissionais e medicamentos.