Pais de Marielle Franco durante manifestação - Severino Silva
Pais de Marielle Franco durante manifestaçãoSeverino Silva
Por Cássio Bruno*

Rio - Marinete da Silva, de 66 anos, tenta seguir a vida após o assassinato da filha, a vereadora Marielle Franco (Psol), que completaria 39 anos no próximo dia 27. Advogada atuante nas áreas cível e previdenciária, ela sofre a angústia de acordar todos os dias e não ter uma resposta das autoridades para o crime ocorrido em 14 de março.

Em conversa com o Informe, Marinete conta que a sensação dela e da família é de impunidade.

"Estamos tristes com essa demora", afirma ela sobre as investigações da polícia sobre a morte de Marielle e do motorista dela, Anderson Gomes. "Nós cobramos, mas não tem acontecido nada", completa.

O DIA: A morte de Marielle Franco fará quatro meses sem solução. Qual é o sentimento?

É de tristeza e dor. Vivemos uma expectativa e esperança para que se tenha alguma novidade em breve ou ao menos um consolo. Acreditamos numa resposta. Temos muito apoio, como o da Anistia Internacional, que tem cobrado uma solução. Mas não temos nada de concreto. São quatro meses sem a minha filha. Não quero que ela vire estatística.

Há uma sensação de impunidade?

Com certeza. Estamos tristes com essa demora. O tempo está passando e o poder público não se manifesta. Nós cobramos, mas não tem acontecido nada. Tomara que as autoridades deem uma resposta logo.

Há muitas especulações sobre o caso.

Exatamente. Foi um crime tão complexo que é até perigoso ficar falando. A minha filha foi vítima de uma tocaia. Não sei de quem partiu a ordem para matar. Só sei que é uma mente podre.

O que a senhora acha sobre o silêncio da polícia sobre as investigações?

Nossas famílias (também faz referência aos parentes de Anderson Gomes) têm dado o tempo necessário que a polícia precisa. Foi um caso emblemático, mas a demora é grande e insuportável. Não perdemos a esperança por causa da minha fé e pela minha dor.

A senhora esperava uma resposta mais rápida sobre o caso?

Acho que não. Outros casos, como o da Patrícia Acioli (juíza assassinada em 2011), demoraram. Mas já são quase quatro meses.

Após o crime, a família recebeu ameaça?

Diretamente, não. Mas, claro, temos medo. Sempre prestamos atenção para ver se tem carro seguindo, essas coisas, né?.

Mas a família mudou a rotina?

Não. Continuamos trabalhando para sobreviver. Ganhei uma filha (Luyara Santos, de 19 anos, filha de Marielle) e tenho uma neta, de 2 anos, filha da Anielle. Não tenho como fugir da dor. Choro todos os dias. Ainda não me conformo que alguém tenha planejado a morte dela. A Marielle tinha muitos projetos e defendia muitas causas.

Como tem sido a vida sem a sua filha?

Bem difícil. Era uma pessoa presente, centrada. Você não tem ideia do que eu ainda estou sofrendo. É uma dor profunda!

(*Interino)

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