O ex-ministro Sérgio Sá Leitão  - Agência O Dia
O ex-ministro Sérgio Sá Leitão Agência O Dia
Por CÁSSIO BRUNO

Rio - O carioca Sérgio Sá Leitão, de 51 anos, se prepara para deixar o Ministério da Cultura. Mas já tem emprego, a partir do ano que vem, no governo João Doria (PSDB), em São Paulo. Em entrevista, ele diz que o MinC está "mais eficiente". Sobre a Lei Rouanet afirma: "Após mais de um quarto de século, o que não precisa de uma reforma?".

Para Sá Leitão, o incêndio que destruiu o Museu Nacional, no Rio, foi "uma combinação de gestão incompetente com modelo de gestão inadequado".

O DIA: Que balanço faz de sua gestão?

SÉRGIO SÁ LEITÃO: Procurei organizar o MinC, tornando-o mais eficiente. Os resultados foram ampliados. Mais centros culturais entregues, obras de restauro de patrimônio realizadas e um investimento recorde via Lei Rouanet e Fundo Setorial do Audiovisual. Foi possível elevar o valor e o alcance do Prêmio de Culturas Populares, entre outras realizações.

Em artigo na Folha de S.Paulo, o senhor defendeu a economia criativa na cultura. Por quê?

As atividades culturais e criativas são vocações do Brasil e contribuem muito para a geração de renda, emprego e desenvolvimento. São responsáveis por 2,64% do nosso PIB e mais de um milhão de empregos diretos formais. Cresceram nos últimos cinco anos a uma taxa média anual de 9,1%, bem acima do conjunto da economia brasileira. E podem crescer ainda mais.

É preciso haver mudanças na Lei Rouanet?

Melhoramos muito. Reduzimos a burocracia, ampliamos o acesso, aumentamos o rigor e enfrentamos o passivo deixado por gestões anteriores. Há mais transparência. Os patrocinadores responderam, elevando o valor investido. Aperfeiçoamos a análise de prestações de contas. Este processo precisa continuar.

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) defendeu mudanças.

A Lei Rouanet foi criada em 1991 e passou a funcionar plenamente em 1992. Após mais de um quarto de século, o que não precisa de uma reforma? Penso que mudanças são bem-vindas. O ideal é aperfeiçoar sem alterar a lógica do mecanismo, para não prejudicar seu funcionamento.

Que lição as autoridades devem aprender após o incêndio do museu nacional?

Não pode ser gerido pela UFRJ. A tragédia se deve a uma combinação de gestão incompetente com modelo de gestão inadequado. É preciso aprovar a MP 850 (que autoriza a criação da Agência Brasileira de Museu), tendo como referência a Rede Sarah de Hospitais. O museu deve ter uma gestão profissional, com metas e orçamento próprio.

Por que aceitou ser secretário do governador eleito de SP, João Doria?

Ele compreende a importância da economia criativa e da política pública de cultura para a aceleração do desenvolvimento do estado. Em São Paulo, essas atividades contribuem com 3,9% do PIB. Foi um convite irrecusável.

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