O deputado estadual Átila Nunes (MDB) - Divulgação
O deputado estadual Átila Nunes (MDB)Divulgação
Por CÁSSIO BRUNO

Átila Nunes (MDB) foi eleito deputado estadual pela primeira vez em 1970. Aos 70 anos, está no 12º mandato, mas, desta vez, não se reelegeu para o período 2019-2022. Ele aparece na lista de parlamentares da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) cujo assessores fizeram movimentações bancárias suspeitas, segundo o Coaf.

É autor da lei que criou a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância. Em 2017, votou pela anulação da prisão de deputados de seu partido: Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, na Operação Cadeia Velha.

O DIA: O Coaf diz que funcionários do seu gabinete movimentaram R$ 2,2 milhões. Como o senhor explica?

ÁTILA NUNES: Eu e outros deputados com conduta parlamentar inquestionável fomos surpreendidos. Não tenho razão para duvidar do comportamento da minha assessoria. Todos merecedores de confiança. Trabalham duro, alguns há anos, sem qualquer tipo de mácula. Alguns dados sobre funcionários nos relatórios do Coaf estão equivocados, provavelmente por causa de informações desencontradas da própria Alerj. Tudo será esclarecido.

É o pior momento vivido pela Alerj?

Tivemos muitos momentos ruins na Alerj nos últimos anos: cassações de deputados por causa de irregularidades no auxílio-educação e a prisão de parlamentares. Agora, são ameaças de morte e relatórios do Coaf apontando para movimentações suspeitas. Os últimos 10 anos foram os piores que testemunhei em 12 mandatos.

Não houve impunidade nesses anos?

Nem sempre. Foram cassados vários deputados. Privilégios, cortados. O Legislativo é o poder mais exposto de todos, já que seus membros são obrigados a externar opiniões e votos sob o constante olhar da mídia. Nenhum outro poder é tão devassado.

Como vê a renovação da Alerj?

Não existe a menor chance de prosperar qualquer ação isolada ou de um grupo de deputados, sem a colaboração dos demais. Para alguém sem experiencia parlamentar, são necessários dois mandatos para se ter a expertise de legislador.

O PSL elegeu 13 deputados. Como avalia a onda Bolsonaro?

Vi uma onda semelhante quando Brizola assumiu e elegeu 24 deputados. Conheço alguns dos 13 e sei que são bons quadros. O erro é estimular a divisão ideológica. Não funciona na prática. A disputa pela presidência é exemplo. O André Ceciliano (PT) assumiu a Alerj na maior crise da história. Substituiu Picciani e enfrentou a crise do governo Pezão, conseguindo o impossível: a pacificação de todas as correntes, inclusive as ideológicas

Pretende voltar para a política?

Eu não deixei a política e sei que vou retornar a qualquer momento, já que estou na primeira suplência. Políticos não deixam a política. Política é um tipo de paixão impossível de ser contida.

Você pode gostar
Comentários