André Corrêa, do DEM, no momento da prisão em novembro de 2018 - ESTEFAN RADOVICZ
André Corrêa, do DEM, no momento da prisão em novembro de 2018ESTEFAN RADOVICZ
Por CÁSSIO BRUNO

No mesmo dia em que a Operação Lava Jato mandou para a cadeia o ex-presidente Michel Temer e o ex-governador do Rio Moreira Franco, ambos do MDB, a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), sob o comando de André Ceciliano (PT), decidiu dar posse, sem alarde, aos cinco deputados presos na Furna da Onça, braço da... Lava Jato!

Agora, mesmo os suplentes assumindo os mandatos, os detentos podem voltar aos cargos caso sejam soltos. Ou seja: o que Ceciliano sempre desejava. Ontem, a Coluna revelou, com exclusividade, que os substitutos iriam à Justiça por considerar que o petista adiava o processo propositalmente para dar sobrevida legislativa ao grupo.

Na cadeia

O processo de assinatura do termo de posse, no Complexo de Gericinó, durou meia hora. Márcio Canella (MDB), Marcus Muller (PHS) e o procurador Sérgio Pimentel chegaram no local às 16h.

'Confiantes'

Os parlamentares deixaram as celas e foram para uma sala, onde assinaram os documentos juntos. "Prisão é sempre ruim, mas estavam bem, confiantes", contou Canella.

Enquanto isso...

Poucos deputados reagiram à decisão da Mesa Diretora da Alerj. Apenas Chicão Bulhões (NOVO), Renan Ferreirinha (PSB), Renata Souza (Psol), Dani Monteiro (Psol) e Luiz Paulo (PSDB) foram à tribuna contestar. O resto manteve-se em silêncio.

Aliás...

Chicão e Renan vão propor uma sessão extraordinária, na próxima terça-feira, para os deputados debaterem a posse dos parlamentares. O objetivo é tentar a revogação da manobra de Ceciliano.

A turma de Bangu

Os presos: André Corrêa (DEM), Luiz Martins (PDT), Marcos Abrahão (Avante) e Marcus Vinicius Neskau (PTB). Chiquinho da Mangueira (PSC) está em regime domiciliar. São acusados de participar do esquema de corrupção de Sérgio Cabral (MDB).

O acerto

Moreira Franco intermediou um almoço, no Palácio do Jaburu, entre Michel Temer e o delator José Antunes Sobrinho, da Engevix, no primeiro semestre de 2014. No cardápio, o acerto da propina para a cúpula do MDB.

Senhores passageiros...

O ex-governador do Rio também pediu R$ 4 milhões para a Odebrecht em troca de beneficiá-la no contrato de concessão do aeroporto do Galeão.

Quem sobrou?

Cabral, Eduardo Cunha, Jorge Picciani, Luiz Fernando Pezão, Paulo Melo e, agora, Moreira Franco. O comando inteiro do MDB do Rio, agora, está preso.

Com coragem

O governador Wilson Witzel (PSC) elogiou ontem, num evento, o presidente da Cedae, Helio Cabral, após as 54 demissões na empresa, classificando como "trabalho corajoso" para economizar dinheiro.

Mas nem tanto

Em 2015, o então conselheiro da Samarco não teve coragem de denunciar os riscos de rompimento da barragem que matou 19 pessoas em Mariana.

Em tempo

Hoje, os funcionários da Cedae fazem protesto contra as demissões. Na segunda-feira, Cabral terá de dar explicações aos deputados na Alerj.

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