Recuperado de uma isquemia no coração, o presidente da Câmera, Jorge Felippe (MDB), de 68 anos, já voltou ao trabalho depois de ter ficado internado. Em entrevista à Coluna, ele fala sobre as declarações polêmicas do prefeito Marcelo Crivella (PRB); o seu partido, alvo da Lava Jato; e a agressão do filho Fábio Tuffy à ex-esposa.
O DIA: O senhor concorda com o Marcelo Crivella de que "o Rio está uma esculhambação"?
JORGE FELIPPE: (Risos) O Rio está precisando de cuidado. Têm coisas que necessitam de endurecimento. A ocupação do espaço público é exemplo. É preciso regras mais duras.
Então o senhor concorda com o prefeito?
Se a esculhambação for em relação à PM, não concordo. Faltou o cuidado de fazer as exceções. Mas, depois, ele retificou.
Como está sua relação com o Crivella?
Independente e harmônica. Há divergências. É natural. Exemplo: a Lei Orgânica proíbe delegação de competência do Legislativo para o Executivo. Revogamos uma lei que permitia ao Executivo transferir imóveis da Prefeitura para o Previ-Rio. O prefeito não gostou.
Os conflitos têm a ver com cargos na prefeitura, com exonerações das suas indicações?
Não. Seria mesquinho. Não existe isso.
Como avalia a administração do Crivella?
Passou por dificuldade em 2017. Equilibrou em 2018. A Câmara contribuiu para a recuperação financeira. Não fossem as leis aprovadas, o Rio já estaria inadimplente com as obrigações. Foi graças à revisão do IPTU, ao aumento do ITBI, que possibilitaram a Prefeitura arrecadar acima de bilhão de reais.
O senhor apoiará a reeleição do prefeito?
Não está se discutindo. O meu partido não tem posição ainda ao futuro.
Mas o senhor pessoalmente o apoiará?
Sou um homem de partido. Vai depender muito da posição do meu partido.
Toda a cúpula do MDB, no Rio, está presa. O partido acabou?
Estamos reconstruindo.
De que forma?
O partido hoje está mais aberto para discutir as questões internas. Estamos num bom caminho.
Como vê as prisões de Moreira Franco e de Michel Temer?
Eu não comento decisão judicial.
Como ficou a relação com seu filho após ele ter agredido a ex-esposa?
Ele passou por um momento difícil. Está reconstruindo a vida. É um menino bom, trabalhador. Fez o que não deveria fazer. Mas tem humildade de reconhecer tudo. Buscou tratamento psiquiátrico. Está se cuidando.
A Justiça bloqueou seus bens. Segundo o Ministério Público, o senhor abriu empresa de fachada num paraíso fiscal. Tem dinheiro no exterior?
Nunca tive, não tenho e não terei. Tanto que a Justiça já desbloqueou.