Gutemberg Fonseca foi escolhido como secretário de Governo - Divulgação
Gutemberg Fonseca foi escolhido como secretário de GovernoDivulgação
Por CÁSSIO BRUNO
Gutemberg de Paula Fonseca, de 45 anos, foi nomeado pelo governador Wilson Witzel (PSC) para comandar a Secretaria de Governo e Relações Institucionais. Ex-árbitro de futebol e vascaíno, pisou em campo pela última vez em 2011 para apitar a final da Copa Rio entre Friburguense e Madureira. Deixou a profissão acusando a Comissão de Arbitragem da CBF de corrupção. O caso foi arquivado. 
Na política, ocupou cargos no governo Sérgio Cabral (MDB) e nas prefeituras de São João de Meriti e Japeri. Hoje, a esposa comanda a empresa da família de comunicação digital. À Coluna, defende o sonho do chefe de ser presidente da República. "Mas só se o Jair não quiser mais", ressalta.
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O DIA: Qual é o balanço de quatro meses de governo?
GUTEMBERG FONSECA: A gente encontrou o Estado sucateado, sem um norte. Se você pegar o plano de governo do governador, quais são as três prioridades? Segurança, o combate à corrupção e à lavagem de dinheiro e a reorganização da conta pública. Foi isso que começou a acontecer.
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O Witzel declarou que os snipers já estão sendo usados, mas sem divulgação. O senhor é a favor?
O sniper sempre foi usado. O governador declarou o seguinte: entre o inocente e o bandido, prevalece o inocente. Entre a vida de uma vítima e de um bandido que pode tirar a vida de um inocente, um sniper pode atuar.
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O governador foi claro: autoriza o abate de criminosos com fuzis.
O bandido com fuzil na mão não é um bandido qualquer, é um terrorista. O governador jamais vai dar um pronunciado sem estar pautado na lei. Ele conhece muito sobre o assunto.
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A lei não é clara e alguns juristas argumentam inconstitucionalidade.
Você interpreta em cima do que a lei diz. Pode ser que você leia duzentas mil vezes e ache que não é como está escrito ali. Mas existe a jurisprudência. E é isso que baseia as informações dele. O sniper não foi o governador quem criou. O governador só afirma que, em cima da lei, pode ser utilizado, no momento em que a lei permita.
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Por que o senhor não deu certo na articulação política do governador?
Na realidade, nunca recebi a missão. O governador nunca chegou para mim e falou: "sua missão, a partir de agora, será essa". Pelo contrário.
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De quem era, afinal?
Não tinha uma figura. Mas naquele momento, era o líder de governo (na Alerj), o Márcio Pacheco (PSC). Era o contato direto. Ele (Witzel) falou assim: "Gutemberg, você cuidará dos senadores, dos deputados federais". Tanto que o gabinete de representação (em Brasília) está com a secretaria de Governo. Ele preferiu que o chefe de gabinete (Cleiton Rodrigues) cuidasse da Assembleia.
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Mas o senhor iniciou conversas na Alerj e os deputados reclamaram.
Não é verdade (as reclamações). Sempre encontro com deputados. Tanto no Rio quanto em Brasília.
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Por que a relação tão conturbada entre o senhor, o Lucas Tristão (secretário de Desenvolvimento Econômico) e o José Luis Zamith (Casa Civil)?
Pelo contrário. Aproveitaram a distância (dos três) por causa do trabalho e começaram a criar a discórdia, a briga. Nunca encarei desta forma. Sempre encarei que todos eles têm muito trabalho para entregar ao governador e à população.
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Não há disputa de poder?
De maneira alguma. O Estado precisa da entrega imediata de soluções. E, se você parar para dar atenção à briga, à discórdia, você deixará de entregar o que prometeu.
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Mas a briga pelo comando da Comunicação do governo é um exemplo.
Fiz a comunicação digital na campanha. É natural imaginarem que eu vá para a Comunicação. Hoje, quem responde pela Comunicação do governo é o governador.
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Não é prematuro o governador se declarar candidato à Presidência?
Ele nunca afirmou querer o lugar do Jair Bolsonaro. Se preparou para ser governador. E se prepara para um dia ser presidente. É um sonho, um desejo. Se o Jair não quiser mais. Não é prematuro. Se pensarmos assim, foi prematuro ele ser candidato a governador porque nunca foi candidato a nada.
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O governador está deslumbrado com o poder?
Não tem isso. Ele nunca toma medidas pela razão ou emoção. Ouve todos os lados. Fala com todo mundo.
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O senhor foi indicado pelo Flávio Bolsonaro e pelo presidente. Como vê o episódio do Queiroz?
Não fui indicado por eles. Fiz a campanha do governador na internet. É natural o convite. Mas jamais neguei a amizade com o Flávio. Tenho admiração pelo Jair.
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E o caso Queiroz?
Conheci o Queiroz. Cada um responde pelo seu CPF. Se ele fez, tem que pagar. Se ficar algo comprovado de que ele (Flávio) teve participação, é lógico que ele terá de pagar, mas não acredito.
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Tem pretensão política?
Não. Quando o governador não quiser mais, vou trabalhar na minha empresa.