'Ele (Witzel) se prepara para ser presidente. É um desejo', diz secretário de Governo do Rio
Em entrevista à Coluna, o ex-árbitro de futebol Gutemberg Fonseca defende a pretensão do governador de concorrer à sucessão de Jair Bolsonaro, em 2022
Gutemberg Fonseca foi escolhido como secretário de GovernoDivulgação
Por CÁSSIO BRUNO
Gutemberg de Paula Fonseca, de 45 anos, foi nomeado pelo governador Wilson Witzel (PSC) para comandar a Secretaria de Governo e Relações Institucionais. Ex-árbitro de futebol e vascaíno, pisou em campo pela última vez em 2011 para apitar a final da Copa Rio entre Friburguense e Madureira. Deixou a profissão acusando a Comissão de Arbitragem da CBF de corrupção. O caso foi arquivado.
Na política, ocupou cargos no governo Sérgio Cabral (MDB) e nas prefeituras de São João de Meriti e Japeri. Hoje, a esposa comanda a empresa da família de comunicação digital. À Coluna, defende o sonho do chefe de ser presidente da República. "Mas só se o Jair não quiser mais", ressalta.
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O DIA: Qual é o balanço de quatro meses de governo?
GUTEMBERG FONSECA: A gente encontrou o Estado sucateado, sem um norte. Se você pegar o plano de governo do governador, quais são as três prioridades? Segurança, o combate à corrupção e à lavagem de dinheiro e a reorganização da conta pública. Foi isso que começou a acontecer.
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O Witzel declarou que os snipers já estão sendo usados, mas sem divulgação. O senhor é a favor?
O sniper sempre foi usado. O governador declarou o seguinte: entre o inocente e o bandido, prevalece o inocente. Entre a vida de uma vítima e de um bandido que pode tirar a vida de um inocente, um sniper pode atuar.
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O governador foi claro: autoriza o abate de criminosos com fuzis.
O bandido com fuzil na mão não é um bandido qualquer, é um terrorista. O governador jamais vai dar um pronunciado sem estar pautado na lei. Ele conhece muito sobre o assunto.
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A lei não é clara e alguns juristas argumentam inconstitucionalidade.
Você interpreta em cima do que a lei diz. Pode ser que você leia duzentas mil vezes e ache que não é como está escrito ali. Mas existe a jurisprudência. E é isso que baseia as informações dele. O sniper não foi o governador quem criou. O governador só afirma que, em cima da lei, pode ser utilizado, no momento em que a lei permita.
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Por que o senhor não deu certo na articulação política do governador?
Na realidade, nunca recebi a missão. O governador nunca chegou para mim e falou: "sua missão, a partir de agora, será essa". Pelo contrário.
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De quem era, afinal?
Não tinha uma figura. Mas naquele momento, era o líder de governo (na Alerj), o Márcio Pacheco (PSC). Era o contato direto. Ele (Witzel) falou assim: "Gutemberg, você cuidará dos senadores, dos deputados federais". Tanto que o gabinete de representação (em Brasília) está com a secretaria de Governo. Ele preferiu que o chefe de gabinete (Cleiton Rodrigues) cuidasse da Assembleia.
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Mas o senhor iniciou conversas na Alerj e os deputados reclamaram.
Não é verdade (as reclamações). Sempre encontro com deputados. Tanto no Rio quanto em Brasília.
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Por que a relação tão conturbada entre o senhor, o Lucas Tristão (secretário de Desenvolvimento Econômico) e o José Luis Zamith (Casa Civil)?
Pelo contrário. Aproveitaram a distância (dos três) por causa do trabalho e começaram a criar a discórdia, a briga. Nunca encarei desta forma. Sempre encarei que todos eles têm muito trabalho para entregar ao governador e à população.
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Não há disputa de poder?
De maneira alguma. O Estado precisa da entrega imediata de soluções. E, se você parar para dar atenção à briga, à discórdia, você deixará de entregar o que prometeu.
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Mas a briga pelo comando da Comunicação do governo é um exemplo.
Fiz a comunicação digital na campanha. É natural imaginarem que eu vá para a Comunicação. Hoje, quem responde pela Comunicação do governo é o governador.
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Não é prematuro o governador se declarar candidato à Presidência?
Ele nunca afirmou querer o lugar do Jair Bolsonaro. Se preparou para ser governador. E se prepara para um dia ser presidente. É um sonho, um desejo. Se o Jair não quiser mais. Não é prematuro. Se pensarmos assim, foi prematuro ele ser candidato a governador porque nunca foi candidato a nada.
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O governador está deslumbrado com o poder?
Não tem isso. Ele nunca toma medidas pela razão ou emoção. Ouve todos os lados. Fala com todo mundo.
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O senhor foi indicado pelo Flávio Bolsonaro e pelo presidente. Como vê o episódio do Queiroz?
Não fui indicado por eles. Fiz a campanha do governador na internet. É natural o convite. Mas jamais neguei a amizade com o Flávio. Tenho admiração pelo Jair.
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E o caso Queiroz?
Conheci o Queiroz. Cada um responde pelo seu CPF. Se ele fez, tem que pagar. Se ficar algo comprovado de que ele (Flávio) teve participação, é lógico que ele terá de pagar, mas não acredito.
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Tem pretensão política?
Não. Quando o governador não quiser mais, vou trabalhar na minha empresa.