Empresário Paulo Marinho conta que recebeu do governador de São Paulo, João Dória, a missão de reestruturar o PSDB no Rio - Daniel Castelo Branco/Agência O Dia
Empresário Paulo Marinho conta que recebeu do governador de São Paulo, João Dória, a missão de reestruturar o PSDB no RioDaniel Castelo Branco/Agência O Dia
Por O Dia
Depois de deixar o PSL de Bolsonaro e se filiar ao PSDB, o empresário Paulo Marinho conta que recebeu do governador de São Paulo, João Dória, a missão de reestruturar o partido no Rio. O estado é um dos que não conseguiu eleger nenhum deputado federal para a atual legislatura. Questionado sobre já estar preparando o palanque de Dória para 2022, Marinho defende que seu trabalho à frente do governo de São Paulo o credencia. Minimiza polêmicas do correligionário, como sua proposta de incluir ração humana na merenda escolar. Para ele, a investigação sobre movimentações financeiras suspeitas de Fabricio Queiroz, não afetará o senador Flávio Bolsonaro, de quem é suplente. Nega que tenha sido escanteado pelo presidente Jair Bolsonaro após a eleição presidencial, mas critica a forma como o presidente expôs o ex-secretário Geral Gustavo Bebianno, seu amigo de longa data.
Diante da sua entrada no PSDB, qual o seu principal objetivo?
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Fazer um trabalho de revitalizar o partido porque não é possível que um partido do tamanho do PSDB nacional não tenha conseguido eleger um único deputado federal no Rio de Janeiro. Isso mostra que o partido precisa fazer um trabalho de se comunicar com as bases. Precisa que o PSDB tenha uma comunicação direta com a população que não está existindo. O fato mais evidente disso foi justamente a situação da última eleição no Rio de Janeiro. E o PSDB no Rio de Janeiro precisa ser revitalizado. Eu fui convidado pelo governador João Dória para enfrentar esse desafio. E eu aceitei esse convite porque
eu acho importante que o Rio de Janeiro possa ser uma plataforma eleitoral para o projeto de 2022 do PSDB. Eu acho que o PSDB com certeza vai ter um candidato competitivo nas próximas eleições presidenciais.
Que a gente já pressupõe que seja o Dória... 
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Com certeza será o Dória. Ele está fazendo um trabalho excepcional a frente do governo do estado de São Paulo e esse trabalho dele é que vai credenciá-lo para ser o candidato ou não à presidência da República. Mas ainda é muito cedo para se falar em candidatura à presidência da República. Ele mesmo insiste para que a gente não traga esse assunto para a mesa agora. Eu acho que ele está correto. No momento, o que ele precisa fazer é governar o estado de São Paulo, que é o que ele tem feito muito bem.
Mas é evidente que quando se fala em sucessão presidencial daqui a três anos e meio, é natural que se coloque o nome dele. Ele se tornou a maior liderança do PSDB, hoje, no Brasil.
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Você pretende fazer alguma mudança no PSDB logo de cara? Porque quando a gente fala de reestruturar o partido, é trabalhar para que ele apareça mais...
Eu acho que o trabalho mais importante, primeiro, é abrir o partido para as novas filiações, tentar conquistar novos filiados para o partido, pessoas que se interessem em participar da vida política do nosso estado, que hoje é muito difícil. Esse trabalho tem que ficar concentrado mais fortemente junto à população jovem, tem que trazer os jovens para o partido, tem que trazer as mulheres. Outro dia, fiz uma primeira reunião do partido e não tinha uma mulher nessa reunião. De fato, a gente precisa trazer mais mulheres. Até porque a lei exige hoje que você tenha uma percentual mínimo de 30% na nominata do partido de mulheres. Não é possível ter mulheres só para contar em uma tabela. Você precisa trazer gente que tenha, de fato, interesse em participar da política.
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Vai ser uma missão fácil?
Essa missão é dificílima.
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Por que?
Eu tenho quatro filhos, entre 19 e 28 anos. E é muito difícil um jovem nessa idade ter interesse na política partidária. A política partidária em princípio está desacreditada. É um trabalho de reconquistar, é muito difícil. Acho que essa é a missão mais difícil que o partido tem. Trazer gente jovem, mulheres e negros para o partido. Para a gente poder traduzir o partido no que o estado é.
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Como foi esse convite do Dória? 
Eu tenho uma relação pessoal com o governador Dória há muitos anos. Eu participei da última campanha presidencial apoiando o candidato Bolsonaro e, durante o período da campanha, tive um episódio de fazer uma aproximação do governador Dória com o presidente da República, ainda no período da campanha, logo depois do primeiro turno. Durante esse período, eu fiquei muito dedicado a esse projeto. Mas meu projeto original, na realidade, era quando o João Dória tinha colocado a candidatura dele para ser apreciada pelo partido, lá no início, em 2017, quando ele ainda era prefeito de São Paulo.
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Ele era o meu candidato preferencial, que eu gostaria de ter eleito presidente da República. Mas , como ele não viabilizou internamente a candidatura dele, eu achei que a candidatura do capitão Bolsonaro poderia servir para derrotar o PT. E acho que a proposta de derrotar o PT era uma proposta para haver uma alternância no poder. O PT já estava há muitos anos no poder. Era importante que houvesse essa mudança, até para que a população pudesse testar um outro modelo de governança no Brasil. E em um determinado momento, o capitão Bolsonaro foi quem encarnou melhor as condições de poder fazer essa mudança.
E quais as melhores condições  de fazer essa mudança? 
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Eu digo eleitoralmente. Ele sempre despontou como o candidato viável para essa eleição do pleito passado.
O PSDB aqui no Rio tem um grupo que já tocava o partido pelo menos há uns dez anos. O Luiz Paulo, o Otávio Leite. Como fica sua relação com eles?
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Antes de entrar para o partido, eu tive o cuidado de procurar pessoalmente o deputado Luiz Paulo e procurei também o Otávio Leite. Tive uma conversa com ambos mostrando o meu desejo de me filiar ao partido e mostrando qual era o objetivo dessa filiação, que era ajudar o partido nesse processo de revitalização. Fui muito bem recebido pelo deputado Luiz Paulo, fui ao gabinete dele, tivemos uma conversa muito cordial, estivemos juntos quase duas horas.
Quando o senhor esteve no gabinete dele?
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Há mais ou menos um mês. Fiz questão de convidá-lo pessoalmente para o jantar que ofereci ao governador Dória. Ele não aceitou o convite por motivos de natureza pessoal que não me cabe julgar, mas eu tive o cuidado e a delicadeza de convidar, não só o deputado Luiz Paulo como também mandei um convite pelo WhatsApp para a deputada Lucinha, que eu não conheço. Eu tenho muito respeito pela história política do deputado Luiz Paulo, se eu não me engano ele está no quinto mandato. Eu me recordo que em um desse mandatos eu fui eleitor do Luiz Paulo. Eu espero muito que o deputado Luiz Paulo e a deputada Lucinha compreendam esse trabalho que a gente vai fazer a frente do PSDB e que possam vir se juntar a nós e eventualmente ajudar. Eu não posso obrigar ninguém a querer, a fazer um trabalho político que a pessoa não se sinta identificada. O gesto de procurá-los, de prestar a eles a minha homenagem eu fiz, e gostaria muito de contar com a ajuda deles porque acho que são pessoas importantes para o partido.
E o Otávio Leite?
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Eu tive um café da manhã com ele. Fui lá. A deputada Lucinha eu também procurei, não fui feliz no contato com ela porque não foi possível na agenda dela marcar esse encontro comigo, mas a procurei também. E tive contato com todos os vereadores do PSDB da capital, que estavam aqui no jantar em homenagem ao Dória. Aliás, foi entregue aqui ao governador João Dória o título de cidadão honorário do Rio de Janeiro pelo vereador Professor Adalmir e eu tive contato com ele. Esteve aqui o Felipe Michel. O prefeito de Mesquita, o Jorge Miranda, também esteve aqui homenageando o governador. O Miranda é uma pessoa muito ligada ao deputado Luiz Paulo. Procurei o prefeito Jorge Miranda pessoalmente, tivemos uma reunião aqui na minha casa, expliquei a ele quais são os planos que me movem à frente do PSDB. Acho que ele compreendeu e que vai nos ajudar, é uma pessoa que eu conto muito com a ajuda. O Samuca, prefeito de Volta Redonda, é uma pessoa que está na nova Executiva provisória do PSDB, ao meu lado, eu tenho com ele uma relação muito próxima. Também o vereador Bruno Lessa, lá de Niterói, e outros que também estão na Executiva como a Aspásia. Tem muita gente importante do PSDB que está apoiando esse projeto de revitalização do partido. Não tem porquê as pessoas não se mobilizarem, não se juntarem nessa missão. Nós não temos muita coisa, o PSDB não é um partido que tenha uma expressão muito forte no Rio de Janeiro. Então, não tem nem porquê haver essa disputa interna no partido.
O senhor foi colocado no cargo, então, para estruturar o palanque do Dória em 2022?
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Não foi para estruturar o palanque do Dória. Eu fui convidado pelo governador Dória, aliás, não foi pelo governador, eu fui convidado pelo presidente nacional do partido, o ex-deputado Bruno Araújo, obviamente com a concordância do governador. O Bruno Araújo me convidou para assumir aqui a presidência, ele nomeou uma Executiva provisória na qual eu estou como presidente e a tarefa que o Bruno me encarregou é de revitalizar e reestruturar o partido aqui no Rio de Janeiro. Fazendo esse trabalho que eu falei anteriormente, de abrir as portas do partido para quem queira vir participar da
política através do PSDB.
 
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Como pretende tornar o partido mais atrativo?
A gente vai tornar o partido mais atrativo na medida em que a gente abra o partido para que todos que queiram participar da política venham se filiar ao PSDB. Obviamente que o partido do PSDB comandado pelo Bruno Araújo é um partido que, do ponto de vista ideológico, vai se posicionar um partido de centro, que vai conversar com a direita e com a esquerda. O projeto imediato do Rio de Janeiro é projeto da eleição para prefeitos do estado do Rio de Janeiro. Nós precisamos encontrar nomes que possam representar o PSDB, isso não é uma tarefa fácil também não. Todos os partidos, com a decadência política do estado do Rio de Janeiro, sofreram. O PSDB talvez seja o que sofreu menos porque, como não tinha muita expressão, perdeu menos. Mas acho que o PSDB tem condição de encontrar, trazer, seduzir pessoas, trazer nomes que possam representar o PSDB nas próximas eleições, esse é o grande projeto. Nós vamos ter candidaturas próprias nas principais cidades do estado.
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Como por exemplo?
Como por exemplo o Rio de Janeiro. Vamos ter que ter uma candidatura forte.
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Quem seria o candidato próprio aqui no Rio?
Esse nome vai aparecer. Hoje se você perguntar quem é o nome que está consolidado para ser o candidato do PSDB, não tem. Até porque o partido não construiu uma base política forte. Então, o PSDB vai ter um nome próprio para a campanha do Rio. Vai ter uma candidatura própria, até porque no próximo pleito não serão possíveis mais as coligações proporcionais. Então, é importante que o partido tenha um candidato próprio até para poder apoiar a nominata de candidatos a vereadores. Tem bons vereadores no Rio de Janeiro, que já foram eleitos. Nós temos hoje aqui três vereadores, a Teresa Bergher, o Felipe Michel e o Professor Adalmir e nós precisamos, pelo menos, dobrar essa bancada aqui no Rio de Janeiro. Vamos fazer pelo menos seis vereadores aqui no Rio e vamos encontrar um nome para ser um nome competitivo na eleição para prefeito. Quem sabe o PSDB não faz o próximo prefeito do Rio de Janeiro? Esse é o meu sonho. E se a gente conseguir isso, a gente já estará dando um imenso passo nesse processo de reconstrução, de revitalização. Acho que o nome mais apropriado esse, revitalizar o partido. É abrir o partido, poder dar a possibilidade, oportunidade às pessoas de se filiarem ao partido. As fichas de filiação do partido tem que estar abertas a qualquer pessoa que queira se filiar. Esse não é um partido que pertença a
ninguém, é um partido que tem que ser de todos.
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Você não tem nenhum tipo de pretensão política em relação a assumir, de repente, se lançar no ano que vem?
Eu não tenho. Até porque o melhor trabalho que eu posso fazer é esse trabalho partidário de articulação. Acho que esse é o trabalho que eu posso fazer, desempenhar melhor. Eu não tenho nenhuma vida pregressa eleitoral que me permita sonhar com uma eleição majoritária, por exemplo. Mas não tenho nenhuma intenção de participar como candidato desse projeto. Mas quero apoiar um nome. Nós precisamos salvar o Rio de Janeiro. O Rio de Janeiro chegou em um momento que realmente não dá para continuar da maneira que está. O Rio de Janeiro chegou no fundo do poço, nós temos hoje uma situação de emergência e nós precisamos encontrar alguém para salvar o Rio de Janeiro. É isso que a gente precisa. Em todos os níveis, não é só na Zona Sul não. Na Zona Norte, Zona Oeste...
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O senhor fala de salvar a cidade? Ou o Estado do Rio de Janeiro?
Eu digo para salvar o estado. Mas acho que esse processo começa com a eleição para prefeito, que vai começar agora. Daqui seis meses essa questão está posta. Temos hoje um prefeito que mostrou, ao longo desses anos, uma completa falta de vocação para essa função de prefeito. A gente precisa encontrar alguém para salvar o Rio de Janeiro no sentido de a cidade está pedindo socorro. Precisamos atender esse pedido de socorro da cidade para eleger alguém que ame a cidade, alguém que tenha vocação para ser um gestor. Que possa, de fato, gerir a cidade e que possa melhorar a vida das
pessoas.
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Você acha que esse fortalecimento do PSDB é uma coisa que joga contra o governador Wilson Witzel, que já anunciou que pretende concorrer à presidência em 2022 e parecia estar se aproximando do PSDB...
Eu não tenho essa informação de que o governador Witzel esteja se aproximando do PSDB não. O que ele fez foi um convite para o ex-presidente do PSDB, o Otávio Leite, para ser secretário dele e o Otávio Leite aceitou. Foi uma decisão pessoal do Otávio Leite, não tem nenhuma decisão partidária, o PSDB não está no governo do Witzel. O PSDB está longe do governo do governador Witzel, quem está dentro do governo Witzel é o Otávio Leite, pessoa física.
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O senhor foi fundamental na eleição de Jair Bolsonaro, que até gravou os programas de TV dele na sua casa. Seu nome ainda está muito vinculado ao PSL. Como está sua relação com o Flávio, de quem você é suplente no Senado?
O último contato que eu tive com o Flávio faz uns 60 dias. Mas tenho com ele uma relação de muita cordialidade. Eu sou suplente dele no Senado, participamos da campanha juntos, eu o acompanhei em alguns eventos de campanha. Eu acho o Flávio um político jovem, competente, acho que ele tem um futuro brilhante aqui no estado e que ele vai representar muito bem o Rio de Janeiro no Senado Federal. Sobretudo porque ele é filho do presidente da República, então tem, além dessa capacidade dele pessoal, essa ligação familiar com o presidente. Com certeza vai refletir em benefícios para o Rio de Janeiro. Ele representa o Rio no Senado. Então, eu acho que o Rio vai se beneficiar da presença do Flávio lá no Senado. Eu tenho muita esperança de que ele faça um belo mandato para o Rio de Janeiro.
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E esse escândalo do Queiroz? Não vai interferir na atuação do Flávio? 
Eu não conheço os detalhes dessa história do Queiroz com o Flávio. Mas o que eu posso te dizer é o seguinte: eu acho que houve ali, vendo pelo noticiário, uma quebra de confiança do Queiroz em relação ao Flávio. Acho que o Flávio não tem nenhuma responsabilidade em nenhum dos episódios que estão sendo colocados aí na conta do Queiroz. Acho que o Queiroz, em algum momento, abusou da confiança que o Flávio tinha nele, cometeu esses deslizes e vai ter que pagar.
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O senhor acha que o Queiroz não estava a serviço do Flávio?
Como eu te falei, a minha relação com o Flávio vem de pouco tempo. Mas pelo pouco tempo que eu conheci o Flávio, desde o início da campanha, foi quando eu abracei a campanha do capitão, no início do ano passado. Eu tenho certeza de que o Flávio não tem nenhuma ingerência nas práticas que ele está sendo acusado. Acho também que está pagando o preço de ser o filho do presidente. Porque, obviamente, isso o coloca em uma exposição muito maior. Eu acredito na inocência dele.
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Se o Flávio for cassado, o senhor assume...
Eu não acredito nessa possibilidade, acho que não tem motivo nenhum para que isso aconteça. Acho que o máximo que pode acontecer nessa história é amanhã o Queiroz ser responsabilizado por desvios de conduta no gabinete e ele vai ter que responder. Mas acho que nada disso vai alcançar o Flávio como senador. E eu, sinceramente, não entrei na campanha do capitão Bolsonaro e não me tornei suplente do Flávio para ocupar a vaga do Flávio nessas circunstâncias. Eu não acredito que o Flávio tenha nenhum problema em relação a isso e eu torço muito para que ele passe rapidamente por esse processo porque, obviamente, isso o está desgastando muito. Eu não tive contato recentemente com o Flávio, mas sempre me coloquei à disposição dele. Ele sabe que eu só fiz ajudá-lo, desde a campanha e após a campanha. Portanto, eu fico aqui na torcida para que ele supere logo esse episódio.
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Há quanto tempo o senhor não fala com o Bolsonaro? 
A última vez que estive com ele foi uma terça-feira. Ele se elegeu no domingo, na segunda-feira após a eleição do segundo turno ele me telefonou pedindo para fazer a primeira reunião do governo aqui na minha casa na terça-feira. Eu gentilmente cedi a casa para que ele fizesse essa reunião, ele me convidou para participar naquela ocasião, eu participei. Estavam aqui todas as pessoas que estão no governo: o ministro Onyx, o Flávio Bolsonaro, o Gustavo (Bebbiano), o vice-presidente, o Paulo Guedes, estavam todos aqui. Houve essa primeira reunião e depois desse dia eu não tive mais contato com o capitão.
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Então foi só no iniciozinho do governo?
Sim, depois não estive mais com ele.
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O senhor participou ativamente da campanha. Não se sentiu escanteado depois que ele foi eleito?
Eu abracei a candidatura do capitão Bolsonaro porque eu achava que ele era o único que, naquele momento, tinhas as condições (de ser eleito). Mas o capitão Bolsonaro nunca foi o meu candidato originário. Era o governador João Dória. Como ele não conseguiu viabilizar, eu fui procurado no início da campanha do capitão pelo meu amigo Gustavo Bebianno me pedindo ajuda e me pedindo que eu participasse da campanha. E eu vi a campanha e a candidatura do capitão Bolsonaro com muita simpatia e achei que ele realmente poderia ser o elemento de mudança.
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Como foi essa aproximação através do Bebbiano? Ele te pediu para dar uma força e você foi...
Não foi exatamente assim. O Gustavo Bebianno me fez um convite para que eu recebesse o capitão na minha casa. Ele veio a minha casa me conhecer e tivemos aqui uma reunião, no final de 2017, quando eu estive com ele aqui na minha casa pela primeira vez. Eu conhecia o capitão Bolsonaro de vista lá de Brasília porque eu morei lá. Mas vim a ter com ele uma relação pessoal nesse período de novembro de 2017 até o final da campanha. E o Gustavo me pediu e depois o capitão reafirmou o convite para que eu ajudasse na campanha e eu achei que era o caso de fazê-lo porque, de fato, eu achei que ele era a única pessoa que podia representar essa mudança no pleito presidencial. E acabei apostando na pessoa certa porque ele acabou ganhando a eleição e se tornando presidente da República. Mas eu não tinha nenhuma expectativa de participar de governo, nunca imaginei, nunca quis e coloquei isso para o capitão desde o início. Aliás, eu me tornei suplente do Senado do filho dele por convite dele e do filho. Nunca pleiteei nada, nunca passou pela minha cabeça. Achei que abraçando essa candidatura de suplente do filho dele, estaria ajudando a candidatura dele, então foi por esse motivo. Mas eu nunca coloquei essa questão pra ele. Quem me fez o pedido foi o filho dele, a pedido do próprio capitão.
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Como vê a saída do Bebianno do governo?
Eu lamento que ele tenha saído. Primeiro porque o Gustavo Bebianno é uma pessoa que dedicou a vida para eleger o capitão. Acho que a saída dele foi muito mal conduzida.
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Como assim?
O Gustavo Bebianno é uma pessoa completamente desambiciosa. Então, ele não tinha nenhum apego ao cargo. Bastava que o capitão chamasse ele para uma conversa de amigos no gabinete e encontrasse com ele um motivo natural para a saída que ele teria deixado o governo sem nenhum problema. Não precisava ter exposto o Gustavo publicamente como foi feito desnecessariamente. O Gustavo é uma pessoa completamente desambiciosa. Ele atenderia o pedido do capitão pela amizade que ele tem e pela crença que ele tinha na liderança do capitão. Não precisava ter sido feito da maneira que foi. Acho que foi mal feita a saída do Gustavo Bebianno do governo como estão sendo mal conduzidas outras demissões do governo. No caso das outras eu não quero falar. Mas, no caso do Gustavo, eu conheço porque presenciei e via a importância que ele teve na campanha do capitão Bolsonaro. O capitão não  precisava ter feito o que fez com ele e acho que tinha com ele uma dívida de gratidão que merecia ter sido tratada de forma diferente. Mas, enfim, vida que segue, a vida é assim. E talvez, lá na frente, o capitão se arrependa e até, quem sabe, o convide para tomara um café juntos um dia no palácio.
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O Bebianno participou do jantar oferecido ao Dória aqui na sua casa. Ele também está vindo para o PSDB?
Não, o Bebianno estava aqui na condição de amigo meu e de admirador do governador João Dória. O Bebianno tem as opiniões políticas dele. Mas ele acha, como eu, que o governador Dória é um grande quadro político hoje no Brasil. Ele veio aqui prestigiar o governador com a presença dele e veio porque é meu amigo, meu irmão e é uma pessoa que eu quero muito bem. E eu não poderia fazer uma homenagem ao governador João Dória sem que ele estivesse presente. Foi uma questão mais de afinidade comigo e também de admiração ao governador.
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Voltando a questão da saída do Bebianno do governo Bolsonaro, como ele reagiu a essa exposição? 
Eu acho que ele reagiu mal. Ele não esperava ter sido saído do governo da maneira que foi. Obviamente, ele ficou frustrado, chateado, mas isso já passou. Ele já absorveu isso aí, já está em outra. Está buscando se recolocar na vida profissional dele como advogado competente que ele é.
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Como o senhor está avaliando esse início de governo?
O governo Bolsonaro está só começando, então eu acho difícil fazer uma avaliação do governo em seis meses.
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O governo teve uma derrota no Senado por conta da questão do armamento. Como o senhor vê isso?
Essa questão do armamento era uma promessa da campanha do capitão, mas não era uma questão pacificada na cabeça de todo mundo, tem muita gente que é contra. Acho que a derrota dele foi em função de que não tinha voto suficiente para aprovar. Ele tem lá um grupo de senadores que pensam diferente dele. Voltando ao governo Bolsonaro, eu acho que ele está só começando. Podia ter sido um começo mais tranquilo do que está sendo, mas também é um pouco do estilo dele. Ele é uma pessoa que a mídia deve agradecer porque ele gera notícia todos os dias para os jornais. Mas acho que ele tem muita chance de fazer um governo bom para o Brasil. Ainda está só começando, tem três anos e meio de governo.
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E a Reforma da Previdência? Sai ou não sai?
Com certeza passará. Não só pelo desejo do presidente, mas, sobretudo, pelo apoio que os governadores e o presidente da Câmara tem dado a essa proposta. Acho que essa proposta vai ser aprovada muito mais por causa do trabalho de apoio do governador João Dória, que é o principal cabo eleitoral dessa proposta junto aos governadores. Ele não fala em outra coisa a não ser na necessidade da aprovação da Previdência. E acho que o maior aliado do capitão na aprovação dessa reforma tem sido o presidente da Câmara. Se não fosse o presidente da Câmara e o governador Dória, essa reforma da Previdência não seria aprovada.
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E, no geral, como acha que está o atual governo?
Só gostaria que o governo Bolsonaro tivesse sucesso na proposta, porque ele teve o apoio da maioria da população brasileira. Então, tem muita gente com muita esperança no governo dele. Espero que ele faça um ótimo governo. Principalmente por conta da geração de empregos. O país está precisando. Não só o país, mas acho que essa questão no Rio de Janeiro é a principal. Você lembra que o comandante Rolim botava o tapete vermelho para os passageiros e ele pessoalmente ia receber os passageiros ali no tapete vermelho? Para mostrar a importância que tinham para a empresa dele. Eu acho que o próximo prefeito do Rio de Janeiro devia botar um tapete vermelho em um elevador da prefeitura para receber os empresários, empreendedores grandes ou pequenos. Porque o Rio de Janeiro precisa de emprego e quem gera emprego é a iniciativa privada, não é o governo. Essa é uma medida que pode ajudar muito o Rio de Janeiro a sair desse atoleiro que se encontra hoje. O próximo prefeito tem que tratar os empreendedores, as pessoas que estão querendo investir no Rio de Janeiro para gerar emprego, botar tapete vermelho. Qualquer tipo de empresário, desde o dono de uma padaria que gera três empregos, de um botequim que gera três empregos, até uma mega indústria que vai gerar 600, 700 empregos. Acho que o foco do próximo prefeito do Rio, primeiro tem que amar a cidade, tem que ter o espírito do carioca e tem que se empenhar em trazer para o Rio empresários e empreendedores. Isso que está faltando.
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E o que está achando do governo Witzel? 
O governador Witzel também herdou uma situação muito complexa. Não dá para esperar que o governador, em seis meses, resolva os problemas do estado do Rio de Janeiro tendo recebido a herança que ele recebeu de Cabral e Pezão, do MDB. Agora ele tem que entregar. Mas acho que ele é um sujeito ativo, animado, acho que ele vai tentar fazer alguma coisa. Mas ele tem uma missão difícil também. É um momento difícil para o estado. Existem muitas amarras do ponto de vista da situação fiscal do estado. O estado assinou com o governo federal para ficar na condição que está uma série de compromissos que ele hoje está amarrado. Isso também dificulta ainda mais a missão do governador de recuperar o estado. Mas eu acho que ele vai fazer um trabalho bom para o estado. Eu espero que ele faça, estamos contando com isso.
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O senhor falou sobre a importância do perfil jovem para os novos filiados do PSDB. Soube que o senhor tem um filho jovem, de 24 anos. Seria um novo nome do partido?
Ele é muito interessado na política. Você vê como é difícil a situação dos partidos políticos. Eu estou assumindo a presidência do PSDB e estou fazendo um trabalho de convencimento para que o meu filho eventualmente se filie ao partido. Ele não se filiou ainda mesmo eu sendo o presidente do partido. Ele quer ver a entrega do partido, quer entender que projeto é esse. Essa dificuldade começa dentro da minha própria casa. E estou te falando em relação a filho, imagina um jovem com quem a gente tem que fazer um trabalho desde o início. Acho que esse é o grande desafio. Trazer a juventude para dentro dos partidos políticos e, principalmente, para dentro do PSDB. A gente precisa de gente jovem para ajudar a reconstruir o partido.
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Se o senhor tivesse que me convencer, o que o senhor diria? Vem para o PSDB por quê?

Primeiro, o PSDB tem hoje talvez a maior liderança política do Brasil, que é o governador João Dória. Ele é hoje uma pessoa que tem uma cabeça completamente diferente de tudo que teve na política até hoje. Ele é um sujeito que imprime uma marca de gestor. Vamos nos inspirar no exemplo do governador Dória para trazer alguém para o Rio de Janeiro que governe como ele está governando lá. Se nós conseguirmos isso, já teremos feito um grande avanço aqui no Rio de Janeiro. Segundo, o partido do PSDB no Rio de Janeiro e no Brasil todo está aberto, não existe mais aquela coisa do cartório. As fichas de filiação do partido não estão mais escondidas dentro de uma gaveta, estão abertas a todo mundo que queira se filiar. Isso é o que eu chamo de revitalizar o partido.
Mas o Dória já esteve envolvido em algumas polêmicas. Lembra da história da ração nas escolas?
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Se você olhar mesmo aquela história, aquilo não tem nenhuma importância. O que tem importância de fato é o trabalho que ele está imprimindo no governo de São Paulo, o trabalho que ele fez na prefeitura.
O que o senhor destacaria nesse trabalho?
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A maneira como ele persegue os investimentos para São Paulo, ele briga pelos investimentos em São Paulo como se São Paulo não fosse o estado responsável por 35% do PIB brasileiro. Ele tem um compromisso com os paulistas e paulistanos imenso, ele luta por aquilo. Outro dia fui participar de uma reunião do secretariado dele, a convite dele, eu fiquei absolutamente impressionado. Eu nunca tinha visto isso em uma administração pública no Brasil. A qualidade do secretários do governador João Dória, a qualidade do trabalho, da liderança que ele imprime. Era uma reunião que durou quatro horas. Uma coisa absolutamente organizada, parecia que eu estava dentro de uma empresa no Vale do Silício, em termos de competência. Os secretários do governo de São Paulo é o que tem de melhor hoje na gestão pública do Brasil. Isso, por exemplo, já é um motivo que é suficiente para trazer uma pessoa para o partido. Com essa legislação nova, acho que a tendência é todos os partidos apresentarem candidatos a majoritário. Vai ser uma disputa. Provavelmente o Freixo vai ser o candidato da esquerda e nós vamos tentar encontrar uma candidatura de alguém que faça um trabalho de gestão para o Rio de Janeiro, que tire a prefeitura desse atoleiro, a cidade não aguenta mais viver a situação que está vivendo hoje.