
O DIA: Ainda tem esperança de ter o apoio do governador em 2020?
RODRIGO AMORIM: Em momento nenhum me foi negado o apoio. Tenho sustentado que vencemos a eleição juntos. Em 2018, foi um movimento que revelou o desejo da população, sobretudo no Rio, em romper com o sistema corrupto e ineficiente. Nosso eleitor é o mesmo.
Mas o Witzel não tem demonstrado apoio a você. Pelo contrário.
A pré-candidatura foi colocada agora pelo senador Flavio Bolsonaro como um desejo do partido, do PSL, de ter candidatura própria. Mas enxergo que esse movimento é suprapartidário porque esse mesmo movimento que eu estava me referindo, de 2018, se repete agora em 2020. Essa eleição de 2020 passa necessariamente pela liderança do Flávio e do governador. Eu ainda englobaria um terceiro fator que é o senador Arolde de Oliveira, de um partido grande, o PSD, e que ganhou a eleição conosco em 2018.
Mas isso não se torna inviável no momento em que o governador se diz pré-candidato à presidência em 2022 e o presidente Jair Bolsonaro não descarta a reeleição?
O governador nunca me falou diretamente. Enxergo uma questão de coerência. O eleitor é um só. No Rio, temos as seguintes correntes: a esquerda, que deve se unir porque foram derrotados em 2018; o retrocesso, que é o prefeito Marcelo Crivella (PRB); e uma de São Paulo (o PSDB deve lançar um candidato no Rio). Não encaixamos em nenhuma. Somos o voto conservador, que levou o presidente Bolsonaro à vitória e também o governador Witzel. Não consigo enxergar divergência. Um divórcio agora seria incoerência.
O governador já falou para você que te apoiará?
Por diversas vezes, desde o fim da eleição ano passado, já começávamos a desenhar o mesmo processo de mudança. Refiro-me à financeira (do Estado) e ao combate à criminalidade.
Mas falou sobre apoiar?
Desde o primeiro momento, ele se posicionou de que caminharíamos juntos para um processo de prefeitura.
Você acha que corre o risco dele não te apoiar?
Não há risco. Não há risco de rompimento do governador Wilson Witzel com o bolsonarismo. Vencemos a eleição juntos. Estamos juntos hoje. O PSL... eu, principalmente, sou base de apoio ao governo na Assembleia Legislativa. Temos o mesmo viés ideológico, os mesmos propósitos. Além disso, o governador é um homem de caráter. Sabe da minha lealdade e que, desde o primeiro momento, estive ao lado dele, quando ele tinha 1% (nas pesquisas).
Não fica chateado com a tentativa de aproximação com o Crivella?
Tenho observado essa suposta aproximação apenas por meio da imprensa. Na prática, há uma comunhão entre o governador e nós.
Trabalha com a possibilidade do Witzel não apoiar?
Por hora, não considero a hipótese justamente com base na coerência e o retrospecto nosso e por considerar uma força política única.
Se não houver aliança, manterá a candidatura?
A candidatura foi colocada pelo senador Flavio, pelo PSL. Sou um carioca apaixonado pela cidade. Fui o deputado mais votado no estado. Continuo insistindo na tese de que é uma corrente única.
A amizade com Fabrício Queiroz pode atrapalhar?
De forma nenhuma. O conheci com o Flávio. Fui candidato a vice-prefeito dele, em 2016, e o Queiroz já era assessor. Fez a campanha. Depois, fez a de senador do Flávio e a minha de deputado. Sou grato ao Queiroz. Ele tem relevância na vida política muito grande.
O chamaria para seu governo?
Não vejo perfil nele para ocupar uma secretaria. Mas se ele quiser participar do processo eleitoral, contribuindo, será muito bem-vindo, como foi em 2016 e 2018.
As denúncias também envolvem o Flavio.
O objetivo era atingir o Bolsonaro e o Flavio foi ferramenta para isso. Sou prova da honestidade dele.
Quebraria novamente a placa da Marielle?
Qualquer placa que esteja posta de forma ilegítima e transgredindo a regra. Aquela placa foi uma afronta das forças de esquerda.
Se arrepende?
De forma alguma.