O senador Arolde de Oliveira, presidente estadual do PSD do Rio
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O senador Arolde de Oliveira, presidente estadual do PSD do Rio DIVULGAÇÃO
Por CÁSSIO BRUNO
RIO - O empresário do ramo da comunicação e da música, engenheiro e economista Arolde de Oliveira, de 82 anos, foi eleito senador com 2.382.265 votos. Atuou como oficial do Exército e executivo das telecomunicações. Em 1982, sob o regime militar, entrou na política e somou nove mandatos consecutivos de deputado federal. Graças à eleição do ano passado, quando entrou na segunda vaga ao cargo (o primeiro foi Flavio Bolsonaro), Arolde, que é evangélico, assumiu a presidência estadual do PSD no Rio. Em entrevista à Coluna, o parlamentar revela ter ficado surpreso com a trama macabra envolvendo o assassinato do pastor Anderson do Carmo, secretário-geral da legenda e marido da deputada federal do partido, Flordelis.

O DIA: Os filhos da Flordelis a incriminaram. O senhor teme que uma deputada do PSD seja presa?

AROLDE DE OLIVEIRA: Não é uma questão de temer ou não temer. Eu lamentaria muito se isso acontecesse. Agora, como é um assunto familiar, estamos, como todo mundo, aguardando que a Justiça decida qual é a verdade. Estou acompanhando pela imprensa também. As nossas dúvidas são as da imprensa. Se o fato já foi lamentável porque era um companheiro (pastor Anderson do Carmo) bastante ativo, proativo e era nosso secretário-geral, inclusive, do PSD, foi uma perda, é lamentável também a situação que ela está agora enquanto aguarda o desenrolar dessas investigações da polícia.

O senhor havia percebido algum problema já que convivia com os dois?

Nada. Foi um fato estarrecedor e muito surpreendente. Nunca percebemos nada que pudesse vislumbrar que havia conflito, que havia alguma rusga. Nada. Ao contrário. A gente só tinha ideia de harmonia, inclusive, pela própria campanha que foi feita (em 2018). O pastor esteve de corpo e alma na campanha dela. Foi um grande responsável pelos acertos.

Qual era o plano dentro do partido para os dois?

Nosso plano político foi aquele. Era a eleição dela. É uma deputada federal hoje, com 200 mil votos (na verdade, a parlamentar recebeu 196.959 votos). Um resultado surpreendente! O futuro, evidentemente, é cedo para avaliar. A previsão era que ela exercesse um bom mandato de deputada federal que, aliás, estava fazendo até ocorrer esse fato lamentável.

Ela seria candidata à Prefeitura de São Gonçalo?

Dependeria do desenrolar do governo este ano. Mas o processo foi interrompido.

Se houver prisão, ela será expulsa do partido?

Não tratamos desse assunto porque não podemos fazer isso em hipótese de uma coisa que nós queremos, justamente, o contrário. Queremos que ela seja inocentada de tudo e possa continuar a vida normal como deputada federal. É o nosso desejo. Não podemos nos posicionar porque a gente tem que esperar que a Justiça resolva.

A Flordelis tem contrato com seu grupo de comunicação, a gravadora. O episódio causou prejuízo na carreira musical dela?

Não posso avaliar porque tenho que aguardar o resultado fi nal disso aí. Porque ela continua fazendo as programações. Nada mudou. E nem poderia mudar porque hoje tudo é suposição.

O PSD apoiará Rodrigo Amorim para prefeito?

Não! O PSD terá candidato próprio para a Prefeitura do Rio de Janeiro. Nós estamos, inclusive, em fase de conversação com vários políticos para termos nossa candidatura própria na eleição.

Qual é o quadro dentro do PSD que largaria na frente para ser o candidato?

Os nomes principais hoje são, justamente, o do (deputado federal) Hugo Leal, o do (deputado estadual) Jorge Felippe Neto... Tem os vereadores também. Mas a hora não é essa. Isso aí é uma conjectura. Nós vamos decidir melhor até o final do ano.

O senhor foi eleito graças à família Bolsonaro, da onda Bolsonaro. Não teme ser considerado um “traidor” por não apoiar um candidato do PSL?

Não. Somos parceiros, aliados. Eles também têm que apresentar candidatos próprios e, nas cidades grandes, a gente terá segundo turno. E, claro, que, a partir de janeiro do ano que vem, quando as coisas afunilarem nas conversas, é provável que em muitos municípios tenhamos de fazer alianças. Mas não é para resolver agora.

Há chance do Jorge Felippe Neto ser vice na chapa de Crivella?

É jovem, tem boa inserção politicamente. Mas é cedo para falar em aliança.

O senhor acha que partidos de centro-direita, como PSD, PSDB, DEM, devam disputar a eleição unidos para não repetir o erro de 2016, quando concorram Pedro Paulo, Indio da Costa e Carlos Osório?

A pergunta é absolutamente pertinente. Mas a decisão será depois de janeiro.

O senhor é a favor dessa união para 2020?

Não sou a favor nem contra. Temos que analisar o quadro completo e não temos esse quadro. E a nossa ideia é candidatura própria.

Esperava, depois de 80 anos, ser eleito senador?

Esperava. Ou não tinha feito campanha. Eu nunca perdi uma eleição.