Na manhã da última terça, o presidente da Alerj, André Ceciliano, teve que explicar se era verdade que o secretário Lucas Tristão possuía dossiês sobre os 70 parlamentares. Junto do líder do governo, Márcio Pacheco, Ceciliano afirmou que ouviu isso do próprio secretário.
Inconformado, o presidente da Alerj ameaçou mobilizar a PF, o MPE e o MPF para abertura de investigação. Mas antes, ele prometeu se aconselhar com os presidentes das comissões de Segurança e Fiscalização.
De noite, Witzel trouxe para si a missão de apaziguar os ânimos. Ele ligou para Ceciliano e conversaram longamente. O governador estava constrangido.
Witzel ouviu de Ceciliano uma sequência de lamentações. Foi ressaltada a boa relação institucional de ambos, assim como a difícil missão de equilibrar interesses que envolvam a Cedae.
O governador ameaçou falar, mas não foi possível: "exerço relação construtiva com o senhor e, por isso, não posso aceitar que alguém do governo ameace deputados", disse o petista. Ao término da conversa, Witzel desligou aparentando estar determinado a achar uma solução imediata. Na avaliação interna da Alerj, se o governador demorar, ele poderá sofrer desgaste nas próximas votações.
Encerrada a ligação, Ceciliano fez uma avaliação: "Se fosse Jorge Picciani ou Paulo Mello... teriam exigido a imediata demissão".
Sobre Tristão, o que se ouve da maioria dos deputados é que ele é uma "pessoa difícil". Frequentemente é acusado de "prepotência", "criador de atritos desnecessários" e posar como se fosse o "dono do mundo". "Ele pensa que elegeu sozinho o governador", disse uma cabeça coroada da política fluminense.
Procurado, o secretário Lucas Tristão preferiu o silêncio e a assessoria reenviou nota que o secretário afirma que "desconhece a existência de qualquer uma das práticas mencionadas pela Presidência da Alerj no requerimento de informações. O secretário mantém relações cordiais com a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, seus respectivos deputados".