Candidata pelo PSC à Prefeitura do Rio, Glória Heloiza é ex-juíza - Reprodução
Candidata pelo PSC à Prefeitura do Rio, Glória Heloiza é ex-juízaReprodução
Por Sidney Rezende
Em sua primeira entrevista exclusiva após pedir exoneração da Justiça, a agora ex-juíza Glória Heloiza começa a se preparar para o que chamou de "novo ciclo da sua vida". Ela recebeu na sua casa a equipe de O Dia para explicar como tem sido a transição da Justiça, onde atuou por 23 anos, para outra dimensão do poder: a política. O seu projeto atual é disputar a eleição à prefeitura do Rio de Janeiro. Ela admitiu que ainda não montou sua equipe de trabalho. A convite do governador, Glória Heloiza e Wilson Witzel terão um encontro onde ela acredita que a sua pré-candidatura ganhará contornos mais claros. Ela assinará a ficha de filiação do partido no próximo sábado (14) no encontro estadual da legenda.

Evangélica da Igreja Batista do Rio, na Barra (CBRio), Glória Heloiza acredita que sua vida tem um propósito a ser seguido: "Eu descobri, desde criança, que tinha uma missão aqui na Terra, missão de fazer justiça, e, por isso, me preparei para ser juíza, com olhar humanizado. Eu não preciso só da toga para fazer justiça, eu vou continuar fazendo justiça, mas uma justiça mais impactante, uma justiça social".

Como a ideia de entrar para a política entrou na sua vida?
A ideia de vir como parlamentar, independentemente do cargo de prefeita, surgiu em outubro do ano passado, quando fui convidada pelo DEM municipal para participar de um congresso sobre empoderamento feminino. No evento, após a minha fala, eu citei as mulheres que inspiraram minha vida, como a presidente do TRE, desembargadora Letícia Sardas, a primeira desembargadora negra, Ivone Caetano, e a minha mãe, Miriam Lima da Silva, costureira, dona de casa. Nós, mulheres, podemos ocupar o espaço que nós quisermos, pois temos as mesmas habilidades de qualquer ser humano. O Carlo Caiado, que estava presente, entusiasmado, disse: "vou te lançar a um cargo eletivo". Eu agradeci, mas disse que pertencia ao poder judiciário, e que isso seria impossível dada a minha condição de juíza. Mas me deu um estalo. E a coisa começou a amadurecer no meu coração. Mas nunca atravessei as minhas atividades daquela época com esta reflexão íntima.

A senhora já havia pensando que poderia entrar na política anteriormente?
Eu sempre pensei que eu poderia fazer justiça e que poderia impactar vidas, de uma forma mais ampla. Mas dentro da política, não! Eu tinha uma vontade muito grande de voos altos. Uma determinação, uma missão de mudar o quadro, mudar a nossa cidade.

E os meses se passaram...
Eu nunca sentei com o governador para tratar de política. Uma coisa é a Glória idealizar, pensar e decidir. Eu só poderia sentar com qualquer pessoa sobre política só depois que eu me decidisse. E a decisão só surgiu depois que eu refleti que eu posso fazer justiça criando as ferramentas necessárias para que o Rio se torne uma cidade melhor.

Como o PSC entrou na sua vida?
O partido e eu nos encontramos naturalmente. Após refletir muito, no início de fevereiro, eu decidi abrir um novo ciclo e fui apresentada ao PSC por amigos comuns. Temos afinidade ideológica. Quando decidi abrir um novo ciclo, eu pedi minha exoneração. Logo depois do Carnaval, eu examinei minha consciência e me perguntei: "o que eu quero da minha vida?". Para me tornar uma pessoa melhor, eu precisava transformar outras vidas. Eu decidi abrir mão da minha vitaliciedade, das garantias profissionais que eu conquistei em decorrência do cargo, e transformar vidas de uma forma mais ampla. E, não importa o resultado, eu vou por uma questão ideológica e de missão. Na Justiça, eu estava no limite das minhas expectativas dentro do poder judiciário. Glória sempre foi uma pessoa marcada pelo desempenho social. Uma juíza social.

Depois da sua decisão, já aconteceu algum encontro com o governador?
Com a direção do partido, sim, com o governador não. Neste Dia Internacional da Mulher, eu recebi uma mensagem do governador em que ele me mandou um vídeo e me convidou para que eu esteja com ele esta semana.

Ainda que não oficialmente, a senhora já é pré-candidata do partido?
Claro! Eu me considero pré-candidata do partido.

O economista Paulo Rabello de Castro nos disse que o governador lançou o nome dele como candidato do PSC. Como fica isso?
O governador nem poderia me lançar. Eu sequer sou filiada ao partido. (A filiação será sábado, dia 14). Enquanto juíza, eu tinha os meus vínculos com a instituição. Na verdade, o Paulo Rabello pode lançar o seu nome, e o partido faz a prévia e sua escolha.

A senhora já tem sua bandeira de campanha?
Tudo isso nós discutiremos. Mas defendo uma justiça social transformadora e um olhar voltado para as crianças, idosos e a família. O que nós precisamos é trabalhar na reconstrução do Rio para o carioca ter orgulho da sua cidade.

O prefeito Crivella é evangélico, assim como a senhora, e o mote da campanha dele era cuidar das pessoas. Qual a sua diferença em relação a ele?
Eu sou a primeira mulher candidata com olhar mais humanizado, mais pormenorizado, mais afetuoso. A mulher é mais detalhista. A minha linguagem é a do amor, da proteção enquanto mulher. O partido tem os quadros para me ajudar a recuperar o Rio. Como só saí da Justiça há uma semana, tudo está muito recente.

A senhora é evangélica. O debate religioso pode prevalecer nesta disputa?
Eu penso que política e religião são duas coisas diferentes. Um governante, um juiz... eles devem se dedicar para todos. A minha plataforma de governo será de respeito a todos, independentemente das crenças individuais. Um prefeito governa para todos.

A tendência desta eleição é ter muitos candidatos. A senhora tem acompanhado o movimento dos seus adversários?
Eu nunca farei uma menção de ataque, que é uma política ultrapassada. O protagonista é o eleitor.

Quais políticas voltadas para os jovens e idosos precisam ser revistas por um novo prefeito?
Precisamos priorizar a primeira infância como capital humano, porque ela representa o futuro. Hoje falta o básico: escola, professor na sala de aula, sala de recursos... falta tudo! E este problemas são diários. No Judiciário, eu vivi isso de perto todos os dias. É preciso motivar o professor. Falta educação, saúde. Mesmo que falte dinheiro, o mínimo precisa ser feito. Como prefeita, eu posso realizar esta prioridade para a criança e o idoso. A situação é dramática em todos os lugares. Nada funciona! Falta acessibilidade. Faltou o olhar de mulher. A família carioca precisa voltar a usar a camisa do Rio de Janeiro.

Como deve ser a sua relação com o governo estadual e federal?
Nós temos um governador que mora no Rio e um presidente que tem residência aqui, também. Ambos são "paulistas-cariocas". E eu sou carioca. Estamos em casa. Vamos sempre buscar relacionamento com todas as esferas de poder. Uma nação dividida não prospera. É importante um diálogo afinado com o governo do estado e com a União.

Como a senhora pretende enfrentar a grave situação financeira do Rio?
Eu sou mulher e sei administrar uma casa, sei como se administra com poucos recursos. Eu nasci numa família humilde e consegui superar a crise financeira e chegar onde cheguei.  
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