Eduardo Bandeira de Mello - Armando Paiva
Eduardo Bandeira de MelloArmando Paiva
Por Sidney Rezende
A Rede Sustentabilidade, que disputou a eleição presidencial de 2018 com Marina Silva, pretendia tê-la como estrela de uma grande festa de lançamento da chapa Eduardo Bandeira de Mello, para prefeito do Rio, e Andrea Gouvêa Vieira, para vice. Mas a chegada do coronavírus e o impedimento de aglomerações por parte das autoridades, obrigou a dupla a repensar toda a estratégia. O partido está motivado em ter o ex-presidente do Flamengo encabeçando a campanha. Bandeira de Mello é tido como um administrador competente. Tímido, mais para caladão, ele encontra em Andrea uma companheira falante, cheia de ideias e motivada a retornar para a política, onde pensou até em abandonar. Nesta entrevista, eles contam os seus planos para o Rio.
Ter a Rede na composição de chapa para a prefeitura do Rio é o sonho de muitos candidatos. Passa pela cabeça de vocês ser vice de alguém?

ANDREA: Mas parece que o sonho dos eleitores é ter o Bandeira na cabeça da chapa! (risos). Ficou muito claro na pesquisa que saiu em dezembro (Datafolha) o apelo do nome do Bandeira junto ao eleitor. Muito antes de sequer ele ter anunciado a intenção de se candidatar. E há um reconhecimento evidente na musculatura desta candidatura. Vários partidos tomaram a iniciativa de nos procurar. Podemos oferecer a vice. As conversas continuam.

BANDEIRA: É isso que Andrea falou, vamos apresentar uma alternativa à polarização no Rio de Janeiro e estamos abertos para alianças com partidos que se alinhem conosco em termos programáticos, princípios e valores, de todo modo, temos todas as condições de encabeçar a chapa.

Qual a proposta da candidatura?

BANDEIRA: Devolver à população o orgulho de ser carioca, com uma administração séria e responsável que ataque, de forma eficiente, as carências da população. O Rio, há quatro anos, era vendido irresponsavelmente como a melhor cidade do mundo. Recebeu investimentos como nunca, mas, evidentemente, não houve planejamento e execução responsável. Infelizmente, o Rio está vivendo um caos. Iremos governar com seriedade, serenidade e competência. Estamos trabalhando em nosso programa com um time muito competente, queremos colocar o Rio em outro patamar.

Eduardo Bandeira tem chances de vencer a eleição mesmo sabendo que a tragédia do Ninho do Urubu será lembrada pelos adversários?

BANDEIRA: Meu sentimento em relação ao ocorrido é de extrema tristeza pelo que aconteceu com aquelas crianças e de solidariedade total com os pais e familiares das vítimas. Evidentemente, existe uma responsabilidade institucional, pois a segurança deles estava entregue ao clube. Quem acompanhou a administração do Flamengo quando fui presidente, entre 2013 e 2018, sabe que houve grande progresso nas instalações dos meninos, que saíram de condições precárias e insalubres para um dos melhores e mais modernos centros de treinamento do mundo. Em dezembro de 2018, os dois CTs estavam prontos e em funcionamento.
Embora não tenha como agir, porque na época da tragédia não era mais presidente do clube, não concordo com a forma que as famílias estão sendo tratadas, é absurda.

Quais os adversários mais fortes e como vencê-los?

ANDREA: Dizem que quem tem máquina administrativa sempre é forte, não é mesmo? Veja que até mesmo o Crivella, provavelmente o mais impopular prefeito do Rio em todos os tempos, ainda é citado. E o Eduardo Paes, que aparece naturalmente por ter sido o prefeito anterior, tem um recall forte e é beneficiário da amnésia de muitos, que não se lembram dos negócios e obras mal feitas do seu governo. Ele é um ótimo comunicador. Deveria ter um programa de rádio... prefeito, jamais!
Mas para além de tudo isso, minha opinião é que, ao perceber que existe uma candidatura que oferece um nome limpo e capacidade técnica, o eleitor vai prestar atenção. Existe essa novidade, que não é oca: alguém tirou o maior clube do Brasil do buraco e o fez sem fanfarra, sem oba-oba, apanhando muitas vezes, mas mantendo-se firme no compromisso de levar o Flamengo a outro patamar. Isso é reconhecido por todos, na zona Sul, Oeste e Norte, flamenguistas e não flamenguistas.

Quais são as três medidas mais urgentes que o novo prefeito terá que tomar para mostrar a que veio?

BANDEIRA: A cidade do Rio precisa ser resgatada. Vamos endereçar a questão fiscal: no que diz respeito à despesa, eliminaremos desperdícios e privilégios; quanto à receita, aumentaremos o investimento à medida que a economia da cidade for dinamizada. Incentivaremos a economia local para geração de empregos. Paralelamente, há que melhorar muito a gestão dos setores sociais básicos como saúde, educação e transporte público. A prevenção de calamidades também precisa ser tratada com seriedade.

Gente experiente diz que esta eleição tem desfecho imprevisível. Qual a sua opinião?

ANDREA: Vivemos tempos imprevisíveis e os eleitores estão desesperados em busca de alternativas.
BANDEIRA: Vamos fazer a nossa parte, apresentar uma alternativa responsável e possível para que o desfecho da eleição seja positivo para a população.

Uma crítica que a Rede tem recebido é que não tem uma nominata de candidatos a vereador forte e que, mesmo num caso de vitória, seria muito difícil conseguir apoio na Câmara de Vereadores. O que pensam disso?

BANDEIRA: A nominata da Rede vai surpreender muita gente e temos confiança de que a composição da Câmara de Vereadores vai representar um salto de qualidade.
De qualquer maneira, estaremos preparados para governar a cidade em harmonia com os vereadores. Inspiramos confiança e temos as mãos limpas. Reconheceremos a representatividade da Câmara eleita, respeitaremos sua autonomia e vamos trabalhar para extrair o melhor resultado possível para os cariocas.