A política do Rio é complexa, qual a sua sugestão para sair da crise?
O Rio de Janeiro, assim como o Brasil, precisa de um projeto, que passa por restabelecer uma conexão entre artistas, intelectuais, acadêmicos e cientistas, com o povo carioca. Infelizmente, ao invés disso, não compreendem essa necessidade e se desorientam em uma agenda que os isola da psicologia da população.
Qual a sua avaliação das eleições deste ano para a prefeitura do Rio?
O momento não é de cálculos políticos, mas o povo do Rio de Janeiro conseguirá perceber a diferença entre discurso e prática. O prefeito do Rio está com uma postura errática e em conveniência com a irresponsabilidade do Bolsonaro. Isso pode custar muito caro ao povo carioca. Certamente, todos perceberão isso, e procurarão experiência, projeto, espírito público e amor ao próximo como características fundamentais de um próximo prefeito ou prefeita. Todos conhecem a deputada estadual delegada Martha Rocha, que conhece profundamente o Rio, tem projeto e um trabalho fundamental para este momento de crise. O PDT deve apresentá-la no momento oportuno ao povo do Rio de Janeiro.
Qual sua análise sobre o que acontece no Rio, as contradições, e o perigo para as comunidades?
Infelizmente, o coronavírus já está chegando nas comunidades, onde nosso povo é mais vulnerável, tem menos assistência de saúde e sofre mais pesadamente com o preço do desastre econômico produzido pelo governo Bolsonaro. Por essas pessoas que lutamos tanto para conseguir aprovar uma renda para trabalhadores informais e desempregados de R$ 600, por pessoa, podendo chegar a R$ 1,2 mil, por família, que garanta um mínimo de dignidade durante essa crise. O povo do Rio de Janeiro é sábio, guerreiro, e compreende a necessidade de ficar em casa e se isolar ao máximo, para tentar sofrer o mínimo possível com o vírus.
O senhor já pensou a possibilidade de ser candidato ao governo do estado do Rio?
Não. Estou absolutamente compenetrado em apresentar um projeto e ajudar o Brasil a superar sua mais grave crise política e econômica. Se voltar a ser candidato mais uma vez, será à presidência do Brasil.
Forças políticas conservadoras tentam desconstruir a ação dos governadores durante a pandemia. O que acha disso?
O papel dos governadores, de resistência à irresponsabilidade do Bolsonaro, tem sido fundamental para ajudarmos o povo a entender a gravidade do momento, mas também para pressionar o governo federal por mudanças. O momento não é de fazer cálculos políticos, mas de salvar vidas.
Qual tamanho do perigo que corremos ao enfrentar essa pandemia?
A atuação de Bolsonaro pode definir o que será a diferença entre dezenas de milhares de mortes por coronavírus, ou centenas de milhares de mortos, podendo chegar a um milhão de óbitos no Brasil. Esses números são estimativas do Imperial College, umas das instituições mais respeitadas do mundo. A partir dessa análise é que os governos do Reino Unido e dos Estados Unidos definem a forma de agir, por exemplo.
Já a atuação de Bolsonaro, fruto da ignorância, do despreparo e do desapego ao povo brasileiro, é um desastre. Por essa razão, o trabalho dos governadores, prefeitos e demais autoridades para proteger a população, tem sido fundamental, inclusive com desobediência civil a atos ou falas do presidente.
Para ajudar o Brasil, tenho apresentado propostas e lutado para forçar as autoridades a garantir que se realizem testes massivamente para o coronavírus - não só para os casos de internamento -, importar equipamentos de segurança para os profissionais de saúde, importar respiradores e instalar leitos de UTI que deem conta do número de infectados.
Para a área econômica, defendemos acelerar ao máximo a distribuição da renda mínima através de cartão de débito pela Caixa Econômica Federal e credenciar aquele comércio que só poderá vender se mantiver empregos e salários de seus funcionários.
O senhor assinou com outros líderes de oposição o pedido de renúncia do presidente. Qual o próximo capítulo?
Nós não temos tempo para o impeachment, uma vez que nesta hora crítica não podemos criar uma instabilidade política e fazer o país parar por pelo menos seis meses. Se ele tivesse ainda um resquício de dignidade, saberia que ele é um fator de insegurança e renunciaria. Mas como sabemos que não tem essa dignidade, vamos representar na hora própria no Tribunal Penal Internacional, em Haia, por crime contra a humanidade.