Vereador Dr. Carlos Eduardo (Podemos) - Divulgação
Vereador Dr. Carlos Eduardo (Podemos)Divulgação
Por Sidney Rezende
Vereador há quatro mandatos consecutivos, Carlos Eduardo (Podemos) foi decano da Comissão de Saúde da Câmara Municipal do Rio de Janeiro e ex-secretário municipal de Saúde da cidade. Ele acredita que o atual momento de pandemia mundial nos levará a um novo paradigma em relação ao aumento de investimentos em saúde e valorização do profissional, tanto no setor público quanto no privado. Nesta entrevista, ele trata do coronavírus. E, também, comenta sobre o impacto econômico da doença. Já sobre o melhor sistema a ser adotado neste momento, se o vertical ou horizontal, Carlos Eduardo não titubeou, e optou pelo segundo.

Qual o melhor remédio para combater a Covid-19?

Sidney, primeiro, a informação correta e o alinhamento completo ao que dizem os cientistas e a Organização Mundial da Saúde (OMS). A comunidade cientifica e médica tem se desdobrado dia e noite para combater a pandemia. Nossa esperança maior é o surgimento de uma vacina; estamos todos muito esperançosos que esta vacina, feita com vírus inativado, surja até o final desse ano. Enquanto isso, temos que evitar a disseminação do vírus com distanciamento social, pois já sabemos que nenhum sistema de saúde do mundo tem condições de suportar uma verticalização da curva de contágio.

Estamos à beira de um colapso no Rio, por causa da falta de leitos e respiradores, sem falar em EPIs (Equipamentos de Proteção Individual). Não estávamos preparados?

Como já disse, nenhum país do mundo estava preparado para enfrentar a Covid-19 se o fluxo de procura for maior que a capacidade de socorro. Esse colapso é sentido tanto na rede pública quanto na privada. No caso da saúde pública, a Prefeitura do Rio se antecipou em 2019 e, mesmo antes da pandemia, comprou novos tomógrafos e novos respiradores da China. Há uma tentativa de entrosamento entre prefeitura, governo do estado e União, no que diz respeito às vagas de leitos - incluindo a rede particular. Espero que dê certo. Novos hospitais de campanha estão sendo criados e o Legislativo carioca está sensível e fazendo a sua parte, aprovando leis e destinando recursos para o combate à pandemia. Uma delas, de minha autoria com co-autoria de mais de 44 vereadores, criou o Fundo Especial de Combate à Covid-19, sancionado pelo prefeito Marcelo Crivella.
A crise sanitária afundou a economia. Como manter o isolamento social sem agravar mais a situação de quem precisa trabalhar e de quem gera emprego?

Importante ressaltar que, como diz o juramento de Hipócrates (o pai da Medicina), é preciso ter respeito absoluto pela vida humana. E, nós, médicos, levamos esse juramento muito a sério. E vejo que economistas das mais variadas correntes, com a crise instalada, cobram mais ação do Estado. Um Estado forte, com economia pujante, será aquele que voltar a investir pesado em saúde e na criação de fundos sociais de assistência aos mais carentes, garantindo renda mínima aos informais, sem perder de vista o crescimento sustentável, com menos concentração de renda e maior e melhor oferta de serviços aos contribuintes que sustentam esse país. Enquanto isso, não há - na ausência de vacina - outra forma de impedir uma catástrofe maior com milhares de mortes diariamente no país, senão pelo distanciamento social. O prefeito Marcelo Crivella acertou mais uma vez, ao estender pelo mês de maio esse distanciamento. 
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O futuro presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que há um "risco real" de adiamento das eleições municipais de outubro por causa da Covid-19. Mas não defende o prolongamento dos mandatos até 2022. Qual a sua opinião?

É preciso ainda saber como se comportará a curva de contágio agora em maio e em junho. As previsões dos especialistas indicam que julho pode existir estabilização de casos, com volta à normalidade total em setembro. É cedo ainda. Vamos aguardar um pouco mais. Devemos ter prudência para não colocar em risco o auge da democracia, que são as eleições.