Desabamento de prédio em Rio das Pedras deixou pai e filha mortos sob os escombrosDaniel Castelo Branco

Por Nuno Vasconcellos
Mais uma vez, desabamento, mortes e tristeza na Zona Oeste do Rio. Um homem e sua filha de 2 anos foram vítimas fatais da tragédia que levanta sempre o debate sobre as construções irregulares na cidade. Como explica o conselheiro do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ), Pedro da Luz, "a região de Rio das Pedras possui em seu subsolo um dos piores tipos de solo para construção na cidade do Rio de Janeiro, a Argila Mole. É um tipo de solo que demanda um acompanhamento minucioso de geólogos e de profissionais de fundações, pois sofre recalques dinâmicos e inesperados", diz. O arquiteto José Canosa Miguez corrobora e explica: "terrenos arenosos ou pantanosos também são edificáveis; basta adotar as soluções técnicas adequadas, estabelecidas por projetos pertinentes e executados por profissionais habilitados e bem orientados. No caso, além de problemas de solo, podem ter ocorrido também erros durante a construção. A verificar na perícia".

PLANO DIRETOR DO RIO

A elite política do Rio não conseguiu até hoje aprovar um caminho urbanístico sustentável para as periferias. O projeto para o novo plano diretor da cidade, que é atualizado a cada dez anos e está previsto para 2021, tem sido discutido no momento na Câmara Municipal. "O Plano Diretor é fundamental, principalmente por ser uma legislação que pode articular outros planos. A gente tem aí o Plano de Enfrentamento aos Desastres e o Plano de Resiliência Urbana. Nós temos o Plano de Saneamento, que eventualmente deve compor uma política de drenagem de contenção de encostas e, claro, enfrentamento ao risco geotécnico, que na verdade é majoritário no Rio de Janeiro por conta da autoconstrução. As pessoas constroem suas casas sem assistência técnica", explica a vereadora Tainá de Paula (PT), que é arquiteta e urbanista. "O Plano Diretor é um instrumento importante mas não é suficiente para impedir tal situação. Essa se deve à ausência de controle urbanístico, que é uma atribuição municipal desde a Renascença. Os controles urbanísticos e de edificação passaram a ser escassos há décadas. Hoje, como sabemos, grande parte da cidade está sob domínio bandido", completa o arquiteto Sérgio Magalhães, ex-presidente do IAB Nacional. 
Reforço no combate a incêndios
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Com investimentos na ordem de R$ 12 milhões, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro vai reforçar sua frota com 80 viaturas, do tipo Pick-Up automáticas, com tração 4x4. Elas serão baseadas em quartéis de todo o estado e estarão à disposição das ações da operação Extinctus, de prevenção no combate aos incêndios florestais no território fluminense. 
Promessa cumprida
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O governador do Rio, Cláudio Castro, o presidente da Alerj, André Ceciliano, juntamente com o coordenador da região metropolitana, Hélder Pedro, inauguraram o programa Japeri Presente que contará com 50 policiais, 6 viaturas e 9 motos para reforçar o patrulhamento da cidade. 
Twittadas do Nuno
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Muito triste as mortes causadas pelo desabamento de um prédio em Rio das Pedras. Dois anos após o desabamento na Muzema vivemos isso. São tragédias anunciadas. Esta semana elogiei a demolição de moradias na região, dominada pela milícia. Ações desse tipo são emergenciais.
Década sombria do Brasil. Lamentável o Brasil ser retratado dessa forma para o mundo. Ruim para a imagem, péssimo para atrair investimentos, que tanto precisamos para uma retomada econômica.