Presidente da Comissão de Constituição e Justiça na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, o deputado estadual Rodrigo Amorim (União Brasil) é um dos pré-candidatos à Prefeitura do Rio nas próximas eleições. No entanto, caso não seja lançado candidato, Amorim já manifestou apoio a uma frente de direita conservadora contra a reeleição de Eduardo Paes. "Um projeto para a cidade não pode ser individual ou tão somente partidário, por isso sempre defendi uma frente de centro-direita, conservadora nos costumes e liberal na economia, contra a esquerda", disse.
SIDNEY: O senhor é pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro. Nos últimos meses, o senhor tem tratado de temas ligados à ordem pública: problemas de ocupação das ruas, camelôs, estacionamento irregular e população de rua. Como enfrentar estes problemas?
RODRIGO AMORIM: O primeiro passo é refundar a Guarda Municipal, devolvendo à instituição um protagonismo que a atual gestão nunca deu. A Guarda precisa ter status de secretaria, se desvincular da SEOP e agir em defesa do cidadão, nunca contra ele. O papel das guardas municipais na prevenção e enfrentamento do crime é fundamental. Atualmente a prefeitura usa a Guarda em blitzes irregulares e atiçando os agentes contra ambulantes. Outro ponto é aumentar o efetivo, convocando, por exemplo, os aprovados no concurso de 2012, que até hoje esperam. É preciso vontade política para assumir a Segurança Pública como prioridade.

Qual deve ser a participação do município na Segurança Pública?
O prefeito Eduardo Paes boicota a Segurança Pública da cidade. Sua frase recente "Não há o que fazer" virou a marca de sua relação com a Segurança Pública. Como eu já disse, a Guarda precisa ser protagonista, cumprindo seu papel constitucional que é ser uma força de Segurança Pública. Temos uma grande oportunidade na parceria com as forças estaduais, principalmente o Programa Segurança Presente, que o governador Cláudio Castro expandiu para várias áreas da cidade. O alinhamento e a integração com os demais entes é essencial. Em meu livro Restaurando a Ordem, lançado em 2020, eu proponho que sejam criadas áreas de "Tolerância Zero" pela prefeitura. Garantiríamos, por exemplo, ao turista, aos que vão trazer dinheiro para a cidade, as áreas de grande circulação de pessoas e comércio, que naquele perímetro não haverá assaltos. E a partir desses nichos de Segurança, gerar mais empregos e renda e começar a pensar a cidade de forma integrada.

Quais os acertos e os erros da administração Eduardo Paes na área da educação?
Acertos eu não vejo. Vejo apenas um secretário militante de esquerda, tentando lacrar para todos os lados, promovendo a sexualização de crianças com as performances bizarras como a do “Cavalo Taradão”. A educação da gestão Eduardo Paes não é emancipadora, voltada para uma futura profissionalização, e sim uma educação para a lacração. Não ouvimos falar de educação financeira, de formação em tecnologia, tampouco ao apreço em relação às disciplinas tradicionais, como português e matemática. Ouvimos falar apenas de alunos sentados em caixotes e suando em salas sem ar-condicionado. Além disso, faltam vagas em creches e mediadores para nossas crianças especiais. Portanto, não vejo nenhum acerto.
A campanha eleitoral para a prefeitura do Rio se dá no âmbito municipal ou nacional?
O Rio de Janeiro é a cidade mais importante do país, e uma das mais importantes do mundo, o que acontece aqui sempre determina o rumo do Brasil. É muito importante que o soldado do Lula (conforme o próprio prefeito disse naquela famosa conversa em que ele ataca Maricá) seja impedido de ganhar mais dois anos de mandato. Por que falo “dois anos”? Todo mundo sabe que o prefeito quer o governo do estado, portanto quem votar nele estará na verdade votando no vice. É importante interromper esse projeto egocêntrico e individual de poder do Eduardo Paes e ao mesmo tempo tirar um palanque importante para o Lula. A derrota da esquerda no Rio significa a implementação de um governo liberal na economia, com economia em ascensão e mais empregos, conservador nos costumes. Um governo que prestigia os cidadãos de bem e combate os criminosos. Por isso acredito que a campanha será nacional, e por isso é importante que tenhamos desapego e foco total no objetivo principal, que é impedir Eduardo Paes de vencer. Por fim, devemos lembrar que o Rio é conservador, aqui Jair Bolsonaro venceu todas as eleições que disputou.
Se o senhor for eleito prefeito, quais serão suas prioridades quanto à mobilidade urbana?
A prefeitura tem que investir cada vez mais em diminuir a necessidade do transporte individual, ou pelo menos encurtar o uso. Há iniciativas bem interessantes, como o “Park and Ride”, usado em Amsterdam, no qual o cidadão que precisa usar o carro para chegar a uma estação de transporte público tem um sistema em que há garagens gratuitas, algumas subterrâneas, integradas ao transporte. Isso já tiraria muitos carros de grande parte do espaço da cidade. Outra tendência que vem aparecendo em cidades pelo mundo é a integração entre ônibus e metrô, que vem perdendo terreno no Rio de Janeiro. Em Santiago, o pagamento é único, como o Bilhete único do Estado do Rio, e totalmente eletrônico. Também precisamos seguir o exemplo de Londres, que implantou os sinais de trânsito inteligentes, que analisam quando há necessidade de interromper o fluxo – em vez de simplesmente termos pardais que sustentam a indústria das multas, multando mesmo quando não há necessidade de parar ou reduzir a velocidade. E precisamos parar também de implantar obras sem planejamento, nitidamente eleitoreiras, que sacrificam a população. Uma obra feita de madrugada na Avenida Brasil não traria os transtornos que as atuais obras estão trazendo, fazendo o cidadão demorar três horas de Campo Grande ao Centro. Esse ano tem eleição e o prefeito precisa simular alguma realização. É como o BRT, um projeto mal executado, porque deveria ser sobre trilhos, que obrigou a ser refeito o que deveria ter sido concluído em 2016. E, claro, a famosa promessa feita em 2008 de implantar o ar-condicionado em todos os ônibus, promessa essa que já virou lenda. Essa iniciativa é algo que precisa ser feito pela próxima prefeitura em no máximo dois anos, e com vontade política é possível.
Qual a situação financeira do Rio de Janeiro? Quais devem ser as prioridades?
O Rio está com o maior endividamento de sua história. Os empréstimos feitos pela Prefeitura - supostamente para o BRT - são sucessivos. Em 2022, o ano se encerrou com um empréstimo de R$ 1,8 bilhão aprovado na Câmara, comprometendo o caixa por dez anos. No fim de 2021 já haviam sido contratados US$ 340 milhões (R$ 1,77 bilhão) junto ao Banco Mundial, em tese para investimento em projetos de infraestrutura. E vale lembrar que o município recebeu R$ 4 bilhões do governo do Estado, verba recebida em função da remodelagem da Cedae. No ano passado, foram mais R$ 700 milhões para supostas obras de mobilidade em Campo Grande. E tome endividamento. Tudo vai ficar para o sucessor. Um prefeito que queira salvar a cidade tem que promover um enxugamento radical na estrutura administrativa. Veja bem, Eduardo Paes criou a Secretaria Especial de Inclusão e Diversidade Religiosa. Já existiam a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPD), a Secretaria Especial de Cidadania (SECID), a Secretaria Especial de Ação Comunitária (SEAC-RIO) e a Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS). Ao mesmo tempo em que ele cria esses órgãos, você tem a Secretaria de Ordem Pública (SEOP) estabelecendo políticas “sociais” como 'disque-racismo' e “denuncie assédio no ônibus”. Ora, não há outras secretarias para isso? É impressionante a redundância no organograma da Prefeitura.
Na hora de escolher o seu candidato a prefeito no Rio, o ex-presidente Bolsonaro escolheu Alexandre Ramagem. Como o senhor analisa esta opção política?
O presidente Jair Bolsonaro é a maior liderança política do continente, e sem dúvida um dos fatores que o levaram a alcançar esse patamar é a sua coerência. E a escolha do deputado federal Alexandre Ramagem, uma das grandes lideranças do Partido Liberal, que é o partido do presidente, segue uma linha de coerência. O Rio precisa de um prefeito com foco na Segurança Pública, e o presidente Bolsonaro sabe disso. E eu não hesitarei em apoiá-lo numa frente de direita contra Eduardo Paes. Meu irmão, vereador Rogério Amorim, já deixou claro que é apoiador de primeira hora do deputado Ramagem, mesmo num cenário em que eu seja candidato. Como líder do PL, Rogério está corretíssimo. E um projeto para a cidade não pode ser individual ou tão somente partidário, por isso sempre defendi uma frente de centro-direita, conservadora nos costumes e liberal na economia, contra a esquerda.