Leonel Querino Neto, mais conhecido como Leonel de Esquerda (PT), é nascido e criado na Abolição, Zona Norte do Rio de Janeiro. Casado e pai de uma menina, Leonel é funcionário da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e presidiu o Sindicato dos Profissionais em Rádio e TV do Rio. Leonel foi eleito após forte atuação nas redes sociais onde ficou conhecido por ir a eventos da direita e perguntar os adversários sobre política. Eleito vereador com 13.325 votos, o botafoguense promete um mandato popular e combativo.
SIDNEY: Durante a campanha eleitoral, o senhor foi agredido. Políticos da direita dizem que isto ocorreu porque o senhor provoca os adversários. Como será sua postura diante dos debates na Câmara?
LEONEL DE ESQUERDA: Primeiro, não há provocação. As imagens são claras a respeito disso, todo enfrentamento que eu faço se dá no campo democrático. A própria agressão que eu sofri do Rodrigo Amorim (deputado estadual do União Brasil) é prova disso. Ao fazer perguntas como todo cidadão tem direito fui covardemente agredido. Minha postura será de enfrentar a extrema direita sem medo. Sei que estou visado e que eles esperam um vacilo para me derrubarem, mas não é da minha personalidade ter medo. Os debates serão feitos com muito respeito, mas sempre defendendo meus princípios e o que me trouxe até a Câmara.
O seu partido, PT, faz parte da base aliada do prefeito Eduardo Paes. O senhor afirmou que fará um mandato independente e combativo. Como vai conciliar essas duas situações?
Respeito a posição do meu partido. Mas sendo bem objetivo: não vou votar a favor de armar Guarda Municipal, de retirar direitos dos professores e nem pela privatização de parques. Sei que há projetos do prefeito Eduardo Paes que são interessantes, conversam com a minha base e terá o meu voto. Mas tem coisas que eu não negocio.
O senhor foi eleito após forte presença nas redes sociais. Como será a comunicação com o seu eleitorado?
Será como sempre foi. Sei que tenho uma forte presença nas mídias sociais e pretendo continuar usando  para dar voz aos meus projetos, além de fazer denúncias e fiscalizações. Repito: sempre de maneira democrática e com decoro. Entendo que a comunicação foi o que me ajudou a ser eleito e seguirei investindo nela.
O senhor é contra o uso de armas pela Guarda Municipal. Por quê?
A principal causa da violência desenfreada no Rio de Janeiro é a corrupção sistêmica. Não faz sentido desvirtuar o orçamento municipal, que deve ter outras prioridades, como educação de base, saúde preventiva e desenvolvimento urbano, para colocar mais uma força de segurança armada na rua sem antes resolver a cultura do “arrego”. Além disso, a GM já tem histórico violento. Basta ver o que faz contra os camelôs e outros trabalhadores ambulantes, sempre agindo com truculência. Imagina armar esses profissionais. A chance de vermos mortes de inocentes são grandes. Recentemente, num jogo do Botafogo, um torcedor, sem expressar qualquer desobediência, foi agredido na cabeça pela Guarda Municipal e quase morreu. Imagina se esse profissional estivesse com uma pistola. Em resumo, tem que valorizar os GMs para servirem bem ao povo carioca no que realmente é conveniente para esse serviço.
O senhor é um dos defensores da escala 6x1. Algumas pessoas alegam que vai diminuir a produtividade e prejudicar o comércio no fim de semana. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
É justamente com a redução da jornada de trabalho que vamos avançar em produtividade. Afinal, uma das principais causas de os trabalhadores não avançarem em capacitação é a falta de tempo para estudar. O fim da escala 6x1 significará que o empregador possa ter que gastar mais com força de trabalho? Provavelmente, sim. E isso é ótimo, pois vai gerar emprego, consequentemente, vai aumentar o consumo. O empresário vende mais e a produção aumenta, ou seja, um ciclo virtuoso.
Durante a campanha, o senhor afirmou que é preciso "guerrear" para ter justiça social para os moradores das favelas. Quais são seus projetos para as comunidades do Rio?
Minha meta é lutar até que o filho da classe média dispute vaga em escolas no alto do morro, pois lá estarão as melhores escolas da cidade. Quero subverter a lógica onde as pessoas, para subir na vida, busquem sair da favela. Para isso, vou disputar orçamento municipal em prol de obras de desenvolvimento do espaço comunitário que hoje está precarizado. Outro ponto é garantir que os talentos que moram dentro das favelas sejam vistos. Quero que a cultura seja permanente nas comunidades e farei de tudo para que isso ocorra. E, por fim, precisamos investir em qualidade de vida para quem vive lá. É comum ver moradores passando dias sem água e luz. Prometo ser uma voz para que esses absurdos acabem.