Felipe Pires tem 35 anos e é formado em Direito. Natural da Vila Aliança, em Bangu, Zona Oeste do Rio de Janeiro, ocupou cargos no Instituto Estadual do Ambiente (INEA), na Companhia de Desenvolvimento de Maricá (CODEMAR) e na Prefeitura do Rio, onde integrou a assessoria especial do gabinete do prefeito Eduardo Paes (PSD) até abril de 2024. Em outubro do mesmo ano, foi eleito vereador pelo PT com mais de 15 mil votos. Novato na Câmara Municipal, foi eleito para a Comissão de Assistência Social e o Conselho de Ética da Casa.
SIDNEY: Uma das suas bandeiras é a defesa do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Em que consiste o programa?
FELIPE PIRES: O Sistema Único de Assistência Social é a porta de entrada para as políticas públicas de assistência social no Brasil, responsável por garantir proteção e amparo às pessoas em situação de vulnerabilidade. Minha defesa do SUAS é para além de um compromisso com a dignidade e o direito de cada cidadão a uma vida melhor, é para com os profissionais da assistência social, que também merecem atenção e mais valorização. Uma prova dessa falta de valorização é a diferença dos salários entre os profissionais da assistência com os do SUS. Minha luta é para essa equiparação, definir pisos salariais que inexistem e garantir condições de trabalho dignas e adequadas para quem atua no SUAS, pois acredito que um município forte é aquele que protege sua população e cuida de quem cuida.
O senhor foi eleito para a Comissão de Assistência Social da Câmara. Quais são os projetos da Comissão?
Nosso trabalho na Comissão é acompanhar e fiscalizar as ações da assistência social em nosso município, garantindo que as políticas públicas sejam efetivas e cheguem a quem mais precisa. Lutamos por mais investimentos na área, melhores condições de trabalho para os profissionais e o fortalecimento da rede socioassistencial. Um dos exemplos dessa atuação é a defesa do vale-refeição para os educadores sociais, profissionais essenciais para a Assistência. Além disso, estamos avançando na estruturação de um sistema de dados mais eficiente, que permita um diagnóstico preciso das demandas e desafios do setor, possibilitando políticas públicas mais assertivas.
Como é ser líder do PT na Câmara Municipal com o partido tendo apenas 10% dos vereadores?
O PT cresceu significativamente nesta legislatura, passando de três para cinco vereadores, consolidando-se como a terceira maior bancada da Câmara. Esse avanço demonstra a confiança da população em nosso projeto político e o fortalecimento do partido no município. O PSOL, por exemplo, com quem compartilhamos muitas pautas e lutas, teve um papel importante na última legislatura, mas nesta eleição o PT se destacou como a principal força de esquerda escolhida pelo povo. Seguimos comprometidos em construir pontes e fortalecer a unidade entre os partidos progressistas para garantir políticas públicas que beneficiem a população.
Quais os seus projetos para melhorar a mobilidade urbana na cidade?
Um dos principais meios de transporte do Rio de Janeiro está sucateado: os trens. E isso afeta principalmente quem mora na Zona Oeste e enfrenta longas viagens diárias. Embora a Supervia não seja de competência municipal, os trens são essenciais para os cariocas, e por isso cobramos mais vagões em circulação, modernização das estações e fiscalização da concessão. Outro grande desafio é a integração das linhas alimentadoras com os terminais de transporte, garantindo conexões rápidas. A Prefeitura tem avançado, mas ainda há muito a ser feito. Seguiremos lutando para que a população não seja penalizada pela falta de infraestrutura e planejamento.
Como é o projeto ComUnidade? Quantos jovens já foram capacitados? Qual é a previsão de capacitação para os próximos anos?
Apoio o projeto ComUnidade desde o início, junto com amigos que fiz na Vila Aliança. Essa iniciativa faz parte de um dos projetos sociais da ONG CRER. Desde 2021, já foram capacitados 3.869 jovens e adultos, tendo oportunidades de qualificação profissional com cursos como refrigeração e manutenção de ar-condicionado, drywall, barbeiro, manutenção de celular, entre outros. Em 2025, a meta é formar 10 mil alunos, incluindo auxiliar de creche. Acredito neste projeto e quero levar para ainda mais comunidades, ampliando o acesso à capacitação profissional e ao mercado de trabalho.
A educação em tempo integral é um caminho para os alunos de baixa renda?
Sem dúvida! Como defendia Darcy Ribeiro, a escola deve ser um pilar de transformação social, oferecendo aprendizado, proteção e desenvolvimento integral. No governo Brizola (1983-1987), Darcy implantou os CIEPs, um modelo inovador de ensino em tempo integral, o qual admiro muito e que combinava educação, assistência como visitas de médicos e dentistas periodicamente e atividades culturais - uma estrutura fundamental para reduzir desigualdades. Além de ampliar o aprendizado e garantir a segurança alimentar, a escola em tempo integral protege os alunos da vulnerabilidade social e permite que as mães trabalhem e estudem com mais tranquilidade sabendo que seus filhos estão seguros. Investir neste modelo é garantir um futuro mais justo e promissor para a cidade.
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