Fernando Haddad e Jair Bolsonaro - Mauro Pimentel e Nelson Almeida / AFP
Fernando Haddad e Jair BolsonaroMauro Pimentel e Nelson Almeida / AFP
Por ADRIANA CRUZ

Rio - A sombra da violência é uma preocupação nas eleições. Nos bastidores, autoridades da área de Segurança avaliam a possibilidade de confronto entre correlegionários de Jair Bolsonaro, do PSL, e Fernando Haddad, do PT, que despontam como líderes de pesquisas de opinião rumo ao Palácio do Planalto. No Estado do Rio, segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), são 12,4 milhões de eleitores para 4.896 locais de votação. O policiamento deverá ser reforçado na orla carioca e locais com maior concentração de eleitores. No Rio, o maior eleitorado de 13.181 votantes está na 229ª Zona Eleitoral, no Centro de Convenções Sulamérica, no Estácio. A estimativa é a de que 35 mil PMs serão empregados no estado. No Rio, o efetivo da Guarda Municipal será de 458 agentes, onde 268 homens atuarão em ações de ordenamento e de fiscalização do trânsito.

"Desde de 1930, o elemento violência não acontece. A radicalização do discurso alimenta o ódio. A Ordem (dos Advogados do Brasil OAB) já conversou com as autoridades de Segurança e do Judiciário que estão atentos a essa questão. A OAB será fiadora de quem ganhar", afirmou o presidente da Ordem, Seccional do Rio de Janeiro (OAB-RJ), Felipe Santa Cruz.

O cientista político Sérgio Praça, professor da Escola de Ciências Socais da Fundação Getúlio Vargas, explica como se desenvolveu a retórica do ódio na campanha eleitoral. "Desde o início, o discurso bélico de Bolsonaro incentiva seus correligionários à violência", afirmou Praça. Ele lembrou que candidato à presidência pelo PSL foi vítima de atentado, quando levou facada durante campanha em Juiz de Fora (MG), no dia 6 de setembro. "Foi um ato horroroso, individual, reprovável. Mas seus eleitores viram seu candidato esfaqueado", analisou. Praça disse acreditar que falta diálogo entre os concorrentes. "A estratégia do PT até o fim da eleição é sectária. Candidatos com discursos mais moderados, como a Marina Silva, definharam", analisou.

Nos bastidores da Segurança, comandantes de batalhão ouvidos pelo DIA garantem que não receberam orientações específicas sobre como agir em uma guerra urbana provocada pelo ódio durante a votação, mas que o recado para a tropa é o bom-senso. A Secretaria de Segurança Pública e TRE não se pronunciaram. Na quarta-feira, em ato pró-Bolsonaro, testemunhas contam que foi só um senhor gritar "Ele não" para ocorrer intimidações e tiros na Praça São Salvador, Laranjeiras, reduto de esquerda.

Na segunda-feira, a Escola de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas, dia seguinte ao primeiro turno, promoverá encontro para debater a resposta das urnas. Os cientistas políticos Jairo Nicolau, da UFRJ, Octavio Amorim Neto, da FGV e Sérgio Praça vão debater sobre o desempenho dos candidatos à presidência, resultado da votação, composição e o novo perfil do Congresso.

 

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