Albertasi, Paulo Melo e Picciani  - Reprodução
Albertasi, Paulo Melo e Picciani Reprodução
Por ADRIANA CRUZ

Rio - Penas mais altas, perda dos cargos e devolução de R$ 274 milhões aos cofres públicos (o valor é o dobro do que eles teriam angariado com a corrupção). Estes são os pedidos do Ministério Público Federal (MPF) enviados à Justiça contra os deputados Paulo Melo, Jorge Picciani e Edson Albertassi, todos da cúpula do MDB da Alerj. Picciani conseguiu a prisão domiciliar, os outros estão presos no Presídio Pedrolino Werling de Oliveira, Bangu 8, no Complexo de Gericinó.

Para os procuradores, que atuam na Operação Cadeia Velha, há provas de um mega esquema de corrupção com a construtora Odebrecht e com a Fetransport, com o apoio do ex-governador Sérgio Cabral, já condenado a mais de 183 anos de prisão. "Os deputados traíram o povo. Não são criminosos comuns. Foram eleitos e se favoreceram de décadas de corrupção", analisou o procurador regional Carlos Aguiar. Picciani, Melo e Albertassi são acusados corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. As penas variam de dois a 12 anos.

Pelas contas do MPF, entre 2010 e 2017, Picciani cometeu 48 crimes de corrupção para favorecer a Fetranspor e recebeu R$ 68,5 milhões. Já Melo, R$ 55,7 milhões e Albertassi, R$ 1,7 milhão. Os procuradores sustentam que os acusados blindavam os interesses das empresas e agiam por ganância.

Os procuradores também revelaram participação do governador Luiz Fernando Pezão para garantir que Albertassi fosse eleito pelos deputados como conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Pezão exonerou Leonardo Spíndola, então procurador-geral do Estado, por ter se recusado a fazer um parecer defendendo à nomeação de Albertassi para a Corte. As negociações entre a Casa e Pezão foram flagradas em gravações telefônicas autorizadas pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região. A expectativa é de que os deputados sejam julgados ainda este ano.

No conjunto de provas do MPF há comprovantes de depósitos bancários e e-mails. Extratos bancários e depoimentos prestados no Tribunal e no MPF confirmaram que, em 2010, houve pagamentos para operadores em nome de Picciani, por meio de contas nas Ilhas Virgens e no Panamá, a pretexto de doações eleitorais não oficiais. À época ele presidia o PMDB e se candidatou ao Senado naquele ano.

Em nota, a assessoria de Albertassi foi taxativa: "As alegações finais do MPF desconsideram todas as provas colhidas, interpretam os fatos e insistem cegamente na condenação de um inocente". Não foram localizados representantes de Melo e Picciani.

 

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