
Rio - Dois defensores públicos estão debruçados sobre as cinco mil páginas do inquérito encaminhado à Justiça sobre as mortes da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, em 14 de março do ano passado. Eles vão integrar a 'tropa' de acusação no 4º Tribunal do Júri que conta ainda com promotores do Ministério Público e agentes da Delegacia de Homicídios. O PM reformado Ronnie Lessa, apontado como atirador, e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, seria motorista da emboscada.
"Destacamos dois defensores públicos que estão exclusivamente debruçados sobre o inquérito porque é muito complexo. Há várias técnicas inovadoras de investigação, então reforçamos o Núcleo de Direitos Humanos para fazer o papel de assistente de acusação", explicou Rodrigo Pacheco, defensor público-geral. O trabalho também terá a participação do Núcleo contra a Desigualdade Racial.
Pacheco rechaça a hipótese do órgão ter mudado o perfil de defensor para acusador. "O Núcleo de Direitos Humanos vem fazendo este trabalho de assister às vítimas há quatro anos", justificou. A Defensoria vai representar ainda os interesses da família de Marielle e Anderson.
"Há uma relação de confiança das famílias com a Defensoria. Passaremos as informações sobre o caso e também buscaremos a reparação material. Vamos atuar de forma ampla, tendo em vista que o caso significa um atentado à Democracia e aos Direitos humanos. A Marielle tinha uma atuação grande junto à Defensoria. Ela encaminhava familiares de vítimas de vioência e parentes de policiais militares vítimas em operações, além de trabalhar em conjunto com o Núcleo de Defesar da Mulher, na questão da diversidade sexual".