Chay Suede está em 'Segundo Sol' - Jorge Bispo/Divulgação
Chay Suede está em 'Segundo Sol'Jorge Bispo/Divulgação
Por O Dia

Chay Sued será um garoto de programa em "Segundo Sol", nova novela das nove da Globo. A trama, que nem estreou, já começa com a polêmica de ser ambientada na Bahia e ter poucos atores negros no elenco. Chay não fugiu da polêmica: "A questão está posta como nunca antes e sei que muitos já estão correndo para ajustar e uma multidão inteira está se mobilizando para isso que não se repita. Torço para que 'Segundo Sol' marque também o início de um segundo momento neste sentido".

Na entrevista a seguir, Chay fala de casamento, a época de "Rebelde" e sua nova forma física.

Defina-se, mas por favor não cite informações que estejam na Wikipédia.

Roobertchay Domingues da Rocha Filho. O resto é consequência.

Você é um ator em ascensão, mas as pessoas dizem que você tem um comportamento arredio e não gosta de ser tratado como uma estrela. Procede?

Muitas vezes as pessoas criam expectativas em relação a um artista, como deve se comportar, o que deve dizer e, no fim, artistas são pessoas e meu trabalho é uma profissão. Acordo todos os dias para trabalhar, me exercitar, estudar e voltar para casa para dormir. Tenho ao meu redor amigos e família muito afetuosos, e colegas de trabalho com quem divido cena, aprendo e vivo momentos inesquecíveis.

Vejo vez ou outra notas falando de que sou arredio e, sinceramente, isso não condiz com minha realidade. Insistem em tentar colar em mim uma imagem de rebelde sem causa, que está tão longe do que sou, do que valorizo, que não consigo nem levar a sério. Mas a história mostra que uma mentira contada diversas vezes pode tornar-se verdade. A fake news (notícias falsas) é um triste problema de nosso tempo... Imagine que já publicaram até que eu puxei uma faca para um diretor! É um absurdo sem tamanho. É revoltante ter que lidar com esse tipo de mentira e se sentir de alguma maneira obrigado a desmentir algo literalmente inventado.

O programa "Fofocalizando" disse que o seu papel em "Segundo Sol" não era o previsto inicialmente para dar uma "baixada de bola" no seu ego. O que isso tem de verdade?

Fui convidado para essa novela pessoalmente por João Emanuel Carneiro (autor) já faz quase um ano. Desde sempre o convite foi para esse personagem que, depois de tantos mocinhos de novela, era tudo o que eu mais desejava fazer. Ícaro, assim como outros personagens da trama, é controverso, e suas contraditórias qualidades emocionais me inspiraram profundamente desde o primeiro momento.

Recebi o convite com muita alegria. Me senti realmente privilegiado em ter sido convidado pelo autor e ter tido toda a liberdade, apoio e carinho da direção para desenvolver o personagem.

Você está mais forte fisicamente. Tomou bomba? Provavelmente você vai dizer que não... mas se tivesse tomado, falaria?

Cara... bomba, anabolizantes... são coisas muito sérias, que trazem riscos incalculáveis a quem usa. Todos sabemos disso. Eu comecei a treinar com frequência e cuidar da minha alimentação antes de "Novo Mundo". Joaquim era um personagem que precisava de muito vigor físico. Cada dia de gravação era uma aventura. De lá para cá, nunca parei. Treino levantamento de peso olímpico quase todos os dias, cuido da alimentação e tenho 25 anos. Não há a menor necessidade de qualquer tipo de atalho.

Você vai se casar? Como vai ser?

Sim. Eu e Laura (Neiva, atriz) vamos nos casar em dezembro. Será uma cerimônia super pequena, somente para amigos e família. Provavelmente vamos fazer aqui no Rio. Tudo muito simples.

Quem são seus amigos?

Tenho amigos de uma vida inteira, amigos de infância, amigos da família, saio de cada trabalho com novos amigos que permanecem comigo. Acho que não é o caso de citar nomes para não cometer qualquer injustiça. Confio em quem confia em mim.

A TV te trouxe fama e (talvez) dinheiro. Por que tantos filmes esse ano? Traz prestígio?

A TV me trouxe, acima de tudo, um ofício, que é o de ator. Cinema é uma outra forma de exercitar isso. São cinco filmes, de parcerias que foram surgindo. Primeiro o filme 'Minha Fama de Mau', que fala sobre um período da vida do Erasmo Carlos e da Jovem Guarda. Este eu rodei há três anos. Na sequencia, há um personagem muito interessante no filme 'O Banquete', da Daniela Thomas. O longa foi rodado de um jeito muito específico e tive o privilégio de trabalhar com uma diretora como Daniela. 'O Homem que Copiava' talvez tenha sido o filme que vi mais vezes na vida! Quando recebi o convite de Jorge Furtado pra fazer 'Rasga Coração', texto emblemático do Vianinha, me senti literalmente realizando um sonho. Tem o filme do Felipe Barbosa, 'Domingo', que se passa no dia da posse do presidente Lula, em 2003. Faço um professor de tênis de esquerda que dá aulas numa casa de ricos decadentes, numa charqueada em Pelotas. Mais recentemente fiz junto com a Ingrid Guimarães um filme independente interessantíssimo do Bruno Safadi, o 'Sofá', rodado aqui no Rio. O filme levanta questões seríssimas sobre a propriedade e tem como vilão um fictício prefeito do Rio. Esses quatro últimos filmes estão completamente imersos em contextos políticos extremamente atuais. Fiz isso no intervalo entre as três novelas que fiz nos últimos três anos.

Sou muito inquieto, adoro trabalhar e amo o que faço. Não faço nada por fama e a estabilidade que busquei foi principalmente para não precisar fazer mais nada apenas por dinheiro.

Você não é baiano, mas há uma ligação muito forte entre você e a Bahia. Disserte!

Quando um dia está muito bom e aparentemente não tem como melhorar, costumo pensar: imagina na Bahia. É algo que realmente não sei explicar. Amo a Bahia! Me sinto em casa e sempre foi assim, desde a primeira vez que pisei em Salvador. Comemorei genuinamente, o convite para interpretar um baiano em "Segundo Sol".

Lembrar que você foi um "Rebelde" te incomoda?

Tenho muito orgulho da minha trajetória! O tempo em que trabalhei em "Rebelde" foi um período super importante para minha vida. Primeiro, por ter sido minha primeira experiência na vida como ator, mas acima de tudo porque trouxe para mim e para minha família uma estabilidade financeira que não tínhamos.

"Rebelde" foi um trabalho e uma fase importante demais. Lembrar dela me traz uma série de sentimentos e incômodo não é um deles.

Você foi muito explorado quando fazia parte do "Rebelde"?

Não acho que tenha sido explorado. Detesto a possibilidade de me fazer de vítima. Mas todos eramos muito jovens. No meu caso, um adolescente! Sabíamos que a rotina de trabalho seria algo fora dos padrões e realmente foi, mas topamos isso e fizemos com muito amor.

João Emanuel Carneiro é um escritor difícil e criterioso. Você acha que a sua vida vai mudar radicalmente depois de 'Segundo Sol'?

João Emanuel tem um texto maravilhoso! Um dos melhores textos com os quais já me deparei na televisão. Ele também foi muito afetuoso comigo, me deu liberdade para interagir com o texto dele e para propor. Tenho grandes expectativas em relação a Ícaro. Sobre mudança radical na minha vida, não busco isso, estou muito feliz com tudo como tem sido. Minha jornada até aqui foi uma sucessão de bençãos e alegrias. Tudo vem por um motivo, e me traz um grande aprendizado, desde 'Ídolos' até o Comendador, mais recentemente Joaquim e agora Ícaro.

Você será um garoto se programa. Fale sobre o que você imaginava e as suas experiências fazendo laboratório?

Acho que antes de qualquer coisa, o personagem é um cara, baiano, criado pela tia, afastado da mãe de forma traumática, com uma história que começa muito antes de ele achar que poderia ganhar dinheiro com o próprio corpo. Não é isso que o define. As questões que o levam até essa situação foram na verdade meu maior objeto de estudo, mais do que a prostituição como ação isolada, todo o resto.

No que 'Segundo Sol' vai arrebatar o público?

'Segundo Sol' combina duas qualidades que nem sempre andam juntas, mas quando se misturam de forma homogênea, tornam-se irresistíveis: densidade e humor.

Qual é o ponto fraco de 'Segundo Sol'?

A novela nem estreou, não dá para cravar isso agora, nem costumo ver as coisas por esse ângulo. Mas não dá para tapar o sol com a peneira em relação à representatividade racial. A questão está posta como nunca antes e sei que muitos já estão correndo para ajustar e uma multidão inteira está se mobilizando para isso que não se repita. Torço para que 'Segundo Sol' marque também o início de um segundo momento neste sentido.

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